Caravana fluvial “Iaraçu” é apresentada à imprensa na UFPA

A Amazônia vai receber um grande projeto voltado a estudos e trocas de experiências e saberes sobre mudanças climáticas, biodiversidade e desafios globais. É a Caravana IARAÇU, iniciativa que celebra a cooperação científica e cultural entre a França e o Brasil, especialmente na Amazônia. O assunto foi pauta de uma coletiva de imprensa, na Universidade Federal do Pará, nesta quarta-feira, 27 de agosto.

Participaram o reitor da Universidade Federal do Pará, Gilmar Pereira da Silva;  o embaixador da França, Emmanuel Lenain; a presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Denise Pires de Carvalho; a comissária da temporada da França no Brasil 2025, Anne Louyot; o diretor interino do Centro Franco-Brasileiro para a Biodiversidade Amazônica (CFBBA) e representante do IRD (Institut de Recherche pour le Développement – França), Abdelfettah Sifeddine, e  Naziano Filizola, professor do Departamento de Geociências da Universidade Federal do Amazonas (DEGEO- UFAM).

Para o reitor da UFPA, a Caravana IARAÇU simboliza uma oportunidade única de aproximar a produção acadêmica das realidades amazônicas, fortalecendo o diálogo entre ciência e comunidades tradicionais. Ele afirmou que o grande legado da COP 30 pode ser justamente a construção de uma nova forma de fazer pesquisa, em que o conhecimento gerado nas universidades se soma ao saber das populações locais. “Além de ouvir as comunidades, vamos socializar com elas o que produzimos na universidade. É muito importante dar voz a quem vive na floresta e contribui com conhecimentos fundamentais para a ciência”, destacou.

Gilmar Pereira da Silva ressaltou que a Caravana reforça o compromisso extensão universitária, ao permitir que pesquisadores dialoguem diretamente com populações indígenas, quilombolas, extrativistas e ribeirinhas. “Nossa grande tarefa é defender a democracia e uma ciência sem fronteiras, que reconheça a importância das pessoas da floresta e fortaleça a universidade como agente de transformação social”, defendeu.

A Caravana partirá do Amazonas com destino a Belém, no dia 28 de outubro, estando aberta a todos os membros da comunidade científica, notadamente aos envolvidos na cooperação Brasil – França. A iniciativa é uma parceria promovida pelo o Instituto Francês de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), a Embaixada da França no Brasil, o CFBBA, a Universidade Federal do Pará (UFPA), a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), o CNPq, a CAPES e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil (MCTI).

O embaixador da França, Emmanuel Lenain, destacou que o projeto é emblemático da cooperação franco-brasileira e busca reunir cientistas, comunidades locais, escolas, associações e instituições públicas em um espaço participativo e inclusivo. Para ele, a Caravana simboliza a vitalidade dessa parceria e a determinação de França e Brasil em enfrentar juntos desafios globais como as mudanças climáticas, a preservação da biodiversidade e a proteção dos ciclos de água. “O Iaraçu é uma travessia científica e humana, que promove soluções coletivas e reforça os laços entre os dois países”, afirmou.

Na avaliação da presidente da CAPES, Denise Pires de Carvalho, a experiência proporcionada pelo barco da Caravana terá papel essencial ao conectar a academia com a vida cotidiana das populações amazônicas. Ela lembrou as dificuldades enfrentadas por crianças ribeirinhas para chegar às escolas e ressaltou que iniciativas como essa são fundamentais para ampliar oportunidades de educação e pesquisa, inclusive com apoio de bolsas oferecidas pela CAPES e pelo CNPq. “A academia não deve apenas transformar a sociedade, mas também ser transformada por ela”, afirmou.

Já a comissária da temporada França-Brasil 2025, Anne Louyot, pontuou que a Caravana integra uma programação mais ampla de cooperação cultural e científica entre os países. “Há uma multiplicidade de projetos entre França e Brasil na Amazônia, que envolvem cinema, exposições e cooperação científica. O Iaraçu simboliza essa diversidade de ações e a força da parceria franco-brasileira”, destacou.

O diretor interino do CFBBA e representante do IRD, Abdelfettah Sifeddine, também reforçou que o IARAÇU é fruto de uma construção coletiva entre parceiros franceses e brasileiros. “Esse projeto vai além da troca acadêmica, ao trazer a ciência para dialogar com a sociedade e gerar indicadores que possam resultar em políticas públicas e soluções práticas”, ressalta.

Por fim, o professor Naziano Filizola, da UFAM, ressaltou que a Caravana também fortalece a rede de universidades amazônicas, que já mantém contato com comunidades em diferentes municípios por meio de unidades descentralizadas. Segundo ele, a iniciativa contribui para intensificar a relação entre universidades e sociedade, colocando o conhecimento científico à disposição das comunidades locais.

Sobre a caravana – A embarcação do projeto vai atravessar os estados do Amazonas, Amapá e Pará antes de atracar em Belém, para a cúpula dos presidentes (6 e 7 de novembro) e estará presente durante as discussões sobre as ações a serem tomadas para combater as mudanças climáticas (10 a 21 de novembro). Durante a navegação, o barco fará escala em várias cidades e comunidades ribeirinhas, de acordo com o itinerário planejado. Os locais de parada durante a expedição contemplam as principais cidades e pólos regionais entre as capitais do Amazonas e do Pará: Manaus, Itacoatiara, Parintins, Óbidos, Alter do Chão, Almeirim, Porto de Moz, Gurupá, Breves e Belém.

O Iaraçu receberá a bordo pesquisadores e professores-pesquisadores brasileiros e franceses, envolvidos em cooperações de pesquisa e/ou formação, que realizarão durante sua estadia uma ou mais atividades relacionadas às mudanças climáticas, das ameaças resultantes à biodiversidade, ao ciclo da água e às sociedades, bem como das estratégias de mitigação e adaptação. Também estarão presentes a bordo autoridades políticas, membros de ONGs e atores da inovação em bioeconomia.

Tudo terá participação ativa das comunidades por onde o projeto irá passar, com programações que devem movimentar as cidades amazônidas, estimulando atores locais de forma integrada. A Caravana terá, ainda, atuação marcante em defesa da biodiversidade, incluindo programações formativas, como a conferência sobre a ameaça das arboviroses no contexto das mudanças climáticas, além da realização de eventos sobre arqueologia e proteção das florestas.

Edital – Para participar e propor atividades, cientistas, professores e pesquisadores de todas as instituições de ensino superior do país, podem se candidatar, por meio de um edital, que segue com inscrições abertas até 29 de agosto. A relação dos selecionados será divulgada em 15 de setembro. 

As ações podem assumir a forma de workshops, seminários, formações, projeções, audições e coleta de ações dos moradores ribeirinhos, os primeiros afetados pelos impactos das mudanças climáticas.

Para mais informações: https://pt.ird.fr/brasil ou pelo e-mail: bresil@ird.fr.

TEXTO: Ana Teresa Brasil - Ascom Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30

FOTOS: Alexandre de Moraes, Assessoria de Comunicação Institucional UFPA

Relação com os ODS da ONU:

ODS 7 - Energia Limpa e AcessívelODS 11 - Cidades e Comunidades SustentáveisODS 12 - Consumo e Produção ResponsáveisODS 13 - Ação Contra a Mudança Global do ClimaODS 14 - Vida na ÁguaODS 15 - Vida Terrestre

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