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TAMANHO DA FONTE

Quando a arte encontra a causa: roda de conversa debate a arte e a cultura como agentes estimuladores da sustentabilidade

Com o avanço exponencial do impacto das mudanças climáticas ao redor do mundo, percebe-se cada vez mais um interesse maior de agentes sociais, empresários e população em geral em debater e aplicar em seus projetos conceitos de sustentabilidade, responsabilidade social e desenvolvimento sustentável. Foi sob esse cenário que  docentes, estudantes e convidados da Universidade Federal do Pará (UFPA) debateram formas de a arte e a cultura atuarem como agentes estimuladores da sustentabilidade na sociedade, durante a roda de conversa “Na reponta das marés: arte, cultura e sustentabilidade” integra parte da programação da 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Um dos pontos centrais abordados durante a roda de conversa foi o conceito de artivismo, que é a junção da arte com o ativismo, em que artistas utilizam suas criações para conscientizar, provocar reflexão e impulsionar mudanças em questões sociais, políticas ou ambientais. Essa é uma forma de expressão que transcende os limites convencionais da arte e busca impactar diretamente a sociedade. Com base nela, docentes, artistas e pesquisadores puderam expor seus projetos de extensão artísticos nos institutos, nas faculdades e nos programas de pós-graduação, demonstrando a forma como eles atuam com o artivismo para a promoção do desenvolvimento sustentável. 

De acordo com Anibal Pacha, docente da Escola de Teatro e Dança da UFPA (ETDUFPA), a sustentabilidade na dança também pode ser promovida por meio da valorização da cultura e do patrimônio local, uma vez que a dança sustentável é uma forma de expressão artística que utiliza materiais e práticas ecologicamente corretas, em que os artistas utilizam uma variedade de técnicas e materiais para criar suas obras. 

“Nós pedimos aos nossos alunos que estão em comunidades remanescentes de quilombo que eles escolham as suas comunidades como temáticas das suas pesquisas, monografias e teses. E com isso, temos descoberto coisas incríveis, como uma comunidade chamada Mocambo, que fica no município de Ourém (PA), em que descobrimos uma dança chamada Siramba, que só existe nessa comunidade. Então é de suma importância trazer esses saberes dessas comunidades para nossa faculdade”, expõe o pesquisador.

Docente do curso de Licenciatura em Dança, da Faculdade de Dança da UFPA (Fadan), a professora Simei Andrade também defendeu uma prática de dança artística na Amazônia que integre os princípios de sustentabilidade não somente pelas questões ambientais, mas também pela valorização dos aspectos sociais e culturais únicos da região, dos povos e das comunidades tradicionais que aqui vivem.

“O recorte que a gente faz é pensar a sustentabilidade para além dessa questão somente ecológica, mas também pensar a sustentabilidade na área da dança como esse movimento do corpo amazônida. A Amazônia enfrenta problemas pela grandiosidade de sua floresta, mas possui os seus problemas sociais também. Temos um espaço habitado por uma diversidade de povos, como quilombolas, indígenas, caboclos, assentados por barragens, pescadores e marisqueiros, e cada um desses grupos traz consigo não apenas suas histórias de vida, mas também suas ricas tradições culturais e modos de dançar, que são essenciais para enriquecer o ambiente acadêmico de nossos cursos”, reflete a docente.

Para Simei, a universidade pública deve exercer o papel fundamental de acolher e valorizar essas tradições, integrando-as ao currículo e à forma como se ensina e pratica a dança. Ela enfatiza, ainda, que pensar em sustentabilidade dentro do curso de Licenciatura em Dança significa reconhecer que esses povos não estão isolados, mas são parte integrante do contexto amazônico, contribuindo não só para a preservação cultural, mas também para um novo entendimento da Amazônia como um espaço de convivência e diversidade.

Um exemplo concreto desse compromisso é o Projeto “Brinquedo Cantado da Amazônia”, iniciativa liderada por Simei, que busca resgatar e valorizar os cantos, ritmos e saberes tradicionais da região. O projeto promove a expressão cultural autêntica da Amazônia e também estimula uma reflexão sobre a identidade local por meio da música e da dança.

TEXTO: Paula Magalhães - Comissão Local de Comunicação da 76ª da Reunião Anual da SBPC

FOTOS: Oswaldo Forte

Relação com os ODS da ONU:

ODS 4 - Educação de QualidadeODS 13 - Ação Contra a Mudança Global do Clima

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