Explicações sobre pequenas partículas no ar, fenômenos climáticos e até sobre as condições necessárias para o crescimento de plantas em aeroponia. A IV Exposição da Biodiversidade (ExpoBio), promovida nos dias 12, 13 e 14, na Universidade Federal do Pará, despertou a curiosidade científica de centenas de crianças, adultos e idosos. Foram três dias de muita troca de conhecimento entre a sociedade civil e os mais de 30 laboratórios participantes, que tornaram a quarta edição a maior desde o surgimento do evento.

“Eventos como a ExpoBio são importantes em função da nossa falta de habilidade como cientista para repassar o que a gente faz às outras pessoas. Com isso, vieram alguns problemas, por exemplo, a negação da ciência e vários questionamentos em relação à idoneidade das universidades públicas. A gente percebeu que a nossa academia estava agindo dentro de uma bolha, então resolvemos mudar um pouco essa situação. Queremos romper essa bolha por meio da ExpoBio, abrindo as portas da Universidade, da ciência e da pesquisa para a população em geral e fazendo com que eles venham nos visitar e conhecer o que a gente faz, e, principalmente, aprender o que a gente faz aqui, em uma linguagem acessível para todos”, explica a professora do Instituto de Ciências Biológicas da UFPA Maria Cristina Costa, que coordena a IV ExpoBio.
Fabrielle Barbosa, estudante do Mestrado em Ecologia Aquática e Pesca na UFPA e integrante do Laboratório Multidisciplinar de Morfofisiologia Animal (Lammoa), foi uma das expositoras do evento. Ela e seus colegas passaram as suas manhãs e tardes de quinta, sexta e sábado explicando aos visitantes os danos ao ecossistema causados por microplásticos.

“Fazer essas exposições é sempre muito gratificante. As pessoas ficam muito empolgadas e a gente tem um feedback bastante positivo dessa troca de conhecimento. Tem crianças, por exemplo, que estão escutando assuntos bastante complexos, mas que entendem tudo muito facilmente. É muito importante fazer essa divulgação científica, porque são assuntos que estão presentes na nossa sociedade e no cotidiano, que muitas vezes passam despercebidos”, enfatiza Fabrielle Barbosa.
A exposição também foi uma oportunidade única para aulas externas. Professores da educação básica, por exemplo, convidaram seus alunos para visitar a exposição e vivenciar um dia de ciência fora da sala de aula. “Tá sendo uma experiência inesquecível trazer eles, viver e fazer com que eles visualizem o que é explicado em sala de aula na prática. Muitas escolas não têm laboratório, então a gente precisa utilizar vídeos e datashows, mas não é a mesma coisa. Eles vindo para cá, podendo pegar e visualizar esse conteúdo, é muito gratificante. Espero que tenha mais”, conta Leide Katlen Pereira, professora de Ciências Biológicas e Físicas da Escola Municipal Padre Leandro Pinheiro.




Parcerias Externas – Entre os expositores da IV ExpoBio, estavam unidades não somente da UFPA, mas também de diferentes instituições da região, como da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Museu Paraense Emílio Goeldi, do Instituto Bicho D’água, do Instituto Bioma e da ONG Suruanã.

“O projeto que eu estou apresentando agora é o Respira Amazônia, um trabalho muito interessante sobre qualidade do ar. É muito legal estar apresentando para as pessoas e passando para elas um pouco desse conhecimento que a gente conseguiu adquirir até agora com as pesquisas e deixá-las conscientes sobre como é que tá o ar que elas respiram, como é que elas veem esses parâmetros de qualidade”, relata a estudante Vivian Sophia, aluna do primeiro semestre de Engenharia Florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), com empolgação.
Programação Cultural – Além das tendas de exposição, a ExpoBio também contou com uma feira de agricultura familiar e uma vasta programação cultural em homenagem à pluralidade da Amazônia. “É importante que um evento da magnitude da ExpoBio tenha referências artísticas e nada mais apropriado do que a produção da própria universidade. É um trabalho de abrilhantar a exposição e também de mostrar o trabalho que é produzido dentro da Escola de Música, que é uma unidade daqui, da Universidade”, afirma o professor Adelbert Carneiro, diretor de Arte, Cultura e Lazer na Pró-Reitoria de Extensão da UFPA.
Entre os grupos que se apresentaram, estavam o Grupo de percussão Emufpa Catrum e o Conexão Amazônia, ambos projetos da Escola de Música da UFPA (Emufpa). “É uma honra vir para cá e poder apresentar o carimbó, que é um gênero musical amazônida, porque a gente sabe que as escolas de música são ambientes muito eurocêntricos. Mas nós, na Escola de Música da UFPA, temos um professor, o Kleber Benigno, que tem aberto ainda mais o caminho da cultura popular na nossa instituição. Então, a possibilidade de ter esta interdisciplinaridade de sair da escola e vir para outros lugares, acompanhar pessoas que estão estudando, trabalhando e construindo sua vida profissional, é muito maravilhoso”, compartilha Danielle Soares, vocalista e aluna de Canto Popular da UFPA, depois de apresentar-se no evento.




Acessibilidade – Pela primeira vez, a ExpoBio também contou com uma grande articulação para garantir acessibilidade aos visitantes. “A gente escolheu este espaço aqui [o Mirante do Rio] justamente porque ele é um dos mais acessíveis da Universidade”, destaca a professora Maria Cristina Costa. Entre as iniciativas promovidas, estão a presença de intérpretes de libras, audiodescritores, equipes de acessibilidade e a adaptação de uma das salas do complexo de ensino para a acomodação sensorial de pessoas neurodivergentes.