Campus Guamá sedia Summit em Estomaterapia da Amazônia e Fórum Paraense da Pessoa com Deficiência

Dois eventos integrados movimentaram o Centro de Eventos Benedito Nunes durante a semana. O Summit em Estomaterapia da Amazônia e o Fórum Paraense da Pessoa com Deficiência, realizados nos dias 7, 8, 9 e 10 de julho, reuniram mais de 500 inscritos no maior auditório da UFPA, entre eles, profissionais de diversas áreas do conhecimento, pessoas com deficiência (PcD), representantes de movimentos sociais, estudantes de graduação, estudantes de pós-graduação e populações tradicionais.

O evento foi uma iniciativa da Associação Brasileira de Estomaterapia Seção Pará (Sobest PA), que contou com a parceria e chancela da Associação Brasileira de Estomaterapia Nacional, além do apoio institucional e patrocínio de diversas outras entidades ligadas à área da saúde. “O Summit em Estomaterapia da Amazônia e o Fórum Paraense da Pessoa com Deficiência surgiram da necessidade da nossa região, pela nossa diversidade cultural, pela distância dos centros de formação especializada e pela demanda populacional de cuidado especializado. O objetivo principal é poder agregar e estabelecer um diálogo entre ciência, tecnologia, sustentabilidade, inovação e, principalmente, inclusão plena”, explica a professora da UFPA Regina Cunha, enfermeira, organizadora do evento e presidente da Sobest/PA.

A Estomaterapia surgiu nos anos 50 e, desde então, é uma área da Enfermagem que trata de pessoas com estomias, feridas e incontinências urinária e anal, como pessoas que passaram por cirurgias de colostomia e traqueostomia. Segundo a professora, ainda não há o perfil dessa população na Amazônia, e o cumprimento das políticas públicas é precário, o que realça a importância do Summit. 

“Eventos como este ajudam a fortalecer o diálogo com diferentes grupos sociais, diferentes populações para que as políticas públicas sejam cumpridas. Existem políticas públicas, é fazer cumprir. Por isso é muito importante que exista essa parceria e esse pertencimento com os pacientes e com a sociedade. Se nós formos buscar a história do SUS, toda política de saúde emerge de movimentos sociais. E quem vai para as ruas são pacientes, famílias e profissionais de saúde. Então, nós devemos a eles essa nossa formação, esse nosso cuidado e o nosso trabalho”, acrescenta Regina Cunha. 

Fórum Paraense da Pessoa com Deficiência – Como o Summit, o Fórum Paraense da Pessoa com Deficiência, que integrou a programação geral, também tratou da garantia de dignidade e participação plena de PcD na Amazônia. “É de suma importância estarmos presentes nesses eventos, mostrando que nós, pessoas com deficiência, temos, sim, o que acrescentar para todos. Infelizmente, existe a visão da sociedade de que a pessoa com deficiência não consegue fazer as coisas, não consegue chegar a cargos altos em empresas, por exemplo, quando nós temos toda capacidade de chegarmos aonde quisermos. Mas nós temos muitas pessoas aqui, dentro da Universidade, por exemplo, para provar a nossa capacidade”, conta Karlos Smith, estudante de Jornalismo da UFPA, pessoa com deficiência visual e diretor da Associação de Discentes com Deficiência da UFPA (ADD-UFPA). 

Desde 2004, pessoas ostomizadas são consideradas PcD pela legislação brasileira, fato que influenciou a decisão de integrar os dois eventos. Durante o fórum, estavam presentes diversas entidades que defendem os direitos das pessoas com deficiência e foram discutidos temas como os desafios e as estratégias para garantir equidade e acessibilidade nos serviços de saúde para PcD, o combate ao capacitismo, a inclusão pelo esporte e a luta dos movimentos sociais por políticas públicas plenamente inclusivas. 

“Particularmente falando, eu estou achando maravilhoso conhecer outras pessoas com deficiência, porque a gente fura a nossa bolha mesmo. A gente quer ficar muito no comodismo de conhecer apenas a nossa deficiência e não é por aí. É preciso “sair da caixinha” para conhecer outras vivências e outros tipos de deficiência também. Então, é de suma importância esse evento como um todo”, enfatizou o estudante Karlos Smith durante o segundo dia de atividades. 

Summit em Estomaterapia da Amazônia – Responsável pela Conferência de Abertura do Summit, que contou com as participações da presidenta da Sobest nacional, Sônia Regina Pérez Evangelista Dantas; a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade do Estado do Pará (UEPA), lLuanna Fernandes; o representante da Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa), Dr. Helio Franco; a coordenadora estadual da Pessoa com Deficiência na Secretaria Executiva de Saúde do Pará (Sespa), Iracy Tupinambá; e o representante da Associação de e para Cegos do Pará (Ascepa), Breno de Souza. A pró-reitora Lucilena Gonzaga enfatizou o papel essencial exercido pela Enfermagem na área da saúde e a importância da integração entre saberes acadêmicos e ancestrais, especialmente na Amazônia. 

“A pandemia da covid-19 mudou a configuração da saúde, da qualidade de vida de toda a humanidade e projetou, ainda mais, os profissionais da área de saúde, notadamente os enfermeiros, para nós observarmosl o quanto é importante o cuidado. Nós queremos que vocês se sintam sempre muito bem-vindos neste espaço acadêmico, que é um espaço não somente da ciência e do conhecimento acadêmico, mas também é o espaço pelo qual nós temos uma grande responsabilidade de unir o conhecimento ancestral ao conhecimento acadêmico, a ciência às populações tradicionais e a todo o conhecimento que nós temos na Amazônia, para pensar a qualidade de vida, o bem-estar  e o nosso meio ambiente, sempre numa perspectiva de que nós somos uma unidade”, declarou a pró-reitora da UFPA. 

Assim como a conferência de abertura, a programação do Summit foi marcada, de forma geral, por atividades inovadoras, que integraram ciência, práticas da área da saúde e saberes tradicionais dos povos da Amazônia. Destacaram-se painéis como “Atenção Interdisciplinar Pessoa com Estomia da Região Amazônica” e “Reabilitação de Pessoas Laringectomizadas e Traqueostomizadas: Desafios e Abordagem para a Recuperação Funcional, o talk-show “Cuidando de Feridas: Saberes e Práticas dos Povos Originários” e as exposições sobre inovação, tradição e sustentabilidade. 

Para Áureo Chaves Carvalho, técnico em enfermagem que participou do Summit como ouvinte, os saberes compartilhados no evento enriquecem a sua jornada pessoal e profissional. “Tudo que foi abordado está sendo importantíssimo, não só para mim, como profissional, mas também para mim, como pessoa, como ser humano. Eu nunca tinha participado de um fórum como este, então aprendi muita coisa nova e, com o início do Summit em Estomaterapia da Amazônia, também ouvi muitas falas importantíssimas de pessoas que têm muito conhecimento na área. Estou aqui para aprender e está sendo riquíssimo”, garantiu Áureo, ainda durante a programação do evento.

TEXTO: Gabriele Cardoso - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

FOTOS: Alexandre de Moraes - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

Relação com os ODS da ONU:

ODS 3 - Saúde e Bem-EstarODS 4 - Educação de Qualidade

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