Comunidade Científica reflete o papel das populações tradicionais no enfrentamento às mudanças climáticas

A Casa da Ciência do Museu Paraense Emílio Goeldi sediou na última sexta-feira, 21, a mesa-redonda “Como envolver as populações locais e as tecnologias sociais no enfrentamento das mudanças climáticas”, reunindo reitores e especialistas para discutir caminhos integrados entre universidade, ciência e comunidades tradicionais.  O evento, realizado na reta final da Conferência das Partes celebrada na Amazônia (COP 30), abordou a importância da horizontalização dos saberes e da participação ativa das comunidades locais nas políticas ambientais.

O encontro foi mediado pela reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Sandra Goulart Almeida, e contou com a participação do reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Gilmar Pereira da Silva, e do professor da Universidade Regional do Cariri (URCA), Francisco Lima Júnior. Durante o encontro, o reitor da UFPA Gilmar Pereira destacou que a relação entre universidades e comunidades tem ganhado força nas últimas décadas, especialmente com a ampliação da democracia e das políticas de inclusão no ensino superior, estendendo-se  também diretamente ao diálogo com populações indígenas, quilombolas e ribeirinhas. 

“Em tese, as universidades brasileiras têm o compromisso de fazer ensino, pesquisa e extensão dentro de um ‘quadrado’, mas a gente faz muito mais que isso. A gente se envolve, vai lá para a comunidade e dialoga com ela”, reiterou o palestrante. 

Fotografia do reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, falando ao microfone.

Amazônia, ciência e legado da COP – Gilmar Pereira aproveitou o momento também para falar sobre o legado fundamental que acredita que deve ser herdado após a COP: a capacidade de horizontalizar os saberes. “Não há nenhum saber mais importante que o outro. O saber acadêmico é muito importante, mas não tem sentido sem o saber dos indígenas, dos quilombolas e das populações tradicionais. Se você for às nossas ilhas, vai ver as comunidades habitando a floresta em pé, o rio cuidado, a preocupação com a pesca, entre outras ações do cotidiano deles. Não fomos nós da Academia que ensinamos eles a fazerem isso, eles já faziam isso. Quem tem que aprender com eles somos nós”, defendeu  o reitor da UFPA.

Para ele, a realização da COP no Norte do Brasil representou um marco no reconhecimento da Amazônia como centro estratégico para o enfrentamento da crise climática, não apenas por seus recursos naturais, mas, principalmente, por seus povos. “Para mim, essa COP teve um significado muito especial: ela jogou luzes sobre a ciência, sobre a Amazônia, sobre os povos tradicionais e sobre o nosso país. E isso já é um legado extraordinário”, destacou

Extensão universitária e tecnologias sociais – Para a reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida, o Brasil possui uma compreensão singular sobre extensão universitária, profundamente conectada às comunidades, característica que diferencia o modelo brasileiro de outras regiões do mundo. Por este motivo, é importante que haja o uso das tecnologias sociais como pontes entre universidade e sociedade, e como instrumentos de aprendizagem mútua. “Temos que refletir sobre como trabalhar e aprender com as populações locais por meio das tecnologias sociais, porque temos muito a aprender com esses saberes e devemos trazê-los para dentro das nossas universidades”, comentou.

Sobre as reflexões para o futuro, os participantes defenderam que a agenda climática deve envolver ciência, sociedade civil e políticas públicas de maneira integrada, sempre considerando a pluralidade de saberes que compõem o território amazônico. “Acredito que a COP vai fazer diferença na nossa reflexão sobre o que acontece em termos de mudanças climáticas no mundo como um todo”, enfatizou a moderadora.

TEXTO: Tahís Cristine - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

FOTOS: Alexandre de Moraes - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

Relação com os ODS da ONU:

ODS 4 - Educação de QualidadeODS 13 - Ação Contra a Mudança Global do Clima

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