Como parte do processo de internacionalização da Universidade Federal do Pará, que tem trabalhado no desenvolvimento de parcerias internacionais nas diferentes áreas de conhecimento, especialmente em um ano em que a capital paraense irá receber várias delegações, o Campus Guamá da UFPA recebeu, na última semana, a visita de uma comitiva da Embaixada da Bélgica no Brasil, formada pelo embaixador Peter Claes e pelo conselheiro François Moureau. Além de reunir com a gestão superior, a comitiva também visitou o Chalé de Ferro, patrimônio histórico de origem belga, e condecorou o professor Hervé Rogez com a comenda de Cavaleiro da Ordem de Leopoldo.
O reitor da UFPA iniciou a recepção do embaixador apresentando alguns dos números da UFPA, hoje considerada a segunda maior universidade do Brasil em número de estudantes, a maior universidade da Amazônia, com uma amplitude no número de campi que atendem a diferentes regiões do estado do Pará, e a maior produtora de pesquisas sobre a região amazônica.
“A UFPA é um grande território de inovação em nossa Amazônia, produzindo políticas de ciência, gestão e artes em amplas direções. Temos aqui uma política multicampi, que, inclusive, já resultou na criação de outras universidades, como a Unifesspa, em Marabá, e a Ufopa, em Santarém, no oeste do Pará. Então, toda essa história e legado nos trazem uma responsabilidade muito grande, especialmente em relação à qualidade do ensino superior e da pesquisa que produzimos aqui, na Amazônia”, pontuou o reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva.
Após a apresentação e uma conversa inicial com os gestores da Universidade, o embaixador da Bélgica, Peter Claes, foi convidado a conhecer o Chalé de Ferro da UFPA, uma construção de arquitetura belga presente no Campus Profissional, no Guamá. A notícia despertou o interesse da comitiva em buscar formas para preservar e aproveitar o espaço em diferentes atividades.
“É muito bom saber que este espaço faz parte da nossa história aqui. Nós, belgas, estamos sempre à procura de vestígios da nossa história, e dos artistas, arquitetos, engenheiros e diferentes pessoas que desenvolveram seus projetos no Brasil. Então, eu fico muito feliz em receber a notícia de que temos esse espaço para que possamos conversar e verificar o que podemos fazer”, destacou Peter Claes.
A visita da comitiva também foi acompanhada pela vice-reitora da UFPA, Loiane Prado Verbicaro; pelo diretor do Centro de Internacionalização da UFPA, professor Marcelo Galvão; pela diretora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/UFPA), Vanessa Watrin; pelo vice-diretor da FAU, José Júlio Lima; pela professora Roberta Rodrigues; pela arquiteta Maria Beatriz; e pelo vice-presidente executivo da Fiepa, Clóvis Carneiro.


Chalé de Ferro da UFPA – Conforme apontam as pesquisas, o Chalé de Ferro da UFPA tem origem belga e é um expressivo representante do sistema construtivo Danly no Brasil, sendo do modelo de bangalô anglo-indiano, com dois pavimentos totalmente em ferro. Doado à Federal do Pará em 1981, o chalé foi, por muitos anos, sede do Núcleo de Meio Ambiente da UFPA e hoje está sob a administração da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPA.
Com o conhecimento da importância histórica do prédio e do interesse do governo da Bélgica em mapear os espaços que contam a história do país no Brasil, o diretor-adjunto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPA, José Júlio Lima, fez o convite para que o embaixador pudesse conhecer o espaço que está localizado no Campus Profissional no Guamá, com o objetivo de promover uma aproximação entre os dois países e possibilitar a realização de parcerias no futuro.
“Eu acredito que, mesmo que o prédio tenha sido montado aqui, talvez essa relação da Bélgica não tenha sido reforçada, o que acho que precisamos fazer agora. A nossa intenção é que o chalé possa voltar a ser usado como um espaço acadêmico, utilizado pela Faculdade de Arquitetura, e que também tenha espaços voltados ao uso mais social, com a realização das intervenções necessárias ao momento atual”, propõe o professor José Júlio Lima.




Cavaleiro da Ordem de Leopoldo – Alta condecoração do Reino da Bélgica, a comenda de Cavaleiro da Ordem de Leopoldo é uma forma de o governo Belga reconhecer a atuação, a dedicação e a importância daqueles que defendem os interesses do país. A sua designação surpreendeu o professor Hervé Louis Ghislain Rogez, natural da cidade de Tournai, na Bélgica, atuante há mais de 30 anos no Brasil, em especial, na UFPA.
Professor titular do Instituto de Ciências Biológicas (ICB/UFPA), Hervé Rogez iniciou a sua caminhada acadêmica no Brasil ao visitar Marabá, em 93, para entender os motivos que levaram ao aumento do desmatamento na região. Na ocasião, ele observou a ausência de cursos que estudassem, com maior profundidade, a possibilidade de um desenvolvimento sustentável para a região e resolveu propor projetos para mudar essa realidade. Seu primeiro projeto, com foco na pesquisa de frutos regionais e produção sustentável, veio a ser aprovado e financiado pela União Europeia, em 1994, e, posteriormente, em 99, com a criação do curso de Engenharia de Alimentos, ele seguiu com a carreira acadêmica nos cursos de graduação e pós-graduação da UFPA.

Hoje, o professor estuda, principalmente, os processos de extração, concentração, purificação e fracionamento de compostos fenólicos, além de atuar, em parceria com cooperativas e produtores rurais, nas cadeias produtivas do açaí, cacau, entre outros produtos da Amazônia.
“Antes de mais nada, este reconhecimento é importante não só para mim, mas também para a UFPA e para a Amazônia. Cheguei aqui há 30 anos e foram muitas pesquisas realizadas, principalmente com o açaí, voltadas ao desenvolvimento sustentável da Amazônia. Então, esta é uma forma de retribuição pelos trinta anos passados, que também têm um impacto para a trajetória futura, porque é lógico que esses reconhecimentos alimentam tanto a instituição UFPA como os nossos parceiros, que são as cooperativas e associações, demonstrando que estamos no caminho certo e que a nossa credibilidade está convalidada”, comemora Hervé Rogez.

Como uma conquista coletiva, a cerimônia de entrega da comenda foi acompanhada por integrantes de diferentes Organizações Sociais(ONGs) e cooperativas de agricultores, diretamente ligados às pesquisas e aos projetos desenvolvidos pelo professor, além da vice-reitora da UFPA, Loiane Prado Verbicaro, representando a Gestão Superior da Universidade.
“Esta homenagem reconhece a trajetória extraordinária do professor Hervé, ao longo de 30 anos de dedicação ao ensino, pesquisa e extensão, na Universidade Federal do Pará, com impactos acadêmicos, ambientais e sociais para o avanço de políticas de sustentabilidade na Amazônia, sempre em diálogo com a comunidade, com cooperativas e organizações sociais, cumprindo tão bem a vocação universitária. Uma honra para a UFPA”, destacou a vice-reitora.