Regina Pekelmann Markus foi a vencedora da categoria Ciências Biológicas, na 5ª edição do Prêmio Carolina Bori, que premia mulheres com trajetórias importantes na ciência. Além de Markus, este ano foram premiadas: Maria Manuela Ligeti Carneiro da Cunha, antropóloga, na área de Humanidades, e Yvonne Mascarenhas, química, na área de Engenharias, Exatas e Ciências da Terra.
Regina Pekelmann Markus teve seu interesse pela ciência despertado ainda jovem, com um Clube de “Cientistas do Amanhã”, que ocorria na cidade em que morava, e depois de um contato com o professor Leal Prado, grande nome da biomedicina brasileira, resolveu se graduar na área. Graduou-se em 1970 e obteve o grau de doutora em Farmacologia, na Unifesp, em 1974. Iniciou sua carreira como docente da Unifesp e, em 1987, foi para a USP, na qual continua como professora emérita do Instituto de Biociências.
Regina deixa claramente sua crença de que, na ciência, não devem ser feitas distinções de gênero que prejudiquem as cientistas: “[O prêmio é] muito importante. Traz visibilidade para o fato de que, no Brasil, nós temos um contingente enorme de mulheres que fazem ciência. A mulher na ciência não deve ser tratada diferente de qualquer outro: ela é, eles são, nós somos cientistas”.
A professora também afirma que a visibilidade do prêmio faz com que mais jovens descubram a ciência como possibilidade de futuro e deixa um conselho para quem decidir seguir pelo caminho acadêmico: “Perguntem, observem e vão atrás da novidade. A ciência é a busca do que eu ainda não sei, mas não esqueçam: para eu fazer essa busca, preciso conhecer! Então, estudem para saber o que sabemos. E perguntem para buscar aquilo que queremos”.
Pesquisa – Regina Markus tem pesquisas de grande destaque na área de cronofarmacologia, que é o ramo científico que investiga os efeitos de remédios no organismo conforme as variações diurnas e noturnas, ou seja, analisa o momento ideal de administração dos medicamentos.
Nesse campo, ela desenvolveu o conceito do Eixo Imune-Pinneal, que explica como o ciclo da melatonina, hormônio do escuro, está relacionado com a regulação de migração de células de defesa do sangue e que a liberação de células-tronco primordiais é reduzida durante a noite, devido à produção de melatonina nesse horário.
O conceito desenvolvido por Regina Markus possibilitou entender os motivos pelos quais determinadas substâncias são eficazes em algumas pessoas e não em outras, além de introduzir alterações práticas na farmacologia, especialmente no que diz respeito aos horários de administração dos medicamentos.
Prêmio Carolina Bori – O Prêmio Carolina Bori foi criado em 2019 como forma de a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) homenagear as mulheres de destaque na ciência brasileira e, ainda, incentivar futuras gerações de mulheres que queiram seguir carreira acadêmica.
A premiação ocorre anualmente e possui duas categorias, que alternam a cada ano, “Mulheres Cientistas”, que premia aquelas que já têm grande destaque e carreira consolidada, e “Meninas na Ciência”, que busca por jovens do ensino médio e da graduação com futuro promissor na pesquisa.
