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TAMANHO DA FONTE

Dicionários Multimídia de Línguas Indígenas se apresentam como um forma de preservar línguas em risco de extinção

A linguista Ana Vilacy Galucio, do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), e o professor indígena do povo Puruborá, de Rondônia, Mário Oliveira Neto levaram para a programação da 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) a oficina “Dicionários Multimídias de Línguas Indígenas”, que apresentou ao público geral o processo de documentação e revitalização da língua Puruborá, presente em um acervo de línguas indígenas organizado pelo Museu Goeldi.

A oficina enfatizou a importância do registro documental de línguas como as dos povos Kanoé, Oro Win e Sakurabiat, todos espalhados pelo estado de Rondônia, os quais sofrem com o risco de extinção total devido à supressão da língua desde o Período Colonial brasileiro e a fatores como a força da oralidade presente em grande parte das culturas indígenas, tornando a língua dependente de seus falantes nativos que, ao morrerem, levam consigo todo o arquivo linguístico de uma comunidade.

Neste sentido, documentar essas falas permite que nativos que perderam o costume de se comunicar por meio de suas línguas maternas retomem esse hábito, além de possibilitar a novas gerações o acesso à língua de seus ancestrais. “É isso (a língua) que firma a nossa luta. Sem a língua, a gente é um povo fraco, sem força para a luta”, afirmou Mário Oliveira.

A documentação também é uma forma de resistência ao apagamento cultural de diversas comunidades indígenas, como a do próprio povo Puruborá, que se localiza majoritariamente no estado de Rondônia. A tarefa de reunir a língua desse povo, até então disperso pelo estado, levou de 2001 a 2007. O processo passou por etapas de coleta de falas de anciãos, transcrição, tradução e reunião de fotografias diretamente das aldeias e de frases que ilustrassem os termos coletados, além da validação da coleta pela comunidade.

“Esse resgate da língua através do dicionário é fundamental para que o povo não morra, né? Para que você retorne a culturas que estão sendo esquecidas e extintas, é um redescobrimento de alguns povos”, pontuou o ouvinte e debatedor presente na oficina Fabrício de Araújo.

Para quem deseja conhecer um pouco mais sobre os dicionários de línguas indígenas, basta acessar o acervo de línguas indígenas organizado pelo Museu Goeldi. Todos os acervos contam com os termos de suas respectivas línguas em áudio acompanhados de imagens ilustrativas, aplicações em frases, além da história da língua e formato para impressão disponível para download . O site também oferece o aplicativo para entrada off-line .

TEXTO: Heitor Maués Rodrigues e Isabelly Magalhães da Silva - Comissão Local de Comunicação da 76ª da Reunião Anual da SBPC

FOTOS: Oswaldo Forte

Relação com os ODS da ONU:

ODS 4 - Educação de Qualidade

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