A fim de proporcionar maior redução da quantidade de resíduos acumulados na Amazônia, pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (PPGCEM) da UFPA desenvolveram um projeto que possibilita a produção de tijolos sustentáveis com resíduos provenientes do processo de mineração. O principal objetivo da pesquisa é promover alta eficiência na diminuição de rejeitos produzidos por empresas mineradoras da Região Norte e, consequentemente, oferecer materiais de baixo custo ao mercado da indústria civil.
Com base na necessidade de inovação em materiais de construção voltados para a população com baixo poder aquisitivo, os tijolos sustentáveis foram desenvolvidos pelo arquiteto Fabio Brito e pela engenheira de materiais Taiana Matos, sob a orientação dos professores Verônica Scarpini e Alisson Rios, ambos vinculados ao PPGCEM da UFPA. Entre as vantagens da criação do novo produto ecológico, estão: a composição única, que propicia uma boa resistência mecânica e o dobro de volume do objeto; uma estética desejável comparada aos outros tijolos tradicionais; além da pouca utilização de energia suficiente durante o processo, o que contribui significativamente para a redução da emissão de carbono dentro dos ambientes de construção civil.
“A ideia surgiu do conhecimento da gigantesca quantidade de resíduos gerados pelas empresas de mineração que atuam no interior do estado do Pará e da necessidade de desenvolver produtos sustentáveis ligados à construção civil, em especial na construção de moradias mais atrativas e viáveis para pessoas de baixa renda”, explica o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais da UFPA, professor Alisson Rios.
Sobre a produção – Segundo o professor Alisson Rios, na Norma de Confecção de Tijolos Comuns, um tijolo tem uma resistência que varia de 1,5 a 4,0 MPa, já os mais novos protótipos ecológicos criados há cerca de 8 meses conseguiram suportar uma solicitação mecânica maior de até 12MPa. Dentro dessa perspectiva, o produto tem grande potencial de aplicação no mercado e já está sendo negociado com startups de desenvolvimento de produtos sustentáveis que têm interesse em elaborar projetos com vistas à COP 30, em Belém.
“Os tijolos são preparados através da secagem das argilas e dos resíduos da mineração em estufa. Após isso, as matérias-primas são misturadas e prensadas em uma prensa manual, para a moldagem dos tijolos em tamanhos especificados pela Norma da área de tijolos. Por fim, os tijolos são queimados em altas temperaturas, controladas pela Norma, para o desenvolvimento de resistência. Ao final do processo de queima, o resultado é um tijolo com alta resistência e de excelente qualidade de acabamento”, finaliza o professor Alisson Rios.