Docente da Escola de Música integra projeto internacional para a composição de obras sobre as identidades da Amazônia

A ancestralidade, a memória, a ecologia e o futuro da Amazônia atravessam o Projeto Ecos da Amazônia, iniciativa que visa fortalecer a cooperação cultural entre o Brasil e a Guiana Francesa, por meio da música. Para trabalhar o tema, a professora Cibelle Donza, da Escola de Música da Universidade Federal do Pará (Emufpa), foi convidada a integrar o grupo de compositoras e compositores responsáveis que criaram obras inéditas especialmente para as apresentações da Orquestra Amazônica de Jovens – Ecos da Amazônia.

O projeto reúne um repertório que dialoga com sonoridades da floresta e com questões contemporâneas que permeiam os países da região amazônica, o que evidencia a circulação de saberes musicais, a integração transfronteiriça e a construção de um futuro mais sensível e solidário. Além da docente da UFPA, também participam, como compositores convidados, Denis Lapassion e Fabrice Pierrat, da Guiana Francesa, e Pierre Thilloy, da França.

Segundo a professora, o convite surgiu da proposta de criar uma ponte musical concreta entre o Brasil e a Guiana Francesa, com a criação de obras em português e francês. Ela assina a obra original A Caipora, inspirada na figura protetora da floresta, e realizou a orquestração e o arranjo de Festa do Divino, peça para piano, do compositor paraense Altino Pimenta.

Fotografia registra a professora Cibelle Donza, meio a uma orquestra, regendo o grupo. Ela está de costa para a plateia.

“É um encontro em que todos aprendem e se transformam: jovens músicos, professores, compositores e regentes, cada um trazendo sua trajetória, descobrindo pontos de convergência e também acolhendo as diferenças. A sensação é de uma experiência artística generosa, em que as diversidades culturais não afastam, mas ampliam o horizonte de possibilidades musicais e humanas”, destaca.

A docente ressalta, ainda, a importância da união entre artistas de diferentes vivências na abordagem sobre a Amazônia, o que possibilita compreender a pluralidade de vozes, ritmos e imaginários que compõem a região. Para ela, o encontro de formações e referências culturais distintas amplia o olhar sobre a musicalidade amazônica e fortalece o diálogo artístico internacional.

O projeto é conduzido pelo Conservatoire de Musique, Danse et Théâtre de Guyane e pela Academia Paraense de Música, em parceria com a Emufpa e o Conservatório Carlos Gomes, e integra a programação da Temporada França-Brasil 2025. As atividades compreendem duas grandes etapas de ensaios e apresentações: a primeira ocorreu em Belém, no Theatro da Paz, nos dias 3 e 4 de dezembro; e a segunda será realizada em preparação para o concerto de 29 de janeiro, em Caiena, na Guiana Francesa.

A participação da Escola de Música da UFPA compreende o envolvimento de dezenas de estudantes e docentes, que viajarão, em janeiro, para a segunda etapa das atividades. Além da atuação no projeto, a Emufpa também oficializou um acordo interinstitucional entre com o Conservatório da Guiana Francesa, que vai abranger novas ações conjuntas nos próximos anos.

Fotografia posada registra a professora Cibelle Donza, em um espaço que parece um teatro.

Premiação – Além da participação no Ecos da Amazônia, a docente foi vencedora do Prêmio Amazônia de Música, na categoria Melhor Regente (música de concerto). A participação ocorreu por meio de curadoria, com indicações feitas por representantes dos nove estados da Amazônia Legal.

A Escola de Música da UFPA teve três indicações na premiação e todas foram vencedoras em suas categorias, incluindo o professor Kléber Benigno e o Grupo Tamboiara Amazônia, formado, majoritariamente, por estudantes da Emufpa.

“Receber esse prêmio representa o reconhecimento de um trabalho construído ao longo de muitos anos, dentro da própria região onde atuo. Então, claro que fico muito feliz, não só pelo reconhecimento pessoal, mas também pelo fato de o prêmio ter incluído uma categoria dedicada à música de concerto. Isso amplia a conversa com públicos que, normalmente, estão fora desse universo, que, às vezes, é visto como mais fechado”, enfatiza a professora Cibelle Donza.

Para a professora, o reconhecimento dos professores e estudantes da Emufpa na premiação também demonstra a valorização da produção artística da região. “É um sinal concreto da relevância do trabalho pedagógico, criativo e comunitário desenvolvido na instituição”, completa.

TEXTO: Luan Cardoso – Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

FOTOS: Tereza e Aryanne

Relação com os ODS da ONU:

ODS 4 - Educação de Qualidade

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