A potência das produções audiovisuais da Amazônia tem conquistado cada vez mais espaço no cenário nacional. Um projeto da Faculdade de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Pará (UFPA) foi destaque no NordesteLAB 2025, evento de articulação e fomento que busca fortalecer o setor audiovisual do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. Realizado anualmente em Salvador (BA), o encontro reúne estudantes, profissionais e empresas do ramo em 17 estados, consolidando-se como uma iniciativa de impacto cultural.
O Projeto Estrela D’água foi selecionado na categoria Laboratório Universitário, voltada a propostas de curtas-metragens de estudantes de graduação. As produções passaram por consultorias de aprimoramento para o Pitching Universitário, um dos momentos mais aguardados do evento, durante o qual, os estudantes apresentam seus filmes a uma banca de profissionais do mercado audiovisual brasileiro, em busca de parcerias e recursos para viabilizar as produções.
Os estudantes Laura Miranda e Rogi Roberto, que representaram o Estrela D’água no NordesteLAB, conquistaram cinco prêmios, incluindo a premiação de R$ 10 mil do YouTube Brasil, além de um pacote de acessibilidade audiovisual e consultorias criativas, jurídicas e de distribuição.
“Foi uma emoção muito grande ter recebido essas premiações. Por sermos o único projeto do Norte, precisávamos aproveitar essa oportunidade de fala e visibilidade da melhor forma. É um sinal de que temos, sim, muita capacidade técnica e criativa para contar nossas narrativas. O que precisamos é de investimento, oportunidade e formação”, ressalta Laura Miranda.
“Fazer cinema no Brasil exige coragem, mas fazer cinema na Amazônia exige o dobro. O curso de Cinema da UFPA é um dos principais impulsionadores do setor no Pará, então levar um projeto do curso para fora e ganhar cinco prêmios é surreal. Temos que lutar mais e mais por reconhecimento”, afirma Rogi Roberto, estudante que atua como produtor do curta-metragem.
Sobre o projeto – Inspirado nas histórias dos encantados — seres míticos e espirituais, considerados guardiões da natureza e dos rios, que habitam a floresta e os seus locais sagrados —, o curta-metragem propõe uma releitura contemporânea da história da vitória-régia. A trama acompanha Niara, uma jovem ribeirinha que, ao completar 18 anos, vive o dilema entre ir para a cidade realizar o sonho de ser professora ou permanecer no lugar que ama. Em busca de respostas, ela é envolvida por uma encantaria transformadora.
Laura, que assina a direção e o roteiro da obra, também explica que o projeto tem origem em vivências pessoais. Segundo ela, a história tem muitas referências às vivências da sua infância e adolescência em Cametá (PA) e, por isso, escolheu construir uma narrativa que se estabelece no interior, em uma comunidade ribeirinha, na qual pulsa a tradição da contação de histórias.
O projeto foi desenvolvido na disciplina Produção Audiovisual, do curso de Cinema e Audiovisual, ministrada pelo professor Felipe Cortez. “Ao longo das aulas, o filme foi idealizado desde a sinopse até as estratégias de distribuição, o que contribuiu para termos uma visão geral de como funciona a elaboração de um projeto audiovisual voltado à captação de recursos por meio de editais de fomento”, destaca Laura.
Atualmente em fase de desenvolvimento, Estrela D’água será o produto final do Trabalho de Conclusão de Curso de Laura. O projeto também integra o Grupo de Desenvolvimento de Roteiro do Projeto Marieta, que participou do 1° Festival de Roteiro Audiovisual do Amapá/Amazônia e foi vencedor do Grande Prêmio de Roteiro do Festival de Sorocaba.
“Vivemos um momento muito promissor do cinema brasileiro feito no Norte. Sentimos isso em Salvador, com o reconhecimento do nosso trabalho e, de alguma forma, do curso de Cinema da UFPA, que é uma fonte criativa potente de novos talentos no setor audiovisual. O apoio de amigos e professores foi essencial nesse processo”, completa Laura Miranda.
As novidades sobre o filme serão divulgadas no Instagram colaborativo @ensaiocinema.
