Exposição “Barrigada nos Barracões” leva teatro e histórias quilombolas à UFPA durante a COP 30

A UFPA foi sede da Cúpula dos Povos, evento paralelo à COP 30 que reuniu movimentos sociais e comunidades tradicionais em torno de pautas de resistência e justiça climática. Para esse espaço de resistência de vozes silenciadas, a Casa de Estudos Germânicos convida o público para acompanhar a Exposição “Barrigada nos Barracões: Cenas de Teatro pelos Quilombos”, ligada ao Projeto Barrigada: Negritude em Cena, Quilombo em Diálogo. 

Fotografia registra um jarro de barro e uma cuia que integram a exposição.

Idealizado por Ysmaille Ferreira, doutor em Artes da Cena, o projeto foi contemplado pela Lei Aldir Blanc (PNAB 005/2023) e tem patrocínio da Casa de Estudos Germânicos. Com o objetivo de ampliar a voz e as experiências de mulheres negras quilombolas do Pará por meio da arte, Ysmaille evidencia a importância de abordar essa temática durante a COP 30 e no espaço universitário. 

“A importância de trazer essa exposição é conhecer essas histórias que estão invisibilizadas. Este momento, que é a COP, em que o mundo inteiro está aqui, em Belém, é um momento também para as pessoas entenderem que aqui, além das comunidades indígenas, existem as comunidades quilombolas, que também têm os mesmos problemas: ligados ao território, que também têm seus saberes e pouca gente conhece essas histórias”, explica. 

A mostra exibe imagens e narrativas do espetáculo teatral “Barrigada”, dirigido por Ysmaille e Mar Oliveira. Baseada na pesquisa de Rosilene Lopes, liderança da comunidade quilombola Piracau, a obra é protagonizada por duas jovens do próprio quilombo, onde a dramaturgia foi desenvolvida. O espetáculo traz ao público – de forma crítica – a história e os acontecimentos do território, evidenciando memórias, saberes e resistência.  

“O espetáculo fala da luta pela educação, da luta contra o racismo, da luta contra um fazendeiro que cerca a região, e eles são obrigados a passar por uma ponte. É um teatro  que fala da história dessas próprias pessoas,da história dessas mulheres. Então essas histórias, de algum modo, alimentam um olhar mais positivo para a vida, né? Um olhar menos duro, um olhar para entender que o negro e a negra têm que ocupar outros espaços, que é a universidade, que é a arte”, comenta o diretor da peça.  

Sob a curadoria de Isabel Thaler e Ysmaille, a exposição reúne oito fotografias de autoria de Neiton Moraes. Além das imagens, o espaço expõe elementos simbólicos do cotidiano dos moradores de Piracau, como ervas, cachimbos, tipiti – utensílio feito de palha trançada, usado para espremer mandioca ralada e extrair o líquido – entre outras peças. 

Fotografia registra parte do ambiente da exposição. Há uma placa Barrigada, um quadro da CEG e fitas coloridas penduradas.

“Teve a barrigada” – Segundo Ferreira, o termo “Barrigada”, que nomeia o projeto, surgiu na fala de uma das figuras mais importantes do quilombo, dona Benedita. A princípio, a palavra significa que uma mulher deu à luz a uma criança – “teve a barrigada”. Entretanto, no espetáculo, o significado está inserido em uma dimensão mais ampla. 

“Na dramaturgia, barrigada dá conta de um contexto maior: é a gravidez, é a luta pela educação, é a luta pela arte, é a luta pelo território. Então isso que é a barrigada, alguma coisa que é forte, alguma coisa que ocupa um espaço, alguma coisa que vem para mudar a vida”, explica o artista.

Serviço:

Exposição “Barrigada nos Barracões: Cenas de Teatro pelos Quilombos”

Quando: até 21/11, das 13h às 17h

Local: Casa de Estudos Germânicos, Centro de Internacionalização, Bloco E – UFPA.

Entrada gratuita

TEXTO: Elizabete de Jesus - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

FOTOS: Alexandre de Moraes - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

Relação com os ODS da ONU:

ODS 4 - Educação de QualidadeODS 13 - Ação Contra a Mudança Global do Clima

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