Cúpula dos Povos na UFPA encerra com fortalecimento das vozes amazônicas

No período de 12 a 16 de novembro de 2025, a Universidade Federal do Pará (UFPA) viveu dias intensos e históricos na defesa dos direitos humanos por mais justiça climática. A Cúpula dos Povos contou com extensa programação no Campus Guamá, com atividades à beira do rio, seguindo pelas águas, bem como ocupando as ruas da capital paraense. 

No domingo, 16, a cerimônia de encerramento foi marcada pela entrega ao presidente da COP 30, embaixador André Corrêa do Lago, da Carta Política da Cúpula dos Povos  e também da Carta das Infâncias. O embaixador recebeu os documentos acompanhado da ministra de Estado do Meio Ambiente e Justiça do Clima, Marina Silva; da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara; e do reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva; entre outras autoridades. 

A organização da Cúpula dos Povos destacou que, em cada dia do evento, foi reafirmada “a força da ancestralidade e da solidariedade internacional contra o modelo colonialista e pela transição socioambiental justa”. Segundo os coordenadores, este foi “um encontro popular que celebrou a unidade global e o acúmulo de dois anos de construção política, reforçando que a resposta à crise climática brota dos territórios e não dos mercados”. 

“Fiquei muito feliz com a realização da Cúpula dos Povos em nossa UFPA. A Universidade ficou ainda mais viva nesta primeira semana de COP 30, sem dúvida uma das mais importantes da história”, enfatizou o reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva. “Universidade completa é universidade que faz ciência, mas é universidade que caminha com o povo e os movimentos sociais. A Cúpula dos Povos nos deu uma aula de cidadania, luta e defesa do planeta”, complementou. 

O embaixador André Corrêa do Lago destacou que a “universidade é o templo do pensamento, da justiça e da ciência. Fazer este evento na UFPA é muito importante para a COP”. Ele também relatou a emoção de acompanhar a mobilização social em Belém. “Eu estou emocionado de estar aqui com vocês, porque o Brasil está organizando uma COP única, e grande parte desse fato é por causa de a sociedade civil estar tão ativa nesta conferência”, frisou. “O presidente Lula queria que esta fosse uma COP especial, em que o mundo sentisse que a sociedade civil teria espaço, iria ter influência, e hoje é esse dia em que a gente recebe estas duas Cartas. Isso fortalece, de maneira incrível, a posição do Brasil nessas negociações”, concluiu.

A ministra Marina Silva agradeceu a forte participação popular durante a COP 30 e ressaltou a necessidade desse engajamento nos debates realizados na Amazônia. “O combate à mudança do clima precisa da mobilização e contribuição de toda a sociedade e não só dos governos”, salientou. Ela leu uma carta do presidente Lula aos presentes.

Balanço – Responsáveis pela realização da Cúpula dos Povos divulgaram, ainda no domingo, o balanço das ações realizadas em 2025, durante a trigésima Conferência das Partes sobre Clima, em Belém do Pará. 

Mais de 1.500 organizações signatárias da Carta Política se uniram ao movimento; lideranças e representantes de mais de 60 países estiveram presentes; mais de 25 mil credenciados, com cerca de 20 mil pessoas circulando por dia no campus da Universidade Federal do Pará. Durante toda a programação, foram servidas cerca de 105 mil refeições pela Cozinha Solidária.

Carta das Crianças – Outro momento emocionante no encerramento da Cúpula dos Povos foi a leitura, na plenária, da Carta da Cúpula das Infâncias, que depois foi entregue às autoridades presentes: as ministras Marina Silva, do Meio Ambiente; e Sônia Guajajara, dos Povos Indígenas, além do ministro Guilherme Boulos, da Secretaria Geral da Presidência da República; e de André Corrêa do Lago, presidente da COP 30.

Na cerimônia, cerca de 30 adolescentes representaram 600 crianças e adolescentes de 0 a 17 anos, que, durante cinco dias, compartilharam dores, vivências e reivindicações sobre a crise climática em seus territórios, das ilhas às periferias, dos quilombos às terras indígenas.

Banquetaço – Logo após a entrega da Carta, os participantes da Cúpula dos Povos seguiram para um ato chamado de “Banquetaço”, realizado na Praça da República, no centro de Belém. O grande banquete gratuito encerrou a programação, no dia 16 de novembro, reunindo cozinhas coletivas, alimentos agroecológicos e partilha popular.

Segundo os organizadores, foi “uma celebração do direito humano à alimentação adequada e da comida de verdade, do campo à mesa, em um movimento de combate aos venenos na alimentação e de incentivo ao consumo de orgânicos”.

A iniciativa da Cozinha Solidária foi construída pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), pelo Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPA), pelo Movimento Camponês Popular (MCP), pela Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e por outras organizações, a qual serviu entre 9 mil e 12 mil refeições por dia. 

TEXTO: Ana Teresa Brasil, Ascom Ciência e Vozes da Amazônia, com edição Ascom/UFPA

FOTOS: Alexandre de Moraes - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

Relação com os ODS da ONU:

ODS 13 - Ação Contra a Mudança Global do Clima

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