Pesquisadores das áreas de Ciências Sociais de todo o país encontram-se reunidos na Universidade Federal do Pará (UFPA) para a realização da vigésima primeira edição do Congresso Brasileiro de Sociologia. O evento, que se encerra na próxima sexta-feira (14), discute o tema “Sociologias para pensar o amanhã”.
Apesar de concentrar a programação pela segunda vez consecutiva, a UFPA faz história ao se tornar a primeira instituição na Amazônia a sediar o evento de maneira presencial. Em 2021, em virtude da pandemia da covid-19, a programação foi realizada também pela UFPA, mas de maneira remota.
“A escolha de Belém não foi aleatória. Há tempos, a Amazônia vem recebendo destaque não pela importância que tem, mas por sua contínua predação por interesses econômicos. Estarmos na Amazônia e na Universidade Federal do Pará revela o dinamismo da sociologia brasileira que se desenvolve e se impõe por todo o país, apesar de todos os pesares. Nossa produção [científica sobre a região] ainda revela nossas desigualdades, mas temos melhorado”, destacou o presidente da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), Jacob Carlos Lima, durante a abertura do evento, realizada na noite de terça-feira, 11, no Centro de Eventos Benedito Nunes (CEBN).
Para uma plateia formada por professores e estudantes de graduação e pós-graduação, a coordenadora do evento, professora Edila Moura, lembrou as dificuldades e os desafios enfrentados durante os preparativos da edição, iniciados há dois anos. Ela também destacou a importância da temática central do congresso. “O texto de chamada foi provocativo no sentido de instigar as abordagens teórico-metodológicas plurais, refletindo as inúmeras possibilidades que a nossa disciplina apresenta para pensar o mundo contemporâneo e ampliar os caminhos de processos emancipatórios que ressoem vozes silenciadas, invisibilizadas e vencidas”, frisou.
Encerrando os pronunciamentos oficiais de abertura, o vice-reitor da UFPA, professor Gilmar Pereira da Silva, refletiu sobre o cenário político-social do país nos últimos anos e falou sobre a importância de a população manter-se vigilante a qualquer ameaça à democracia conquistada. Sobre a Amazônia, ele destacou os desafios enfrentados pelas instituições científicas da Amazônia e o valor da ciência desenvolvida na região. “A Amazônia é a grife do Brasil. Mostram nossos rios, nossa flora, nossa fauna. Mas a Amazônia não é só isso. Somos gente e temos voz. Aqui, fazemos pesquisa e desenvolvemos tecnologias. Que esse congresso seja também um instrumento de reflexão contra esses vieses colonialistas”, provocou.
A mesa de abertura do evento contou também com as presenças da presidente da Associação Latino-Americana de Sociologia (ALAS), Angélica Cuellar; da vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência/SBPC, Fernanda Sobral; da coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA), Tânia Guimarães Ribeiro; da diretora da Faculdade de Ciências Sociais, Izabela Jatene; e do representante da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), Marcos Otávio Ferreira de Lemos. O Congresso Brasileiro de Sociologia nesta edição reúne mais de três mil inscrições e 1.440 trabalhos organizados em fóruns, mesas-redondas, minicursos e lançamentos de livros.
Premiação – Desde 2003, como parte da programação de abertura do congresso, são anunciados os vencedores do Prêmio Florestan Fernandes. A ideia, segundo a SBS, “é reconhecer a atuação das pessoas que, através de sua produção acadêmica, formação de novos pesquisadores ou atuação pioneira na construção e no desenvolvimento institucional, contribuíram, de maneira destacada, para a formação e o progresso da Sociologia brasileira”
Os homenageados são definidos pelo Comitê Científico da SBS, que analisa nomes apontados pela comunidade. Na edição deste ano, receberam a premiação a professora Maria Glória Gohn (Unicamp), pós-doutora pela New School University, de Nova Iorque, com 22 livros publicados, sendo 19 de autoria individual, e o professor Ernesto Renan Freitas Pinto (UFAM), pesquisador renomado, com experiência na área de Sociologia, com ênfase em temáticas ligadas à Amazônia, ao pensamento social, à história das ideias, ao desenvolvimento regional e ao trabalho feminino. O professor teve a tese transformada no livro Sociologia de Florestan Fernandes, uma das principais interpretações sobre o pensamento do patrono da Sociologia, que batiza a premiação.
Texto: Edmê Gomes – Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Fotos: Alexandre de Moraes – Ascom UFPA