Para que a comunidade da Universidade Federal do Pará possa conhecer um pouco mais sobre os alunos africanos e os de comunidades quilombolas que estudam na Universidade, assim como refletir sobre a importância da negritude para a construção da sociedade brasileira, a Casa Brasil-África (CBA) promoveu, nesta segunda-feira, 20 de novembro, Dia da Consciência Negra no Brasil, o lançamento da revista em quadrinhos Africano Pai D’Égua.
Foi objetivando a criação de um produto pedagógico sobre a África e os estudantes africanos na UFPA que surgiu a revista, como uma publicação que, fornecendo informações sobre alguns países africanos – principalmente aqueles com um número expressivo de alunos inseridos na Universidade – contribuísse para aumentar o conhecimento sobre o continente na comunidade universitária brasileira e, consequentemente, diminuir o preconceito e a discriminação.
O lançamento da revista em quadrinhos, com a apresentação de outros livros sobre segurança pública, educação e cooperação Sul-Sul, produzidos no âmbito da colaboração entre programas da UFPA e instituições de ensino brasileiras e africanas, bem como um festival de gastronomia, danças e músicas africanas e quilombolas e uma roda de conversa sobre diversidade e racismo na UFPA, fizeram parte de um conjunto de atividades promovidas pela CBA visando contribuir para a eliminação de todas as formas de racismo e discriminação.
O evento aconteceu no hall do Mirante do Rio, foi prestigiado pelo deputado federal Edmilson Rodrigues e contou com a presença do representante do reitor e secretário-geral da Reitoria, professor Marcelo Galvão; do representante da Prointer, professor Claudio Szlafsztein; do coordenador da Casa Brasil-África, professor Hilton Silva; da assessora de Relações Étnico-Raciais, professora Zélia Amador; dos autores da revista, Ricardo Ono e Volney Nazareno; dos representantes da Associação de Estudantes Estrangeiros, Israel Hansou, e da Associação dos Discentes Quilombolas, Carlos Santos; e dos alunos participantes da CBA e do processo de criação da revista.
Para o representante do reitor, professor Marcelo Galvão, que saudou os presentes, expressou agradecimentos pelo convite e justificou a ausência do professor Emmanuel Tourinho, o lançamento da revista foi importante não apenas pela relação com a data, 20 de novembro, mas também por refletir um dos eixos do programa da administração superior da Universidade, que é a diversidade, em particular, étnico-racial. “Quando nos referimos aos estudantes estrangeiros da UFPA, ressaltamos logo a presença significativa de estudantes africanos. Muitos deles estão aqui, para o lançamento da revista, e é perceptível a alegria deles. Eu, pessoalmente, estou muito contente por mais esta realização que envolve a Casa Brasil-África e que se alia ao lançamento de outras obras, relacionadas à segurança pública e à educação e cooperação Sul-Sul. Acompanhei a produção da revista e participei diretamente no processo de materialização das demais obras – todas interessantes, educativas, e cuja leitura recomendo a todos. Parabéns aos organizadores do evento. Desejo sucesso a todos quantos se empenharam para tornar efetivo este evento”, disse.
Segundo Hilton Silva, o evento serviu para lembrar as raízes africanas do Pará e a importância do movimento negro no Brasil, bem como a necessidade de se criar uma sociedade sem discriminação e racismo. “Por ser a Universidade um ambiente em que devemos sempre estimular a diversidade e a relação entre as pessoas, é importante dar oportunidade para que todos da UFPA conheçam um pouco mais sobre a população quilombola e os africanos que estudam aqui, e refletir sobre o dia 20 de novembro e a importância da negritude na construção da sociedade brasileira”, completou.
Zélia Amador, da Assessoria de Relações Étnico-Raciais, ressaltou a importância de o evento ter ocorrido no Dia Nacional da Consciência Negra para a interação entre os estudantes estrangeiros, em sua maioria africanos, com os outros alunos da UFPA. “É importantíssimo que a Universidade faça esses eventos com cada vez mais frequência porque não é só a interação entre os estudantes, mas também é a UFPA adquirindo uma consciência de que esta nação é uma nação negra, que o Brasil é o segundo maior país em número de pessoas negras, fora do continente africano”, declarou.
Casa Brasil-África – A UFPA é uma das IES brasileiras que atendem ao programa federal de recepção de alunos estrangeiros, o Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), que oferece a oportunidade de formação superior, no Brasil, a cidadãos de diversos países em desenvolvimento. Esses alunos observam de imediato o preconceito gerado contra quem possui uma origem étnica diferente e revelam desconforto sobre a forma de como, no Brasil, a cor da pele está associada a visões estereotipadas.
Com o intuito de melhor recepcionar os alunos africanos e afro-brasileiros no espaço acadêmico, foram concebidas e implementadas diversas ações na Universidade. Uma das mais relevantes foi a criação, pelo Grupo de Estudos Afro-Amazônico (GEAM), da Casa Brasil-África (CBA), um espaço que tem como objetivo o intercâmbio, a difusão da cultura africana no Brasil (e vice-versa) e abordar assuntos no âmbito das relações étnico-raciais e das relações transatlânticas, contribuindo para a eliminação de preconceitos e discriminações de todos os tipos.
Mais informações no site.
Revista – “A apresentação de situações étnicas pelas quais os alunos passaram, ou que temiam passar, e também de sua própria identidade, por meio de uma breve apresentação de sua terra natal, foi o principal foco da publicação. Para tanto, foi realizada uma pesquisa, por meio de entrevistas com alunos africanos, estudantes da UFPA”, contou Ricardo Ono, um dos autores da revista.
A intenção inicial dos criadores dos quadrinhos era mapear elementos representativos dos países de origem dos alunos africanos e brasileiros, suas vivências e traduzir tudo isso de forma ilustrada, para a melhoria da autoestima dos alunos africanos e afrodescendentes, bem como a desconstrução de estereótipos equivocados sobre a África e os africanos.
Para o representante da Prointer, Claudio Szlafsztein, a importância da revista não está na forma do produto, e sim em seu conteúdo. “Ela é necessária para mostrar a heterogeneidade e a diversidade dos integrantes da UFPA e, também, para refletirmos sobre nós mesmos em prol de um crescimento pessoal; quando conheço a diversidade, de alguma maneira a respeito, portanto essa revista é um instrumento de fácil leitura, de fácil divulgação para certo público, e permite que nos conheçamos melhor e para nosso crescimento pessoal”, explicou.
A revista em quadrinhos “Africano Pai D’égua” pode ser adquirida de forma gratuita on-line aqui, ou impressa, na Casa Brasil-África e na Pró-reitoria de Relações Internacionais.
Texto: Elizandra Ferreira – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Alexandre Yuri