Durante três dias, 21, 22 e 23 de maio, a Universidade Federal do Pará foi palco do Congresso dos 50 anos do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP). O encontro teve o objetivo de celebrar a história e a missão do CPP, além de apontar caminhos futuros para a ação da pastoral. A programação foi aberta, no dia 21, com a participação do bispo auxiliar da Arquidiocese de Belém, Dom Irineu Roman; do presidente da pastoral e da Comissão Episcopal para Ação Social Transformadora da CNBB, Dom José Valdeci Mendes; e do vice-reitor da UFPA, professor Gilmar Silva, na ocasião representando o reitor Emmanuel Tourinho.
“O congresso representa um marco importante para os pescadores artesanais que, ao longo dos anos, têm contribuído para garantir alimento na mesa da população. Destaco, ainda, que foram muitas lutas e vitórias ao longo desses 50 anos. A UFPA, como instituição de ensino, pesquisa e extensão, parabeniza a Pastoral pelo evento e coloca-se à disposição para contribuir com a formação desses trabalhadores e trabalhadores”, destacou o vice-reitor da UFPA, Gilmar Silva.
Durante esta semana, a Universidade recebeu cerca de 500 participantes de 17 Estados brasileiros, entre pescadores e pescadoras artesanais, além de agentes de pastoral. Um dos mais importantes teólogos da Igreja Católica do Brasil, o monge beneditino Marcelo Barros, e o cantor da teologia da libertação Zé Vicente também foram convidados para ajudar nas reflexões e na condução do encontro.
Para a secretária executiva nacional do Conselho Pastoral dos Pescadores, Ormezita Barbosa, o congresso foi realizado em um momento importante e desafiador da história do País, e em um local simbólico, no chão da Amazônia, “no ano em que o Papa convida a Igreja a celebrar o Sínodo da Amazônia. E é com essa sintonia que celebramos os 50 anos da Pastoral dos Pescadores”, comemorou.
A aproximação do Sínodo e o desejo de avançar o trabalho de atuação da pastoral pelos biomas amazônicos e do pantanal pelos próximos três anos motivaram a realização do encontro, na cidade de Belém, onde a pastoral já atua há 32 anos.
Lutas por direitos – A celebração dos 50 anos ganhou também contornos ainda mais importantes no atual momento, em razão das ameaças que os direitos conquistados pelos pescadores e pescadoras artesanais estão sofrendo recentemente.
A atuação da Pastoral, nas últimas décadas, potencializou os processos de luta, organização, conquistas e avanços da pesca artesanal. As mobilizações da Constituinte da Pesca, movimento organizado pelo CPP durante a década de 80, no período da elaboração da Constituição de 1988, garantiu aos pescadores e às pescadoras artesanais conquistas sociais importantes, como o direito à aposentadoria rural, entre outros, que, no momento, está ameaçado com a Reforma da Previdência.
Ormezita Barbosa afirma que, durante todos esses anos, o CPP vem ajudando os pescadores nas organizações de associações, como a criação do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP), e vem fortalecendo essas associações fazendo com que os pescadores sejam protagonistas de suas lutas, conquistando aquilo que almejam para suas famílias e territórios.
No Congresso, todo esse legado foi lembrado, tendo a presença de figuras históricas da pesca artesanal, como a pescadora Joana Mousinho, que foi a primeira mulher a ser eleita presidente de Colônia e de confederação dos pescadores.
Sobre o CPP – O Conselho Pastoral dos Pescadores é uma pastoral social e está ligada à Comissão Episcopal para Ação Social Transformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), atuando em 11 Estados brasileiros, incluindo o Pará. Atualmente, o bispo da diocese de Brejo (MA), D. José Valdeci Mendes, preside a pastoral e a Comissão Episcopal para Ação Social Transformadora da CNBB.
A pastoral foi fundada em 1969, em Olinda (PE), pelo Frei Alfredo Schnuettgen, tendo, na época, o incentivo do bispo Dom Helder Câmara.
Texto: Assessoria de Comunicação da UFPA, com informações da Assessoria de Comunicação da CPP.
Fotos: Thomas Bauer