A produção paraense “Rios de Violência: A Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes na Ilha do Marajó (PA) – Uma Tragédia Oculta”, desenvolvida por estudantes de Jornalismo da Universidade Federal do Pará (UFPA), recebeu reconhecimento nacional ao ser premiada na  17º Prêmio Fernando Pacheco Jordão para Jovens Jornalistas. A cerimônia ocorreu em 9 de julho, no Centro Cultural São Paulo. O evento incluiu uma audição pública das reportagens vencedoras, com a participação dos estudantes premiados e seus respectivos tutores.

A pauta do documentário, que se originou no Norte do Brasil, tem como objetivo principal dar visibilidade à grave e persistente questão da violência sexual infantil na Ilha do Marajó, no Pará. Escrita por Vitória Rodrigues, Vinicius Gonçalves e Denily Fonseca, com a orientação da professora Rosane Albino Steinbrenner, a produção propõe uma análise aprofundada, humanizada e ética sobre a exploração sexual infantil. O foco foi direcionado ao município de Breves que, de acordo com dados do  Atlas da Violência e do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, apresenta os maiores índices desse tipo de violência no estado. 

Segundo Vitória Rodrigues, a equipe também estudou detalhadamente o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI) para mergulhar no tema com o cuidado necessário para a garantia de que as vítimas não fossem expostas, priorizando a segurança e o bem-estar dos envolvidos.

Neste contexto, além dos dados alarmantes, que foram cruciais para a qualificação do trabalho na premiação, o projeto ainda conseguiu evidenciar os fatores estruturais que perpetuam a violência na região. Entre esses fatores, destacam-se a ausência de políticas públicas eficazes, a precariedade da infraestrutura local, que dificulta o acesso a serviços básicos e à fiscalização, e a prática do turismo predatório, que, em muitos casos, se torna um vetor para a exploração de crianças e adolescentes. 

Jornalismo com empatia e segurança – Mais do que a criação de uma pauta jornalística, a equipe de estudantes viu na premiação uma oportunidade para combater discursos sensacionalistas e a desordem informacional que afetam constantemente a Ilha do Marajó, no Pará, e contribuem para a estigmatização da região e de sua população.

“É um assunto pouco debatido e, quando debatido, é de uma forma muito danosa para as pessoas de Breves. Tivemos o cuidado de não abordar o tema dessa maneira”, destaca Vinícius Gonçalves, um dos estudantes premiados. A produção do documentário contou, ainda, com a mentoria do jornalista Victor Ferreira.

Considerado um dos mais prestigiados no cenário jornalístico brasileiro para jovens talentos, o Prêmio Fernando Pacheco Jordão para Jovens Jornalistas destacou a relevância de promover trabalhos acadêmicos éticos e impactantes, que estimulem o debate público e contribuam para a formulação de políticas mais eficazes na proteção de crianças e adolescentes. 

“Foi uma experiência incrível e gratificante, porque é um reconhecimento nacional que compartilhamos com profissionais de outros estados e regiões do país. Ter viajado para receber este prêmio me fez sentir muita felicidade e uma sensação de que todo o nosso trabalho foi recompensado”, compartilha Vinícius Gonçalves.

Nos últimos anos, outras duas equipes de estudantes da UFPA também foram premiadas pela organização do  Prêmio com os documentários “Quilombo do Abacatal: Liberdade para quem?”, em 2024, e  “Vozes Amazônidas: Barcarena Resiste”, em 2022.

Você pode conferir a cerimônia da entrega do prêmio de 2025 aqui.