De 22 a 24 de maio deste ano, ocorreram o IX Colóquio Mesorregional de Governança e Desenvolvimento na UFPA e o III Colóquio Mesorregional de Governança da Região Metropolitana de Belém, Pará, no auditório do Instituto de Ciências Biológicas da UFPA. Os eventos tiveram como objetivo promover e fortalecer o diálogo entre a UFPA e as organizações governamentais, da sociedade civil e do setor empresarial da mesorregião da Região Metropolitana de Belém (RMB).
A iniciativa visa articular diferentes saberes da universidade, de movimentos sociais e de entes públicos e privados que subsidiem os gestores públicos e os atores sociais a enfrentar problemas sociais de grande complexidade debatidos durante os eventos. Os eventos foram organizados pela Pró-Reitoria de Extensão da UFPA, por meio da Diretoria de Relações Interinstitucionais e Sociais, em parceria com os Campi Universitários de Ananindeua e Castanhal e com o Instituto de Medicina Veterinária, unidades da universidade sediadas nos municípios da RMB.
Na abertura, estiveram presentes o reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho; o vice-reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva; o prefeito municipal de Belém, Edmilson Rodrigues; o pró-reitor de Extensão da UFPA, Nelson Souza Junior; o coordenador do Fórum de Dirigentes de Unidades Acadêmicas da Capital, Marcos Monteiro Diniz; e a coordenadora do Fórum de Coordenadores e Coordenadoras dos Campi da UFPA, Rosa Helena Sousa de Oliveira. Dirigentes da Administração Superior e das unidades acadêmicas, docentes, estudantes e técnicos da Universidade, além de representantes do poder público, de movimentos sociais e de organizações da sociedade civil também participaram dos eventos.
Mesa de abertura – Na abertura do evento, o pró-reitor Nelson Souza explicou que a proposta dos colóquios, que já ocorreram no nordeste paraense e no Baixo Tocantins, é “conseguir, junto com setores sociais, gerar uma agenda contemporânea de problemas mais extremos e radicais que nos atravessam. Vários desses problemas não podem ser administrados apenas por uma via ou um viés. Pesquisadores, representantes de governos, organizações sociais discutem em busca de alternativas e proposições para melhorar as políticas públicas para as mesorregiões. É um espaço estratégico de interlocução da Universidade com vários setores sociais”.
Edmilson Rodrigues, prefeito municipal de Belém, agradeceu a oportunidade de participar de eventos da natureza dos colóquios, aberto ao diálogo, à troca e ao embate de ideias. “A Universidade Federal do Pará está de parabéns por enfrentar debates para além do escopo científico, na busca de soluções para problemas estruturais de um território diverso, com dinâmicas complexas”, declarou.
Já o vice-reitor Gilmar Pereira da Silva elogiou a leitura de extensão para além da extensão, que orienta atividades como os colóquios. “Temos criado outra perspectiva de universidade. É uma alegria e um orgulho da nossa universidade conseguir implementar essa metodologia social para além dos muros da academia, que nos ajuda a responder à pergunta: ‘Para que serve a universidade?’ Serve para formar acadêmicos, mas também discutir e propor soluções para problemas sociais. A gente não se acomoda e chama todo mundo para pensar o desenvolvimento da universidade, das nossas cidades e do nosso país”, ressaltou Gilmar Silva.
O reitor Emmanuel Zagury Tourinho refletiu que a UFPA tem amplo reconhecimento por parte da população, pois sempre esteve e está cada vez mais interagindo com setores sociais. “Não há governo, movimento social, organização não governamental que não usufrua do trabalho desenvolvido pela UFPA. Temos ações até em municípios onde não temos campi”, pontuou.
Para o reitor, a confiança da sociedade na qualidade do trabalho desenvolvido pela universidade gera, inclusive, demandas que fogem do escopo de atuação de uma universidade pública. “Muitas vezes, a universidade pública é demandada para atuar em áreas que são de competência de outros entes públicos”. Nessas circunstâncias, colaboramos com todos os setores que estejam efetivamente empenhados em atender à população”.
