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TAMANHO DA FONTE

Cultura popular e conhecimento acadêmico compartilham informações para a inclusão da pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Está chegando o mês de abril e, com ele, vem o Dia  Mundial de Conscientização sobre o Autismo, data designada para a ampliação do debate sobre a importância de se compartilhar  informações sobre o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e, assim, desmistificar os estereótipos e combater a discriminação sobre os mais de 2 milhões de brasileiros que possuem o transtorno.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Transtorno do Espectro Autista é um distúrbio caracterizado pela alteração das funções do neurodesenvolvimento do indivíduo, interferindo na capacidade de comunicação, na linguagem, na interação social e no comportamento. Dentro do espectro, são identificados graus que podem ser leves e com total independência, apresentando discretas dificuldades de adaptação, até níveis de total dependência para atividades cotidianas ao longo de toda a vida.

A suspeita inicial do TEA é feita, normalmente, ainda na infância, durante as consultas de rotina de acompanhamento do desenvolvimento infantil. Com um diagnóstico precoce, é possível desenvolver práticas para estimular a independência e a promoção da qualidade de vida e acessibilidade para essas crianças.

Acessibilidade e inclusão – Embora o país esteja evoluindo no desenvolvimento de estratégias importantes para a inclusão de pessoas com TEA, esse trabalho precisa ser recorrente e mais popularizado, tanto para facilitar o acesso de pessoas com o transtorno a diferentes espaços sociais, quanto para conhecimento da sociedade sobre a importância dessa inclusão para o desenvolvimento social. Em Belém, esta temática foi destaque no retorno dos desfiles das escolas de samba, realizados na Vila Cabana, durante o carnaval.

Com o samba-enredo “TEA: Temos o Elixir do Amor”, a escola de samba Império Pedreirense apresentou, como destaque no carnaval deste ano, os Projetos “IntensiTEA” e “Na trilha do saber”, os livros Núcleo de Acessibilidade no ensino Superio” e Tecnologias assistiva na educação básica e ensino superior, e a cartilha Cartilha de Orientações sobre o Transtorno do Espectro do Autismo, todos desenvolvidos em atividades da UFPA.

Motivado por questões pessoais do diretor artístico da escola, Carlos Pinto, o samba-enredo da escola buscou dar visibilidade para a importância de falar sobre o TEA em todas as vertentes da sociedade, mostrando-se como uma forma de aproximação entre sociedade e produção acadêmica e, principalmente, dando destaque para uma pauta tão necessária de debate: a acessibilidade.

“O fato de o produto ter sido apresentado no carnaval,na Aldeia Cabana de Cultura Amazônica David Miguel, em Belém-Pará, em um enredo com a temática do TEA, nos deixa muito felizes pelo reconhecimento de um trabalho feito com muita dedicação e entrega, mas, sobretudo, pela divulgação da produção científica para a comunidade. Foi um momento importante também para a conscientização da sociedade de que a pessoa autista pode e deve estar em todos os lugares e, cada vez mais, no ensino superior. A sociedade passa a desmistificar a ideia de que a pessoa com autismo não consegue chegar na Universidade, para a ideia de que eles conseguem, sim, e já chegaram”, lembra a professora  Arlete Marinho, orientadora do IntensiTEA.

O IntensiTEA é um produto educacional resultante do mestrado de Adeline Oliveira, defendido em 2021, no Programa de Pós-Graduação Criatividade e Inovação em Metodologias de Ensino Superior (PPGCIMES/NITAE/UFPA), com orientação das professoras Arlete Marinho Gonçalves e Netília Seixas. O produto consiste em um protocolo de exercício físico destinado ao melhor desempenho de funções executivas para estudantes com autismo do ensino superior, de maneira aguda.

Conhecimento compartilhado – Outro projeto da UFPA também utilizado na abordagem apresentada pela Escola de Samba Império Pedreirense, o Na trilha do Saber, é um jogo que busca proporcionar um ensino de Física mais divertido e lúdico e estimular as áreas da comunicação, interação social e imaginação em qualquer área da educação básica de ensino. O jogo também atribui aos alunos relações grupais, estimulação de suas habilidades, da coordenação motora, comunicação verbal e também a não verbal. Premiada no Encontro de Físicos do Norte Nordeste 2022 como Melhor Produto Educacional, a ferramenta foi desenvolvida pela professora Lerika Poll, durante seu Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física (MNPEF), do Programa de Pós-Graduação da UFPA.

“Trazer a temática da inclusão como tema de carnaval foi uma escolha muito feliz e, nesse sentido, ter um carro alegórico com um produto educacional, fruto de uma pesquisa desenvolvida dentro da universidade, aproxima a sociedade da comunidade acadêmica, quebrando barreiras entre estes dois espaços. A universidade produz conhecimento e gera tecnologia. A sociedade usufrui, muitas vezes sem perceber, dessa produção. Acontecimentos como este ajudam a aproximar esses dois espaços e mostram para a sociedade a importância da academia”, comenta a coordenadora do polo UFPA do Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física, Silvana Perez.

Para a professora Lerika Poll, autora do projeto e da pesquisa Na Trilha do Saber, este reconhecimento foi uma surpresa. “Eu jamais imaginei que eu iria receber a ligação do diretor de uma escola de samba, pedindo para ter o livro no carro abre alas, como forma de representar os trabalhos desenvolvidos para crianças com autismo. Ter o meu trabalho reconhecido dentro desse universo de atividades e práticas educacionais desenvolvidas para crianças autistas, de ter sido indicada para estar ali representando tudo isso, foi uma experiência ímpar”, finalizou.

Texto: Isabelly Risuenho – Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

Fotos: Acervo pessoal das entrevistadas

Relação com os ODS da ONU:

ODS 4 - Educação de QualidadeODS 10 - Redução das Desigualdades

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