Duas experiências de inserção no processo de iniciação científica de crianças e adolescentes realizadas na UFPA dividem o mesmo estande na Tenda SBPC Jovem, o Clube de Ciências e o Clube de Astronomia. O primeiro, pertencente ao Instituto de Educação Matemática e Científica (IEMCI), consolidou-se como um dos mais longevos projetos de extensão da Universidade, tendo alcançado 45 anos de existência. O segundo, pertencente à Faculdade de Ciências Naturais (Facin/Icen), é um dos mais novos, foi fundado em outubro do ano passado.
Criado pelos professores da UFPA Terezinha e Tadeu Oliver Gonçalves, em 1979, o Clube de Ciências atua na formação de estudantes dos níveis fundamental e médio, promovendo o desenvolvimento de pesquisas e ações práticas de cunho científico, geralmente não contempladas no ensino regular.
Ao mesmo tempo em que forma esses “sócios-mirins”, o Clube de Ciências também trabalha na formação de estudantes de cursos de licenciaturas da UFPA que atuam como professores estagiários. Além de responsáveis pela orientação dos sócios-mirins, eles podem desenvolver habilidades docentes e práticas de ensino inovadoras por meio de demonstrações, experiências e investigações. A maioria dos sócios-mirins é formada por estudantes de escolas públicas dos bairros vizinhos ao Campus Guamá, mas o Clube está aberto a qualquer estudante interessado em trilhar desde cedo os caminhos do saber científico.
Este, por exemplo, é o caso da estudante Ana Clara Monteiro. Autista, ela tinha dificuldade com leitura de textos. Os colegas da escola achavam que ela tinha problemas de cognição. Ana Clara disse que se sentia mal com o preconceito. Ao entrar no Clube de Ciências, sentiu-se acolhida e estimulada a desenvolver todo o seu potencial criativo.
Com ajuda do professor estagiário Wellington Castro, ela pôde desenvolver o processo pedagógico da leitura, passou a pensar em ideias próprias e trabalhar em equipe. Ana Clara está vencendo os preconceitos. Nesta 79ª Reunião Anual da SBPC, ela está expondo os resultados da pesquisa “A influência das telas na formação e comportamento das crianças”, desenvolvida em equipe. Recentemente, foi aprovada no processo seletivo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA).
Astronomia – No mesmo estande, o público da Tenda SBPC Jovem tem acesso a várias informações científicas relativas a fenômenos solares, constelações, eclipses, formas seguras de observar o Sol. Este é parte do conteúdo que o Clube de Astronomia, da Faculdade de Ciências Naturais, levou à Reunião da SBPC, apresentado por uma equipe formada pelos universitários Marília Dias, Wescley Vale, Nadjanara Silva, Kauã Avelar e David Cristiano.
Segundo Franciney Palheta, diretor da faculdade, o Clube de Astronomia surgiu por conta do eclipse solar que aconteceu no dia 14 de outubro do ano passado. No Pará, o único lugar possível de observação total era São Félix do Xingu. Então, Palheta e um grupo de estudantes viajaram por uma longa estrada de mais de 1000km e, então, puderam, além de fazer a observação, levar conhecimento sobre astronomia aos estudantes do município. “Realizamos ações nas escolas de São Félix, inclusive de formação de professores. No dia do eclipse, disponibilizamos equipamentos para explicar e observar com segurança o fenômeno”, contou.
O Clube de Astronomia preparou, para o segundo semestre deste ano, uma programação chamada de Tenda da Astronomia, que consiste em levar equipamentos e informações a 14 escolas públicas de Belém. A ação envolverá vinte alunos de Graduação de Ciências Naturais. Vida longa ao Clube de Astronomia da UFPA!
A 76ª Reunião Anual da SBPC acontece até o dia 13 de julho, no Campus Guamá da UFPA, em Belém. O evento é gratuito, das 9h às 19h.