Com participantes de Norte a Sul do país, a Feira de Economia Solidária e da Diversidade da 76ª Reunião Anual da SBPC expõe, comercializa e compartilha modos de vida, destacando formas justas e sustentáveis de produção de alimentos e bens culturais. São 44 expositores de diversas regiões do Brasil que estarão presentes, até o dia 13 de julho, no Espaço Vadião do Campus Guamá da UFPA.
A fim de demonstrar que é possível produzir de forma sustentável, sem degradar a natureza e sem fazer uso do trabalho análogo à escravidão, a programação é uma forma de mostrar, na prática, conceitos como respeito à natureza, agroecologia, economia solidária e cooperativismo, entre outros.
No local, é possível encontrar uma enorme variedade de produtos, que vão desde itens para ornamentação do lar, biojoias, desenhos e grafismos nas cuias até doces feitos com frutas regionais. Essa diversidade é fundamental para mostrar a riqueza cultural brasileira, especialmente do Norte do país, e para incentivar a produção e o crescimento de pequenos negócios.
Bens culturais – O Trançado do Arapiuns está presente entre os diversos estandes que estão participando do evento. O grupo atua há 23 anos, e como associação há 18 anos, vendendo vários tipos de artesanato feitos com palha de tucumã e com tingimento natural. Atualmente, 150 mulheres moradoras de comunidades ribeirinhas na região do Rio Arapiuns têm esse artesanato como principal fonte de renda.
“Esta cultura vem de geração em geração. Veio dos nossos bisavós, avós e hoje a gente consegue também avançar para os nossos filhos, netos e sobrinhos. Nosso objetivo é avançar mais a produção e fazer com que as pessoas percebam que o nosso produto não é só um artesanato, ele tem uma história tanto da Amazônia quanto do nosso município e até da nossa floresta”, explica Neida Pereira, presidente do Trançado do Arapiuns.
A parte alimentícia também está fortemente presente na feira. Com elementos essenciais da alimentação paraense, a Associação de Moradores Agroextrativistas e Indígenas do Tapajós (Ampravat) oferece produtos como geleias, manibé, vinho manioara, beijus, carimã e farinha. Representante da Ampravat na mostra, a presidente da Associação, Mariane Tupinambá, está vendendo não apenas comidas, mas também o livro A vida que brota da terra: Manicuera, Macaxeira, Mandioca, que conta um pouco sobre a relação dos povos indígenas com a mandioca.
“A mandioca é a principal cultura alimentar indígena. O livro conta um pouco da nossa relação desde criança, quando experimentamos a mandioca pela primeira vez”, explica Mariane.
Aproximação do Consumidor – Segundo a representante da Associação de Moradores Agroextrativistas e Indígenas do Tapajós, um dos principais desafios para a comercialização de produtos e para o empreendedorismo na Amazônia é a escoação. Fazer o produto chegar até quem tem interesse não é fácil, mas feiras, como esta realizada durante a SBPC, contribuem para aproximar o público dos vendedores, atuando como uma ponte.
“Quando a gente já tem esse produto, como fazemos essa parte de logística? Para estar nas feiras, para estar no supermercado? Ainda é um grande desafio. A gente tem na comunidade um espaço em que podemos vender, mas, em Santarém, a gente não tem. A gente vende sempre em outros espaços coletivos, como a SBPC, que é importante nesta questão da divulgação dos produtos e da valorização da cultura local, dos conhecimentos que são trazidos das comunidades e das aldeias”, ressalta Mariane Tupinambá.
Por sua vez, quando essa proximidade acontece, os visitantes se encantam com a qualidade e diversidade dos produtos e aproveitam para fazer compras. “Eu recomendo esta feira para todas as pessoas que conheço, até nas listas de transmissão do WhatsApp. Indico para todo mundo. Tem muita coisa de primeira qualidade, vocês não vão se arrepender. Está ótimo”, comenta Nalva Maia, compradora da feira.
A Feira da Economia Solidária e da Diversidade está sendo realizada em todo o Complexo do Vadião, localizado no Campus Básico da UFPA, no horário das 9h às 18h.