Diversas atividades da programação dos Diálogos Amazônicos pautaram, de forma central, o tema da Ciência e Tecnologia. Plenárias e atividades auto-organizadas discutiram os desafios da produção de conhecimento integrado sobre a Amazônia e a importância da garantia de o financiamento das pesquisas sobre a região ser direcionado prioritariamente às instituições científicas da Amazônia. A Universidade Federal do Pará participou das discussões com destaque, representada por diversos pesquisadores e pelo reitor, Emmanuel Zagury Tourinho.
Logo no início da manhã do dia 5 de agosto, a Secretaria de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) promoveu o painel “Ciência e sustentabilidade na Amazônia: preservando um tesouro natural”, coordenado pela secretária de Políticas e Programas Estratégicos do MCTI, Marcia Barbosa.
Participaram da abertura do evento o embaixador do Ministério de Relações Exteriores do Brasil, Antônio Ricarte; o secretário de Economia Verde do Ministério de Indústria, Comércio e Serviços, Rodrigo Rollemberg; o reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho; a reitora da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Aldenize Xavier; e o pesquisador Carlos Nobre, representando o Painel Científico da Amazônia.
Tratando do tema da biodiversidade e da bioeconomia, o reitor Emmanuel Tourinho destacou: “Há muitas possibilidades de bioeconomia, mas a bioeconomia que queremos é a que respeite as populações que aqui vivem e respeite a capacidade intelectual dos pesquisadores que aqui realizam estudos sobre a Amazônia de modo integrado e dialogado com as sociedades locais. A Amazônia não é um vazio demográfico e não é um vazio intelectual. Este é um evento para afirmar o protagonismo dos amazônidas”. O reitor também reivindicou o direcionamento de investimentos em Ciência e Tecnologia para a região, visto que, atualmente, menos de 5% dos recursos de Ciência e Tecnologia chegam à Amazônia, percentual abaixo, por exemplo, da contribuição de 10% da região para o Produto Interno Bruto nacional.
Emmanuel Tourinho apresentou a proposta do Centro Integrado da Sociobiodiversidade Amazônica (Cisam), que congrega, em rede, as 13 universidades federais sediadas nos nove estados da Amazônia Legal. “O centro se propõe a integrar os esforços de pesquisa já existentes na região e ir além, potencializando as pesquisas em rede e a consolidação dos resultados em documentos que poderão subsidiar a sociedade e os governos na implementação de políticas públicas”, explicou o reitor. Com oito linhas temáticas, o Cisam vai articular os pesquisadores em torno de uma agenda de pesquisa proposta em diálogo com os povos e as comunidades locais visando à preservação de todas as formas de vida com sustentabilidade econômica, social e ambiental.
Rodrigo Rollemberg, Antônio Ricarte e Marcia Barbosa parabenizaram a iniciativa do Cisam, pois vai ao encontro do trabalho científico em rede, que consideram estratégico para que a Ciência e a Tecnologia possam contribuir de modo central para o presente e o futuro da Amazônia e do planeta. “Construir essa rota passa, necessariamente, por mudar o financiamento da região para que essa sinergia se realize. Vamos implementar o Programa Pró-Amazônia, a partir do que o povo aqui quer e o que a gente pode instrumentalizar. Vocês vão dizer como vocês querem e como fazemos isso juntos e juntas”, garantiu a secretária Marcia Barbosa.
Seminário Internacional – No âmbito das Humanidades, o Seminário Internacional “Amazônia sustentável – contribuições das ciências sociais, do multilateralismo e da sociedade civil” foi organizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO), com participação de pesquisadores da UFPA nos diálogos ao longo da programação, como as professoras Jane Beltrão e Edna Castro.
O reitor Emmanuel Zagury Tourinho também participou da abertura, reforçando a importância do momento vivido no país e no mundo, com os holofotes sobre a Amazônia: “Temos hoje um governo que tem preocupação efetiva com a Amazônia e quer ouvir o que pensamos sobre os nossos problemas e os futuros possíveis. A bioeconomia é uma grande nova fronteira econômica para o país e temos a responsabilidade de construir um modelo de bioeconomia que não reproduza o aproveitamento exploratório dos recursos minerais e do potencial energético da Amazônia. Para isso, precisamos que o debate sobre bioeconomia seja um debate sobre o empoderamento das populações que vivem na Amazônia, para que permaneçam em seus territórios. Nossas universidades têm enorme capacidade de pesquisa em diálogo com as organizações da sociedade que têm mais compromisso com a cidadania do que com a geração de riqueza”.
Também se destacaram, na programação deste dia, o painel “O Papel das Universidades Públicas no Desenvolvimento da Amazônia”, organizado pela UFPA, com a participação de representantes de outras nove universidades federais da região, e a plenária “Como Pensar a Amazônia para o Futuro a partir da Ciência, Tecnologia, Inovação e Pesquisa Acadêmica e Transição Energética”, que foi aberta pelo reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho, e teve a participação da ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.
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Texto: Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Fotos: Alexandre de Moraes – Ascom UFPA; Rodrigo Cabral – Ascom MCTI