Painel e mesas temáticas – Na sequência da mesa de abertura, ocorreu o painel “Gestão democrática compartilhada frente aos eventos extremos na Região Metropolitana de Belém, Pará”, com a participação do prefeito Edmilson Rodrigues e a mediação do pró-reitor Nelson Souza Junior. Em sua fala, o prefeito compartilhou os desafios centrais para a gestão municipal no contexto de uma região metropolitana com a de Belém, que passam pelo transporte público e a mobilidade urbana, a gestão de resíduos sólidos e a limpeza das cidades, o financiamento de grandes projetos estruturais, entre outros pontos.
Outras nove mesas temáticas deram prosseguimento aos colóquios. Na tarde do primeiro dia, foi abordado o tema do transporte urbano. A professora Roberta Menezes, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPA, discutiu como o transporte é um dos elementos de uma rede mais ampla de organização e gestão do território, que precisa ser planejada de forma estratégica. Leila Pamplona, representante da Secretaria de Estado de Transporte do Pará (Setrans), apresentou projetos do governo para integração territorial. Nos debates, foram levantados os desafios de um planejamento urbano humanizado, a importância dos estudos de impacto ambiental e social e a emergência de políticas voltadas à região metropolitana.
Na mesa sobre educação ambiental, o técnico Paulo Martins, do Campus Universitário de Ananindeua, apresentou a experiência de um projeto de trilhas ecológicas desenvolvido no campus voltado para educação ambiental e convivência. Já a secretária municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Marituba, Vanessa Monteiro, falou sobre políticas ambientais e o problema do lixão instalado no município. O dirigente do Fórum Permanente Fora Lixão de Marituba, Júnior Vera Cruz, também debateu este último tema, denunciando os riscos do lixão à saúde da população do entorno.
O uso de tecnologias para o desenvolvimento sustentável também foi pautado nos colóquios. O professor Eduardo Vieira, diretor-geral do Instituto de Educação Científica e Matemática, defendeu o investimento em processos educacionais e culturais para uma discussão sobre sustentabilidade mais aprofundada e difundida em toda a sociedade. O secretário municipal de Coordenação Geral de Planejamento e Gestão de Belém, Cláudio Puty, apresentou o Projeto “Belém Inteligente, Metrópole Amazônia da Inovação”, que prevê o uso de tecnologias para modernização da gestão, o investimento em economia criativa e a criação de corredores verdes na cidade, em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas. Beatriz Padovani, representando a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica do Pará (Sectet), abordou os programas de formação profissional desenvolvidos pelo governo, sobretudo por meio de cursos técnicos.
A temática dos direitos humanos abriu as discussões do segundo dia dos colóquios, com as intervenções da professora Luanna Tomaz, da Clínica de Atenção à Violência da UFPA; a secretária municipal de Assistência Social de Castanhal, Elienai Souza; e a senhora Fátima Matos, coordenadora de Formação da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos.
Ainda foram debatidas durante a tarde a promoção da saúde mental e coletiva, políticas de desenvolvimento, emprego, renda e proteção ao trabalho, cultura e comunicação. No terceiro dia, o diálogo sobre equidade e diversidade foi apresentado por Thamiris Teixeira, representante do Território Quilombola do Abacatal; Lívia Noronha, coordenadora da Coordenadoria da Mulher da Prefeitura Municipal de Belém; e pela professora Zélia Amador de Deus, diretora da Assessoria de Diversidade e Inclusão Social da UFPA. Elas reforçaram a importância da luta antirracista, de forma transversal, em todos os espaços sociais e a necessidade de políticas públicas interseccionais, intersetoriais e equitativas.
A agroecologia e o desenvolvimento sustentável ainda foram problematizados pelo professor Aquiles Simões, do Núcleo de Meio Ambiente da UFPA; pelo senhor Raimundo Nonato Filho, representante do Movimento dos(as) Trabalhadores(as) Sem-Terra (MST); e por Evandro Oliveira, coordenador de Projetos Especiais da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do Pará.
No encerramento dos colóquios, os professores Gilmar Pereira da Silva, vice-reitor da UFPA; Nelson Souza Júnior, pró-reitor de Extensão; e Durbens Nascimento, diretor de Relações Interinstitucionais e Sociais da Proex, avaliaram, como bastante positiva, a troca entre diferentes grupos sociais sobre temas centrais para pensar a gestão da RMB e reforçaram o compromisso da extensão da UFPA na promoção do diálogo em busca de soluções para problemas históricos e emergentes no estado.
Texto: Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Fotos: Alexandre de Moraes e Erick Coelho