O Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica) reuniu reitores e representantes de oito instituições públicas de ensino superior localizadas em regiões com o bioma cerrado para o painel “COP 30 na Amazônia, e o Cerrado? Salvar e conservar é urgente”, realizado na última sexta-feira (13/6), em Goiás. O evento é uma realização do governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), em correalização com a UFG, por meio da Fundação Rádio e Televisão Educativa (RTVE).
Os gestores defenderam a inserção da temática do cerrado durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP 30, a ser realizada em Belém, em novembro deste ano. O reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Gilmar Pereira da Silva, compartilhou da ideia e destacou: “Cerrado e Amazônia não são apenas vizinhos geográficos, são ecossistemas interligados. Não basta o cerrado estar presente na COP, precisa estar representado de maneira digna, justa e com protagonismo”.
A reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima, fez um histórico das movimentações lideradas pela UFG desde 2023, em prol da criação do Instituto Nacional do Cerrado, que conta com a adesão de diversas instituições. “Essa unidade é extremamente necessária para conferir ao cerrado a importância e a visibilidade como bioma, para que este grupo seja reconhecido nas estruturas do governo federal, nas estruturas do Estado brasileiro, como um bioma que é necessário e central para a preservação das águas”, disse Angelita.
Por sua vez, o vice-reitor da UFG, Jesiel Carvalho, explicou a concepção do Instituto Nacional do Cerrado: “Uma estrutura vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, similar a outras estruturas equivalentes para outros biomas do país, que tenha papel equivalente na pesquisa e também na articulação de atividades. Importante destacar a motivação para ter um instituto nacional de pesquisa vinculado ao MCTI: a especificidade do cerrado é um passo que tem, por um lado, uma natureza simbólica importante e um valor estratégico enorme”.

Painel – Durante o painel mediado pela reitora da UFG, os gestores falaram sobre iniciativas de ensino, pesquisa e extensão relacionadas ao cerrado, desenvolvidas por suas instituições, além de pontuarem a importância do bioma e da sua preservação. O professor da UFG Laerte Guimarães Ferreira explicou que o cerrado, atualmente, é o bioma mais ameaçado, devido à atividade agropecuária e a muitas áreas em propriedades privadas, que podem ser legalmente desmatadas, o que não deveria acontecer.
A reitora da UnB, Rozana Naves, lembrou a função do cerrado como “caixa d’água do Brasil” e a importância dos modos de vida tradicionais. “Nesse contexto, a UnB está aqui respondendo esse chamado e ampliando o seu compromisso com o cerrado, não apenas na produção de genótipos, mas também na proposição de alternativas sustentáveis, éticas e justas, incorporando a ciência cidadã, a justiça ambiental e os direitos da natureza como princípios orientadores”, disse.
O reitor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Carlos Henrique de Carvalho, enfatizou o vasto conhecimento produzido sobre o cerrado e afirmou que, por isso, as instituições “têm que estar agregadas em um centro”. Ele analisou: “Estou falando do berço das águas, da origem das grandes bacias hidrográficas brasileiras, de um território que abriga mais de 80 milhões de pessoas e centenas de povos e comunidades tradicionais. No entanto é também o bioma mais ameaçado e menos protegido do país”.

O reitor da Universidade Federal de Jataí (UFJ), Cristiano Peres, falou sobre as ações da UFJ relacionadas ao cerrado e alertou: “O Instituto Nacional do Cerrado não vai ser nada sem a participação de todos nós. Defender essas riquezas é dever de todos”.
O vice-reitor da Universidade Federal de Catalão (UFCat), Cláudio Lopes Maia, afirmou: “Para proteger o cerrado, tem que ter outra concepção de agricultura, agricultura camponesa, que produz alimentos e respeita o bioma”.
O reitor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Antônio Cruvinel, falou sobre a importância da união em torno da pauta do cerrado, para conseguir, em um “futuro breve e de forma qualificada, mostrar que nós reavivaremos para a luta contínua, a fim de obter êxito na luta pelo que é nosso”.
O reitor do Instituto Federal Goiano, Elias de Pádua Monteiro, ressaltou: “É uma honra, para nós, participar desse movimento em defesa do bioma. Nos colocamos à disposição”.
Da mesma forma, a reitora em exercício do Instituto Federal de Goiás, Lorena Pereira de Souza Rosa, falou sobre as pesquisas da instituição acerca do tema cerrado e reforçou a importância de as discussões incluírem também representantes da agricultura familiar, indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais. “É com vocês que a gente precisa aprender”, disse Lorena.