A tese “Análise do Discurso do Estresse na Pós-Modernidade: A Precariedade do Trabalho, o Culto à Performance, a Produção e o Consumo”, situada na linha de Pesquisa Psicologia, Sociedade e Saúde, propõe que o discurso sobre o estresse não é apenas fenômeno biopsicossocial, mas construto intrinsecamente ligado à lógica socioeconômica pós-moderna, atuando para naturalizar estressores adoecedores. Ao justificar a precarização do trabalho e o culto à performance, esse discurso captura o tempo de vida para o ciclo de produção e consumo, consolidando o estresse como indicador da transição da sociedade da disciplina para a do desempenho e do autopanóptico. Para compreender esta construção discursiva, o estudo utilizou a Análise do Discurso, estruturada pela arqueologia e genealogia de Foucault e sistematizada por Orlandi, aplicando como desenho metodológico uma Rede Documental de Pesquisa (RDP). Esta rede comparou dois campos: a Literatura Científica (artigos analisados por metassíntese adaptada, seguindo PRISMA-P e Cochrane) e a Literatura Cinza (mídias de alta circulação, via IVC/ANER), visando entender como a linguagem técnica valida ou refuta as narrativas populares. Como resultado, a tese constatou que o discurso do estresse funciona como imperativo de otimização e resiliência individual que, ao privatizar problemas estruturais, instrumentaliza o sofrimento como métrica de valor ou dado quantificável. Revelou-se a convergência ideológica: a Literatura Científica constrói o estresse como risco técnico objetivável (Vigilância Preditiva) a ser gerenciado para garantir a produtividade, enquanto a Literatura Cinza o enquadra como teste de caráter a ser superado por autogestão. Ambas as abordagens focam na adaptação do indivíduo, mantendo as estruturas de produção intactas. Conclui-se que esta discursividade garante o assujeitamento ideológico à cultura da performance, perpetuando a captura do tempo de vida ao converter o ócio e o lazer em ferramentas de produtividade e ao enquadrar a crise de saúde mental como uma falha individual de “flexibilidade psicológica”, o que, em última análise, desculpabiliza os agentes adoecedores estruturais.

