Em uma cerimônia que emocionou os presentes, foram inauguradas as salas que vão abrigar a sede da Associação dos Povos Indígenas Estudantes na UFPA (APYEUFPA), da Associação dos Discentes Quilombolas da UFPA (ADQUFPA) e da Associação dos Estudantes Estrangeiros (AEE). Os espaços foram entregues pelo reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho, no último dia 19. As salas, que estão localizadas no bloco D do Setor Básico do Campus de Belém, no Guamá, passaram por reforma e estão climatizadas; dispõem de pontos lógicos exclusivos e de rede wifi
A celebração foi iniciada com um ritual conduzido pelo cacique da aldeia Itahy, Welton Suruí, pertencente ao povo Suruí Aikewara, representante do movimento indígena do Pará, seguida das manifestações dos presentes, da inauguração das salas e de um espetáculo de dança do grupo Swing Quilombola, da comunidade de Abacatal.
Manifestaram-se na cerimônia o reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho; o vice-reitor Gilmar Pereira da Silva; o pró-reitor de Relações Internacionais, Horacio Schneider; o cacique Welton Suruí; a coordenadora geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Gabriela Santos; a presidente da APYEUFPA, Eliene Putira; o representante da ADQUFPA, Valdinei Gome; e o presidente da ADQ, Israel Hounsou.
Pavilhão da Inclusão – Segundo o reitor, “a partir de agora o bloco D é o pavilhão da inclusão, uma conquista dos discentes indígenas, quilombolas e estrangeiros”. E de acordo com ele, é nessa inclusão e valorização da diversidade que está a importância das sedes: “Nós vivemos em uma sociedade que produz cotidianamente a exclusão e a desigualdade, que tolera o racismo e a discriminação. Em uma sociedade assim, a universidade deve empoderar os excluídos e combater a desigualdade e a discriminação. A diversidade cultural, em todas as suas expressões, é uma das nossas maiores riquezas, e hoje nós demos mais um pequeno passo para valorizá-la na UFPA.”
Para o presidente da Associação dos Estudantes Estrangeiros, Israel Hounsou, a importância da sala está ligada à internacionalização, à promoção e à valorização da cultura de cada país. “Todos os estudantes estrangeiros que passam por aqui carregam consigo a sua cultura. Então, tendo essa sede, vamos tentar planejar, organizar e fazer as atividades culturais, para poder permitir a internacionalização. Com a presença de tantos estudantes estrangeiros na universidade é isso que lhe torna bem diversificada e bem internacionalizada. Em outros aspectos também é importante, já que, a cada ano, chegam vários estudantes estrangeiros. Então, temos que ter uma sala para tentar fazer documentos e ajudar como for possível.”
De acordo com Eliene Putira, para os povos indígenas essa conquista representa anos de luta. “Pode parecer simples, mas para nós é uma conquista muito grande porque lutamos muito. Depois de sete anos, a Universidade está abrindo as portas para os povos indígenas, e agora a gente vai ter um lugar para conversar, fazer trabalhos, porque agora temos computador. Antes, muitos dos indígenas não iam para os laboratórios por causa de racismo. Alguns deles não conseguem falar direito português e não conseguem ocupar alguns lugares na Universidade. Assim, com essa sala a gente vai poder estar mais unido nas nossas lutas, dando apoio para nossas bases. São nossas aldeias”, explica ela.
O representante da ADQ, Valdinei Gomes, conta que, para os quilombolas, a inauguração da sede é uma vitória em um histórico de lutas: “Desde 2013, nós temos estudantes quilombolas dentro da universidade, e as lutas foram continuando por permanência, por mais respeito e mais compreensão das diferenças. Em 2015, nós conseguimos criar a nossa Associação, que hoje vem nos respaldando e lutando por melhorias e garantias de permanecer dentro da universidade. Agora, tem uma sala onde a gente vai ter como referência, um espaço para nós. É de suma importância para que os próprios quilombolas saibam se localizar e saibam onde buscar apoio e se sentir amparados e familiarizados. Porque as famílias quilombolas não são só de uma comunidade. O estado todo é quilombola, o Brasil é quilombola. Então nós estamos aqui para garantir que nossos direitos sejam respeitados dentro dessa Universidade, e assim a gente vai avançar cada vez mais.”
Planejamento – Agora, com a abertura das sedes, as Associações já estão planejando os próximos passos. “Já estamos marcando uma reunião para todos os estudantes indígenas. Nós vamos criar nossas próprias regras, nós vamos ter indígenas responsáveis pela sala. Nós vamos receber pessoas e informar sobre a nossa cultura. Vai ser um local de referência, para encontrar os indígenas aqui, principalmente, para pesquisadores que têm trabalho com povos indígenas. A gente vai poder colaborar de forma mais atuante. A gente vai ter venda de artesanato, elaborar dias de comidas típicas indígenas. Então, a partir de agora, temos vários planos para nossa humilde sala, mas de grande importância para nós”, revela Eliene.
Para o aluno estrangeiro, Israël Hounsou, a sede irá ajudar a UFPA alcançar seus objetivos: “Uma das missões principais da universidade é, até 2025, que ela seja reconhecida nacional e internacionalmente. Então, graças a essa sala, a gente pode se reunir mais e se organizar para poder trabalhar juntos, para que esses objetivos sejam cumpridos.
Texto: Alice Palmeira – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Alexandre de Moraes