A arte, em suas diversas formas, como a dança, a música e o teatro, desempenha um papel crucial na inclusão social de indivíduos e grupos marginalizados. Por meio da expressão artística, estudantes e professores da Universidade Federal do Pará abordaram as possibilidades de implementar Metodologias Assistivas na Educação durante uma roda de conversa realizada na 76º Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Marco Antônio, discente de Licenciatura em Dança, veio à SBPC comunicar suas experiências como pessoa com deficiência e bailarino. “O artista já é invisibilizado quando ele tem uma deficiência, a situação piora. A gente tem essa problemática em ocupar espaços, pois pensam nos PCD apenas como plateia, não se pensa na pessoa com deficiência como artista”, destaca o estudante. A invisibilidade dos artistas com deficiência e a falta de oportunidades para que participem de espaços artísticos como protagonistas são obstáculos que precisam ser combatidos.
![A imagem mostra quatro pessoas, dois homens e duas mulheres. Uma das mulheres está em pé falando no microfone, enquanto é observada pelas outras pessoas que estão sentadas em cadeiras plásticas atrás de mesas brancas de plástico, Um dos homens que está sentado usa óculos escuros, ao seu lado outro homem segura dois arcos de violino e, na ponta da mesa, uma mulher olha para a outra que fala ao microfone.](https://ufpa.br/wp-content/uploads/2024/07/metodologias-assistivas1_Foto-Maycon-Cantanhede-1024x580.jpeg)
Entre as atividades desenvolvidas na Faculdade de Dança da UFPA, está a elaboração de uma linguagem de Libras para o ensino de passos de Balé Clássico, realizada pela professora Uisis Paula Gomes. Nela foram traduzidos mais de 60 termos da dança para a linguagem de sinais, com o intuito de promover uma interação entre professores e estudantes surdos. “Como eu sou representante da comunidade surda, sempre me perguntei como seria essa inclusão. No Balé Clássico, também existem pessoas que desejam aprender”, expõe a pesquisadora.
Da mesma forma, o pesquisador e musicista Áureo Júnior, que coordena a Orquestra de Violoncelistas da Amazônia Inclusiva (OVAi) e leciona para pessoas com Espectro Autista e Síndrome de Down, é necessário o uso de métodos mais assertivos para o ensino das Artes. “Desenvolver uma tecnologia assistiva para reproduzir o aprendizado profissional de pessoas com outras condições, considero uma das coisas mais importantes. Nós precisamos evitar a comunicação tradicional voltada exclusivamente para as pessoas neurotípicas”, diz o professor.
![A imagem mostra duas pessoas, um homem e uma mulher, apresentando slides em uma tela pendurada. A frente, quatro pessoas estão sentadas em cadeiras de plástico e prestam atenção nos palestrantes. Em primeiro plano, mais quatro pessoas olham para os palestrantes, elas estão sentadas em cadeiras brancas de plástico.](https://ufpa.br/wp-content/uploads/2024/07/metodologias-assistivas2_Foto-Maycon-Cantanhede-1024x580.jpeg)
Formação de professores – As Ações Afirmativas de Inclusão de estudantes com deficiência no ensino superior são relativamente recentes. Segundo dados de 2022 da Coordenadoria de Acessibilidade da UFPA, 927 alunos PcD ingressaram na universidade e a Universidade segue buscando maneiras de garantir a permanência dessas pessoas. Entre as ferramentas utilizadas para que a inclusão seja total, a formação docente especializada em Metodologias de Ensino Inclusivo e Tecnologias Assistivas é crucial para garantir um ambiente de aprendizagem acessível e acolhedor para todos os estudantes.
“A gente também, como professores, precisa de muito apoio e formação que são necessários para o cotidiano de desafios com crianças e adolescentes. Parece que a gente é jogado nesse cotidiano junto com esses estudantes, e vamos nos conhecendo e aprendendo a nos virarmos, e não deveria ser assim. Há uma necessidade de busca, de humanização dessas práticas, de humanização da escola e de percepção da inclusão como algo necessário para a educação como um todo”, enfatiza a professora Daniely Meireles de Rosário.