Comunicar a ciência em uma linguagem acessível foi um dos objetivos do professor Luis Carlos Bassalo Crispino nesta quinta-feira (11), na conferência sobre buracos negros, durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém. Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Física (PPGF) da UFPA, Luis Crispino abordou o tema “Ao Redor de Buracos Negros: Partículas, Ondas e Sombras” para um auditório lotado, formado, em sua maioria, por não físicos.
Luis Crispino explicou que a ideia de buracos negros começa em 1783, com o geólogo inglês John Michell (1724-1793), que já dizia que esses objetos teriam gravidade tão forte que seriam capazes de aprisionar a luz. “O campo gravitacional é tão intenso, tão intenso que não só aprisiona a luz que vai nele, mas também aprisiona a luz em uma trajetória circular ao redor, o chamado Anel de Luz”, afirmou.
![Foto do professor Crispino. Ele usa óculos, é calvo e veste uma camisa listrada de amarela e azul. O professor segura um microfone com a mão esquerda e um controle na mão direita que aponta para um slide, exibido em uma parede.](https://ufpa.br/wp-content/uploads/2024/07/2024.07.11-Ao-Redor-de-Buracos-Negros-Oswaldo-Forte-17-1024x580.jpg)
O pesquisador lembrou, ainda, que um eclipse total do Sol, no dia 29 de maio de 1919, observado na cidade de Sobral, no Ceará, ajudou a confirmar a Teoria da Relatividade Geral, de Albert Einstein, publicada em 1915. Foi com base nessa teoria que a sociedade passou a entender melhor os efeitos provocados pela força gravitacional.
“Eu gosto desta temática sobre buracos negros. Comecei a me interessar por física, astrofísica por causa de buracos negros, saber como eles funcionam. Sempre achei isso muito interessante e vim aqui para me aprofundar também nesse tema, conhecer mais”, pontuou o estudante de ensino médio Pedro Abel Bezerra, que cursa Informática, na modalidade técnica integrada, no Instituto Federal do Pará (IFPA), e fez questão de estar em uma das primeiras fileiras para ouvir o professor da UFPA.
Como tornar a ciência acessível – Segundo Luis Crispino, um dos maiores desafios é justamente poder comunicar a ciência produzida por você para públicos de várias áreas do conhecimento. “Momentos como este representam um esforço a mais que eu faço para realmente tentar expressar, comunicar esta ciência numa linguagem acessível para o público geral e, ao mesmo tempo, permitir a eles esse retorno ao investimento que toda a sociedade faz no nosso trabalho”, destacou o professor.
![Fotografia de uma plateia prestando atenção em um homem que fala ao microfone em cima de um palco. Outro homem está sentado em uma cadeira atrás de uma mesa, em cima do palco, com um banner verde da 76ª Reunião Anual da SBPC que cobre toda a frente da mesa. Na parede do fundo há uma projeção de slide.](https://ufpa.br/wp-content/uploads/2024/07/2024.07.11-Ao-Redor-de-Buracos-Negros-Oswaldo-Forte-19-1024x580.jpg)
Presente na plateia, o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e professor titular aposentado do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), Ricardo Galvão, também lembrou a importância de ensinar a ciência de forma a atrair todas as pessoas, seja qual for a competência.
“A apresentação do professor Crispino foi excelente. Ele tem essa facilidade de transmitir as ideias essenciais colocando um pouco de história e mostrar a importância do assunto. Foi uma apresentação que até eu, especialista em Física, aprendi coisas novas. Há também essa motivação que ele traz para todos se envolverem e se sentirem aptos à ciência”, comentou.
Apresentador da conferência, o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Marcos Assunção Pimenta completou. “Deu para ver, pelo entusiasmo das pessoas, que realmente o professor Crispino conseguiu passar o recado. Quem trabalha com Física e Astronomia tem que ensinar numa linguagem que seja sensível para um público que não domina a Matemática e seus conceitos básicos”.