“A dimensão sustentável dos projetos para a COP 30” foi o tema do painel de abertura do segundo dia de programação do Seminário No meio do caminho tinha uma COP, nunca esqueceremos desse acontecimento? realizado pela Universidade Federal do Pará, entre 22 e 26 de abril, na capital paraense. O evento tem o apoio do Movimento “Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30”.
O segundo dia de programação do evento foi iniciado com a apresentação do professor Raul Ventura Neto, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e dos Programas de Pós-Graduação em Economia e Arquitetura e Urbanismo da UFPA. Neste momento em que se vê a realização de grandes obras como preparação da cidade para a Conferência das Partes da ONU (COP 30), Ventura ressaltou os prejuízos causados pela “cultura do pensamento único”, que estaria baseada na importação de modelos de desenvolvimento global.
“O ‘pensamento único’ refere-se à hegemonia de ideais neoliberais que dominam o planejamento urbano, ignorando particularidades locais. As cidades são funcionalizadas como commodities, mercadorias a serem comercializadas para o turismo e o mercado de capitais”, pontua. Segundo o professor, no pensamento único, haveria “a prioridade sobre a imagem (vitrines) em detrimento da resolução de problemas estruturais: desigualdade socioespacial, especulação imobiliária, saneamento etc.”
Outro tema em destaque no seminário foi a configuração arbórea de Belém e os processos de intervenção pública e social na paisagem vegetal urbana, cuja palestra foi do professor Cândido Neto, da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). O docente apresentou o Projeto “Caracterização da Arborização do Município de Belém – Semente do Amanhã, Belém mais verde”, desenvolvido em parceria entre a UFRA e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), iniciativa considerada essencial no levantamento e diagnóstico dos problemas referentes à arborização em espaços públicos da capital.
“Ao longo do tempo, temos observado que o problema é um reflexo da falta de planejamento urbano e da carência de políticas públicas efetivas tanto no aspecto do cuidado com as árvores, quanto na questão do plantio de novas espécies nos projetos de abertura e manutenção de vias e, além disso, da ausência do interesse da própria sociedade em zelar pelo patrimônio verde da cidade”, considerou.
As apresentações seguiram com o Painel “Participação e Controle Social”, com Daniele Pontes, professora de Direito, pesquisadora do PLANTEAR/UFPR; Marcos Wesley, comunicador popular e estrategista de comunicação da Amazônia; Kelvyn Gomes, mestre em História Social da Amazônia (PPHIST-UFPA), que atua na denúncia de projetos predatórios e na articulação entre povos do Baixo Amazonas e Tapajós. E, ainda, a Mesa-Redonda “O Centro Histórico de Belém (CHB) no caminho da COP 30: dilemas e perspectivas”, com participação de Roberta Rodrigues, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (UFPA), coordenadora do Fórum Landi e pesquisadora associada ao Laboratório de Cidades na Amazônia (Labcam); Adelaide Oliveira, coordenadora do Projeto Circular Campina Cidade Velha; Fábio Lúcio Costa, presidente do Conselho Regional de Administração do Pará (Crea-PA); da jornalista Úrsula Vidal, secretária de Estado de Cultura (Secult-PA); e de Cristina Vasconcelos, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Pará (Iphan).
A programação do evento continua até o dia 26 de abril, em Belém. As atividades dos dias 25 e 26 serão realizadas com públicos específicos, sendo uma com a comunidade da Vila da Barca (Cine Clube: exibição de documentário seguido de debate com moradores) e outra com alunos do ensino médio, de uma escola pública, ambas na capital paraense.
Confira outros detalhes sobre o evento e a programação completa clicando aqui! Leia também: Seminário na UFPA promove debate sobre os legados da COP 30.
