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TAMANHO DA FONTE

“Projeto Cineparedão” apresenta “Mostra Queer de Cinema” durante a SBPC Cultural

No segundo dia de programação da 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o Cineparedão, projeto de exibição de filmes ao ar livre da Universidade, realizou a “Mostra Queer”, que exibiu diversos curtas-metragens, além do videoclipe da música Cachaça de Jambu, da cantora paraense Gaby Amarantos. Após as exibições, uma roda de conversa foi aberta para debater as obras apresentadas.

Entre as produções exibidas, estão: E o que a gente faz agora?, de Marina Pontes; Manas Kill, de Edielson Shinohara; e O nascimento, A bela é ploc, Torre de Babildre e Hierogritos, performances do Projeto Themonias, de Rafa Bqueer. Para o mestrando em Enfermagem Iago Castro, foi difícil conseguir escolher qual filme foi o seu preferido. “Um traz um contexto de romance, que é bem típico das histórias que a gente vivencia como pessoas LGBTI+, do medo de se mostrar e depois de viver esse amor. Mas eu também gosto muito do filme das ‘Demônias’, e ver o trabalho delas assim, nessa arte sendo exposta, é muito interessante”, declarou o estudante.

De acordo com o estudante, divulgar essas produções culturais desenvolvidas por pessoas LGBTI+ para o meio acadêmico é essencial para incluir as experiências vividas por essas pessoas com base em seus próprios pontos de vista. “Eu vejo como muito importante a gente ter esses espaços em um evento como esta SBPC, para que a gente possa trazer essas pautas temáticas e possa mostrar à população científica que, além de estudar, é preciso que a gente tenha espaços que possibilitem essas populações falarem por si”, completou.

Doutorando de Licenciatura, Ramiro Castro escolheu o curta E o que a gente faz agora? como o que mais chamou a sua atenção. “Eu acho que gostei por tratar de uma narrativa de romance com base na perspectiva lésbica. É uma coisa que não é muito comum. A experiência de estar ali, sentado e envolvido com aquela história, nos tira daquela questão de que só pessoas héteros vivem essa noção de romance, sem envolver apenas sexo”, disse o universitário. 

E completou: “É importante naturalizar o acesso a esses segmentos de arte e trazer o discurso para além da academia. Por exemplo, eu moro no bairro Terra Firme e temos que pensar se a arte e a ciência chegam até esses lugares. É muito importante ter uma universidade feita pelo povo, mas também ter devoluções para além do muro”.

Fotografia de um grupo de pessoas. Elas estão de costas, sentadas em cadeiras brancas, olhando três pessoas que estão sentadas em frente a um telão. O ambiente é iluminado pela luz da tela.

Roda de conversa – Mediada pela aluna de Artes Visuais da UFPA Elis Tarcila, a roda de conversa contou com as participações de Matheus Aguiar, um dos produtores de Themonias; e Wellington Romário, conhecido pelo pseudônimo “Byxa do Mato”, que fez parte do elenco do videoclipe de Cachaça de Jambu, os quais compartilharam as experiências vivenciadas antes e durante as produções. 

Sobre as dificuldades enfrentadas na produção audiovisual feita por pessoas da comunidade LGBTI+ por falta de projetos que incluam verbas para esses produtos, Wellington Romário lembrou que é preciso de parcerias de outras fontes para inserir uma qualidade melhor nas narrativas que são construídas. “A gente cria por acreditar naquilo que está sendo contado”, ressaltou.

Para Matheus Aguiar, um dos produtores de “Themonias”, as dificuldades para a produção das obras vão além, não apenas pela limitação financeira, mas também pelo assédio e pela violência sofridos por integrantes durante as gravações, como as realizadas no mercado do Ver-o-Peso. 

“A gente acredita que as Themonias  são uma expressão de cultura popular, feita por diferentes pessoas de diferentes áreas, e as quatro performances em Belém mostram esses seres invadindo esses espaços de poder, que representam o Imperialismo, então o que eu vejo é que esses artistas se impõem com o seu corpo. A “galera” vem aqui, territorializa, traz o seu estilo, a sua arquitetura, a sua imposição, e a gente vem e impõe os nossos corpos”, comentou Matheus.

TEXTO: Elizabete de Jesus - Comissão Local de Comunicação da 76ª da Reunião Anual da SBPC

FOTOS: Elza Lima

Relação com os ODS da ONU:

ODS 4 - Educação de QualidadeODS 10 - Redução das Desigualdades

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