O Banco da Amazônia tornou público, em agosto, o resultado final do Edital de Seleção Pública de Pesquisa Científica e Tecnológica, Edição 2018. Com mais de 600 projetos inscritos, foram selecionados 15 projetos de pesquisa científica tecnológica e de inovação, a serem desenvolvidos por diferentes instituições de pesquisa da Região Amazônica, entre eles dois projetos da UFPA.
Entre as propostas recebidas por setor, o destaque foi o de Biotecnologia/ Fitoterápicos/Etnobotânica, mostrando que o bioma amazônico tem gerado grandes preocupações quanto à preservação e ao uso sustentável de seus recursos naturais, seguido por aqueles voltados para o estudo dos Recursos Florestais e Hídricos/ Meio Ambiente e os ligados à Agricultura e à Produção animal.
A iniciativa para a seleção de projetos de pesquisa é da própria instituição, que investirá R$ 1 milhão de reais nos projetos selecionados. Os projetos de pesquisa “Extrato de plantas da Amazônia e seus princípios ativos isolados com tecnologia supercrítica para o desenvolvimento de fitoterápicos e/ou fitofármacos com efeitos neuroprotetores para acidente vascular encefálico e trauma” e “Desenvolvimento de novos catalisadores e processos sustentáveis para biorrefinaria utilizando rejeitos agroindustriais lignocelulósicos amazônicos”, desenvolvidos na UFPA, receberão o auxílio.
Projeto – Luis Adriano Nascimento, pesquisador do Instituto de Ciências Biológicas (ICB/UFPA), explica que o Projeto “Desenvolvimento de novos catalisadores e processos sustentáveis para biorrefinaria utilizando rejeitos agroindustriais lignocelulósicos amazônicos” objetiva aproveitar rejeitos lignocelulósicos de origem amazônica para transformá-los em produtos químicos de interesse comercial.
“Estes rejeitos serão caraterizados, alguns serão transformados quimicamente em catalisadores, enquanto outros serão utilizados como matéria-prima para biocombustíveis e produtos químicos de interesse farmacêutico, cosmético, entre outros, por meio de reações catalisadas pelos materiais produzidos”, explica.
Conforme os resultados, além de produção científica (artigos e até mesmo patentes), haverá a divulgação dos resultados da pesquisa em uma linguagem apropriada e de forma a gerar um ambiente sustentável e financeiramente favorável de aproveitamento e/ou minimização destes rejeitos.
O pesquisador do Projeto “Extrato de plantas da Amazônia e seus princípios ativos isolados com tecnologia supercrítica para o desenvolvimento de fitoterápicos e/ou fitofármacos com efeitos neuroprotetores para acidente vascular encefálico e trauma” Walace Gomes, também do ICB, explica que serão usadas técnicas morfológicas, de Engenharia Química e Biologia molecular para estudar o potencial anti-inflamatório e neuroprotetor de plantas amazônicas como óleo de copaíba, gergelim preto, cipó puçá, cipó de alho e pau-de-angola.
“A Amazônia brasileira possui uma grande variedade de plantas com potencial anti-inflamatório e/ou neuroprotetor praticamente inexplorado. No Pará, a medicina popular sugere o uso dessas plantas para diversos tipos de enfermidades, no entanto as pistas deste conhecimento popular, consideradas não científicas pela comunidade acadêmica, são, geralmente, ignoradas na escolha de plantas para testes científicos”, ressalta.
O grupo de pesquisa em Neuroproteção e Neurorregeneração Experimental do ICB desenvolverá pesquisas utilizando a tecnologia de extração com fluido supercrítico, em colaboração com professores da Faculdade de Engenharia de Alimentos e da Faculdade de Farmácia da UFPA, para obter extratos das plantas, testar sua eficácia científica e desenvolver, futuramente, fitoterápicos com efeitos anti-inflamatórios para doenças do sistema nervoso central, como o acidente vascular encefálico, que acomete milhares de pessoas no Brasil.
Expectativa – Para a coordenadora de Sustentabilidade, Meio Ambiente e Estudos Econômicos do Banco da Amazônia, Josimara Almeida, é grande a expectativa de que as pesquisas selecionadas possam contribuir para o avanço do conhecimento em torno do uso da biodiversidade amazônica.
“Observando os critérios definidos no Edital, selecionamos projetos que envolvem temas variados, inclusive com o propósito de mostrar que os recursos naturais da Amazônia têm muito potencial e inúmeras possibilidades de uso, desde fármacos, bicombustíveis, produção de alimentos, indústria avançada, entre outros”, relata.
De 1999 até o ano de 2017, o Banco da Amazônia financiou 389 projetos de pesquisa, envolvendo parcerias com mais de 40 instituições da Amazônia Legal. “Investir em pesquisa, para o Banco, significa contribuir com o desenvolvimento sustentável da Amazônia – um dos pilares do seu Planejamento Estratégico – aliando o incentivo à inovação ao uso sustentável dos recursos”, completa Josimara.
Texto: Elizandra Ferreira – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Arquivo do Pesquisador