Um auditório lotado aguardava a conferência do pesquisador Philip Martin Fearnside, nesta terça-feira (9), durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade Federal do Pará (UFPA). Entre os temas abordados, estavam redução das emissões de carbono, exploração madeireira e secas na Amazônia.
Na avaliação do pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e membro do grupo Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC), os países têm que aumentar os compromissos com o meio ambiente.
“Os países têm que cumprir os compromissos de redução das emissões de carbono. O Brasil precisa entrar no papel de liderança e não apenas cobrar dos países ricos. É preciso servir de exemplo e diminuir as emissões”, afirmou o professor.
As falas de Philip Martin Fearnside chamavam atenção para o tema do encontro, “A perda dos serviços ambientais ameaça um futuro sustentável e inclusivo para a Amazônia”. Para Philip, os incêndios descontrolados podem acabar com a floresta tanto quanto o desmatamento e a exploração ilegal de madeira.
“Depende muito do interesse de o país querer ser um exemplo na questão climática, mas, fora o esforço empenhado pelo Ministério do Meio Ambiente para reprimir o desmatamento, o que percebemos é que o resto do governo está no outro lado da questão, e isso tem que mudar”, defendeu o pesquisador.
A pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UFPA e responsável pela apresentação do debate, professora Maria Iracilda Sampaio, comentou que sai da conferência muito otimista de que é possível que a sociedade e a comunidade acadêmica possam ter uma contribuição positiva sobre os temas debatidos durante o evento.
“Não há saída, senão pela ciência. Então, nós temos que ouvir tudo que cientistas, como o professor Philip, tem a nos dizer. Nós podemos fazer um esforço pessoal para que possamos disseminar esse conhecimento e estabelecer posturas que possam contribuir positivamente para o problema”, afirma.
A professora Patrícia Bittencourt Tavares das Neves, da Faculdade de Engenharia Civil da UFPA, participou do evento e disse que foi muito produtivo. “O que ficou claro é que a luta é muito grande contra o desmatamento. O parlamento, mais de 50%, é favorável ao agronegócio, que consequentemente estimula muito o desmatamento”.
Mesmo diante de tantos desafios, Philip Martin Fearnside defendeu que é preciso adotar constantemente medidas para parar o desmatamento, a exploração madeireira e o aquecimento global.