Pesquisadores da UFPA recebem prêmio nacional com exposição em cartaz na pinacoteca do Ceará

O professor da Universidade Federal do Pará Orlando Maneschy (curador) e a doutora egressa do Programa de Pós-Graduação em Artes Keyla Sobral (curadora-adjunta) receberam o prêmio de Melhor Exposição Coletiva Nacional 2024 pela ceLesTe_seLecT – Arte e Cultura Contemporânea pela curadoria realizada para o Projeto bienal Solar, na Pinacoteca de Fortaleza. O trabalho foi resultado da pesquisa que ambos desenvolvem conjuntamente.

Os dois realizam estudos no Grupo de pesquisa Bordas Diluídas – UFPA/CNPq e curam a Coleção Amazoniana de Arte da UFPA. Segundo os curadores, “a exposição premiada, Delírio Tropical, traz uma cartografia da produção visual de um Brasil profundo a partir das mais diversas localidades, com artistas que lançam o olhar para o político e também para o inesperado, o desviante, o que ainda é pouco conhecido e pulsa em um complexo caldeirão multicultural. A exposição conduz o visitante por um fluxo que tenta traduzir um país e compreende o poder da imagem na formação nacional e na sua circulação em diversas mídias. A mostra articula autores que trazem o olhar de seus territórios, provenientes ora de grandes centros, ora das mais distintas regiões, a partir de um compromisso com a arte e o país”. 

Glenda_Beatriz. Foto: Mitologia das aparelhagens, 2023

A exposição convida o visitante a romper com olhares estereotipados, por meio de experiências distintas, em múltiplas linguagens – do impresso ao vídeo -, em que a imagem demarca tempos, e reafirma seu papel histórico na construção do entendimento desses ambientes. São 133 artistas que refletem sobre um Brasil complexo que se instaura entre a alegria, ameaça à existência e a luta por direitos.

“São retratos de distintas épocas que fazem parte do imaginário nacional e colocam em xeque relações de poder e projeções de desejo. Se hoje contamos com leituras críticas de nossa existência, as imagens reunidas sinalizam perspectivas de um país profundo, mediadas por artistas que não se eximem diante das experiências da vida”, destacam os curadores.

As paredes da exposição funcionam como espelhos, possibilitando diversas leituras de Brasil por meio de obras que, em alguns casos, foram feitas por artistas de gerações diferentes, mas dialogam entre si. Há uma presença significativa de artistas que atravessam as pesquisas da dupla, como artistas que acompanham, há mais de uma década, na amazoniana UFPA.

Belém, Pará, Brasil. Reprodução de obra de Eder Oliveira. 15/05/2024 Reprodução: Octavio Cardoso

Na obra “Quintino”, o paraense Éder Oliveira retrata diversas versões do gatilheiro que se tornou o “Robin Hood” do Pará, que enfrentou um sistema fundiário cruel e que se revoltou contra a invasão de terras na década de 1980. Da imagem de uma bandeira queimando no lago de Tucuruí, trazida pela artista Paula Sampaio, à pintura de Rafael Prado sobre os guardiões da floresta, está um país em disputa. Outra obra presente é  “Atentado ao poder”, de Rosângela Rennó, que mostra violência aos corpos como um ciclo em repetição no país, obra emblemática da história da arte apresentada na Eco 92. Entre os artistas paraenses presentes, estão Alexandre Sequeira, Allyster Fagundes, André Lima, Armando Queiroz, Bené Fonteles, Bonikta, Denielle Fonseca, Éder Oliveira, Elza Lima, Glenda Beatriz, Guy Veloso, Jean Petra, Jonas Amador, Keyla Sobral, Labô, Lúcia Gomes, Luciana Magno, Mayra Rodrigues, Luiz Braga, Marise Maués, Maurício Igor, Nay Jinknss, Nau Vegar, Pablo Mufarrej, Rafa BQueer, Samir Dams, Vitória Barros e Walda Marques e ainda artistas que adotaram o Pará, como Paula Sampaio e Miguel da Chikaoka.

“São artistas que ativam reflexões profundas e que, na curadoria, em diálogo com outros, ativam perspectivas que operam em rede, cada um como uma entrada, portal, para um universo singular”, avalia a dupla.

Paralelamente, a exposição também traz uma mostra de videoperformance e cinema de artista e uma série de lambes do coletivo Tupinambá Lambido no muro da Estação das Artes. A exposição Delírio Tropical segue em exibição na Pinacoteca do Ceará, em Fortaleza, até o dia 29 de junho.

Mais informações: https://solarfotofestival.com/2024/exposicoes/delirio-tropical

TEXTO: Divulgação

FOTOS: Divulgação

Relação com os ODS da ONU:

ODS 4 - Educação de Qualidade

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