Sediado em Porto Velho, no prédio da Reitoria da Universidade Federal de Rondônia, entre os dias 17 e 18 de junho, o Encontro do Fórum Regional Norte da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) contou com a presença de diversos representantes dessas instituições no norte do Brasil. A UFPA teve destaque na programação, com a participação do reitor, Gilmar Pereira da Silva, que discursou sobre as dificuldades encontradas na área da educação na Amazônia e destacou as ações do Movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30.
“Vivemos tempos desafiadores, com estruturas institucionais que enfrentam entraves antigos e novos. Mas sabemos, nós, amazônidas, que resistir é também reinventar. Aprendemos, com as águas, com as florestas e com os povos que aqui vivem, que desenvolvimento precisa ter rosto, território e pertencimento. Por isso não estamos aqui apenas para repetir fórmulas, já sabemos o que não funciona. Sabemos que o modelo de ciência construído sob as bases do colonialismo, da concentração e da exclusão não nos serve mais e é exatamente por isso que estamos aqui: para construirmos, juntos, um novo caminho”, declarou.
O reitor aproveitou a ocasião para também fazer um convite às demais universidades e Instituições Federais de Ensino da região para se juntarem ao Projeto Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30, lançado pela UFPA, em fevereiro de 2025, com o objetivo de garantir a participação ativa dos atores locais e ampliar a visibilidade das respostas ao aquecimento global durante a COP 30, que ocorrerá em Belém, em novembro de 2025. O movimento busca integrar a ciência e os conhecimentos tradicionais da Amazônia nas discussões sobre mudanças climáticas, promovendo um diálogo entre diferentes grupos sociais e instituições.
“Convido a todas e todos a se unirem ao Movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30, uma articulação que nasce do chão da floresta, das universidades do Norte, das comunidades e dos coletivos para dizer ao Brasil e ao mundo que temos muito a ensinar sobre justiça climática, inclusão social, ciência pública e transformação territorial. Aproveito para reforçar a importância de construirmos mais iniciativas em parceria, buscando articular conhecimento científico, saberes tradicionais e políticas públicas. O fortalecimento das instituições amazônicas precisa ser prioridade e nós temos um potencial imenso em cada universidade da região que, com essa capilaridade, consegue chegar a lugares onde o Estado, muitas vezes, não chega. Chegamos à maioria dos municípios da Amazônia atuando não apenas no ensino, na pesquisa e na extensão, mas também, muitas vezes, nas funções que nem sempre são de nossa natureza institucional. Fazemos isso porque acreditamos que o ensino, o conhecimento e a ciência devem servir para mudar realidades, para abrir caminhos e dar oportunidades reais para os amazônidas”, ressaltou.
Ainda durante o evento, o professor da UFPA Leandro Juen também apresentou a palestra “COP 30 na Amazônia: entre o colapso e a resiliência”, reforçando que a região já produz um volume significativo de conhecimento e tem experiência consolidada de trabalho em rede. “Sabemos fazer ciência de forma integrada e temos exemplos concretos disso: o Cisam, o INCT-SynBiAm e o Capacream mostram que é possível articular universidades, pesquisadores e comunidades em torno de soluções transformadoras para a Amazônia”, destacou.
A COP 30 foi apontada, ainda, como uma oportunidade histórica para reposicionar a Amazônia no centro do debate climático global, dando visibilidade à ciência produzida na região e fortalecendo a participação ativa de povos tradicionais, movimentos sociais e instituições de ensino superior. “O Movimento Ciência e Vozes da Amazônia é mais do que uma mobilização para a COP. É uma plataforma permanente de articulação, escuta e protagonismo amazônico”, concluiu Juen.
O Encontro do Fórum Regional Norte da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) encerrou a sua programação na quarta-feira, com a construção coletiva da Carta de Porto Velho e visitas institucionais. A programação completa está disponível no site da Andifes e no Portal da Universidade Federal de Rondônia (Unir).