O Instituto de Letras e Comunicação organizou, na última terça-feira, 12, a Mostra de Literatura e Cinema de Resistência: narrativas da Amazônia, que debateu as tradições religiosas e o protagonismo paraense em produções literárias e cinematográficas. A mostra traz um conjunto de adaptações cinematográficas de obras literárias paraenses que trabalham na imersão de histórias sobre crenças, promessas e misticismo típicos da região amazônica. As obras participantes foram Chuvas e Trovoadas, As Mulheres Choradeiras e Promessas em Azul e Branco e foram apresentadas no auditório do ILC, gratuitamente, e abertas ao público.
A temática da mostra reflete sobre a imagem que é transmitida no imaginário popular sobre a cultura paraense e a necessidade da valorização de obras oriundas da região amazônica. “É muito importante debater sobre o tema, porque dá a oportunidade de acesso a um conjunto de produções, sejam cinematográficas, sejam literárias, às quais, muitas vezes, as pessoas não têm acesso, não conhecem e, por não conhecerem, acabam fixando um olhar sobre a Amazônia, que é um olhar muito marcado pelo exótico, e precisamos compreender que a Amazônia é mais que isso”, comenta o professor Augusto Pantoja, organizador da mostra.
O evento traz reflexões necessárias em meio à 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que está sendo realizada em Belém. O organizador da mostra comenta a relação entre o tema e as discussões climáticas: “Ao pensar a questão climática, nós temos que também pensar aqueles que vivem, as pessoas, porque, sem elas, não existe o clima, não existe a floresta, as condições ambientais. Este projeto reflete sobre as pessoas da Amazônia, sobre o que é viver o imaginário amazônico, e as mudanças climáticas têm produzido efeitos que fazem com que o nosso território sofra com a possibilidade de não existir mais.”
O professor Fábio Castro comenta a obra As Mulheres Choradeiras, adaptada para um curta-metragem exposto na mostra literária e inspirado no conto publicado em 1997, no livro Terra dos Cabeçudos: “O conto dialoga com tradições socioculturais amazônicas, identificando o papel das ‘choradeiras’, as senhoras pagas para chorar nos velórios e sepultamentos, no passado. Penso que sempre houve um mistério em relação a essas pessoas, e o conto parte desse enigma: o que faz uma pessoa lamentar a morte? A remuneração, apenas? Ou haveria outros interesses secretos?”

