Símbolo da cooperação científica e da diplomacia ambiental entre Brasil e França, a embarcação Iaraçu atracou no porto da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, após ter passado pelos estados do Amazonas, Amapá e Pará. A iniciativa integra a Caravana Fluvial Científica e Intercultural Iaraçu, que reúne pesquisadores, professores, autoridades e representantes de organizações da sociedade civil comprometidos com a defesa das florestas tropicais e o enfrentamento das mudanças climáticas.
Durante a estadia em Belém, a caravana realizará atividades científicas e formativas voltadas à proteção das florestas, à bioeconomia sustentável, à arqueologia amazônica e à análise dos impactos das mudanças climáticas na saúde e na biodiversidade. A programação foi pensada de uma forma que pudesse anteceder as discussões da COP 30, que ocorrerá de 10 a 21 de novembro, na capital paraense.
De acordo com a representante da Embaixada da França, Nadège Mézié, a caravana buscou aproximar cientistas, estudantes, comunidades e instituições em torno da defesa da biodiversidade e da criação de soluções conjuntas para os desafios climáticos. “Durante a expedição, tivemos espaços de conversa, nos quais os pesquisadores apresentavam seus estudos e também eram ouvidas as experiências dos estudantes e das comunidades em relação aos impactos das mudanças climáticas”, destaca.
O projeto é promovido pelo Instituto Francês de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), em parceria com a Embaixada da França no Brasil, o Centro Franco-Brasileiro da Biodiversidade Amazônica (CFBBA), a Universidade Federal do Pará (UFPA), a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o CNPq, a Capes e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).


Intercâmbio de conhecimentos – Ao longo da expedição, estudantes e pesquisadores brasileiros e franceses participaram de uma série de encontros com comunidades e instituições de pesquisa, durante os quais, foram discutidas estratégias de adaptação às mudanças climáticas, manejo sustentável das florestas e valorização dos saberes tradicionais.
Para o professor da UFPA que integra o projeto, Leandro Juen, a participação da Universidade é estratégica, pois consolida sua posição como uma das principais produtoras de conhecimento científico sobre a Amazônia. Ele ressalta que a UFPA, como maior produtora de pesquisas sobre biodiversidade na região, com 154 programas de pós-graduação e uma ampla rede de parcerias com comunidades e instituições amazônicas, a integração à equipe internacional fortalece a internacionalização da Universidade e amplia o alcance das pesquisas amazônicas.

“A UFPA é referência em diversas áreas do conhecimento, e unir seus esforços aos de instituições francesas será fundamental para ampliar as escalas de pesquisa, fortalecer a inovação científica e gerar impactos reais na sociedade e na conservação da Amazônia”, afirma o docente.
Ele acrescenta, ainda, que a parceria com instituições francesas e universidades ligadas ao IRD tem possibilitado novas oportunidades de cooperação científica e intercâmbio acadêmico. “Esta aproximação institucional fortalece o alcance dessas iniciativas e cria bases mais sólidas para projetos conjuntos, captação de recursos e intercâmbio de pesquisadores e estudantes”, complementa.
A passagem do Iaraçu por Belém simboliza o fortalecimento das redes de pesquisa e do diálogo entre ciência e sociedade na busca de soluções para as principais demandas mundiais, especialmente no que se refere à proteção do meio ambiente e à valorização dos saberes amazônicos, em sintonia com as discussões que devem pautar a COP 30.

Programação dos próximos dias – O projeto passará por alguns municípios da região, como Abaetetuba, e retornará à UFPA para a realização de uma programação especial aberta ao público no período da COP 30. Terão exposições, palestras, exibições de filmes e documentários, além de imersões e oficinas participativas. As atividades acontecerão em diversos espaços do Campus Guamá, conforme programação divulgada.

