Transformar o ecossistema amazônico em um espaço que facilite a troca de informações, colaboração e desenvolvimento de negócios compatíveis com a floresta, uma espécie de hub global com o “DNA” amazônico que ajude a resolver problemas sociais e ambientais. Com essa missão, a Universidade Federal do Pará (UFPA), em convênio com a Prefeitura Municipal de Belém, a Itaipu Binacional e a Fundação Parque Tecnológico Itaipu, lançou, no dia 11 de junho, a primeira série de editais do Distrito de Inovação e Bioeconomia de Belém (DIBB), que fomentam iniciativas locais inovadoras com aportes financeiros que podem chegar até R$150 mil por projeto. O prazo para envio das propostas é até o dia 11 de julho. Acesse os editais aqui .
O DIBB é um projeto de extensão criado pela UFPA, que vem sendo articulado desde 2023, para transformar a capital paraense em referência mundial em soluções baseadas na sociobiodiversidade amazônica e em tecnologias voltadas às cidades sustentáveis. Por meio de editais de fomento, ideias e projetos inovadores receberão acompanhamento técnico e científico para se desenvolver ou para acelerar o que já vem sendo feito por empreendedores que dispõem de um produto e/ou uma solução e precisam amadurecer e se fortalecer.

Para o reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, a iniciativa é uma grande conquista coletiva ao possibilitar a união entre sociedade, universidades, prefeituras e entidades financiadoras em um grande projeto que irá favorecer o desenvolvimento econômico da cidade de Belém e de todo o seu entorno. “O nosso desejo é fazer com que a nossa comunidade local tenha, além de financiamento para desenvolver os seus produtos e empresas, uma formação para aprimorar esses projetos. A nossa expectativa é que a gente possa se tornar um grande laboratório em que a comunidade poderá aproveitar o nosso espaço, o nosso conhecimento e a nossa expertise para avançarmos no desenvolvimento da nossa cidade e, consequentemente, do nosso estado”, ressaltou Gilmar Pereira da Silva.
A vocação da UFPA para o diálogo com todas as instituições, públicas e privadas, empresas, movimentos sociais que contribuam para o desenvolvimento da sociedade belenense, do estado do Pará e da região amazônica também foi ressaltada nas palavras da vice-reitora, Loyane Verbicaro, especialmente no contexto da COP 30.

“Falar sobre inovação e bioeconomia é fundamental. Não apenas porque nós estamos discutindo mudanças climáticas neste momento tão importante da COP em Belém, mas também porque nós somos a universidade que mais produz ciência sobre a Amazônia no mundo. Nós temos uma profunda responsabilidade de pensar a nossa realidade em diálogo com saberes tradicionais e os conhecimentos científico e técnico, ao lado também de tantos outros saberes que enriquecem a nossa cultura, e as nossas existências e vivências”, enfatizou a vice-reitora da UFPA.
Hub de Inovação – O protagonismo da UFPA de colocar o conhecimento gerado pela academia em favor de soluções para os problemas da Amazônia urbana é visto pelo pesquisador e diretor de Inovação do DIBB, Antônio Abelém, como uma importante forma de fortalecer empreendimentos e pessoas que têm o sonho de empreender e materializar suas ideias criativas. “Por isso que a gente diz que o nosso DNA é de soluções compatíveis com a floresta. A gente quer um hub de inovação amazônico que trate dos nossos problemas que são únicos para nós. Então, a gente une prefeitura, universidade e indústria apoiando os empreendedores para fortalecer todo esse ecossistema, ajudando a desenvolver negócios que apoiem ou que ajudem a resolver problemas sociais e ambientais da nossa Amazônia urbana”, pontuou.
A ideia, de acordo com o Abelém, é que os primeiros projetos apoiados pelo DIBB possam ser apresentados ainda durante a COP 30. “Nós temos muito pouco tempo até lá, mas o que a gente quer é poder fazer um evento já mostrando, pelo menos, esse primeiro grupo apoiado pelos editais que estão abertos, o que eles estão pretendendo fazer e quais as soluções que eles pretendem desenvolver. Estamos colocando a UFPA para dialogar utilizando o que ela tem de mais precioso, que é o conhecimento”, completou. Ainda de acordo com a apresentação realizada pelos diretores do projeto, uma das pretensões do DIBB é também se transformar em um Parque Tecnológico por meio de uma articulação entre o setor público e o privado.

“O Distrito de Inovação e Bioeconomia de Belém vem não só para caracterizar as nossas riquezas, mas também para fazer com que a bioeconomia vire uma realidade e uma nova matriz econômica para a nossa cidade, garantindo mais geração de emprego e renda, garantindo que nossos rios e nossas florestas possam ser um ativo econômico para o povo, de forma sustentável, organizada e, principalmente, com atenção à extensão, ao aprendizado e ao conhecimento”, destacou o prefeito de Belém, Igor Normando.
O lançamento do primeiro bloco de editais do DIBB contou com a presença de representantes das entidades envolvidas no desenvolvimento do projeto, além de representantes de diferentes grupos sociais que serão beneficiados pelos editais de fomento. Entre as autoridades presentes no evento, estão o reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva; a vice-reitora, Loyane Prado Verbicaro; o prefeito de Belém, Igor Normando; a deputada estadual Lívia Duarte; o gestor do convênio da Itaipu binacional, Luiz Suzuke; a coordenadora do PPG Economia UFPA, Márcia Jucá Teixeira Diniz; o diretor-adjunto da Fadesp, Alcebíades Negrão Macedo; o coordenador do DIBB, Cláudio Alberto Castelo Branco Puty; o professor da UFPA e coordenador de Pesquisa do DIBB, Raul Ventura; e o professor da UFPA e diretor de Inovação, Antônio Abelém.


Sobre os editais – Nesta primeira fase de implantação do DIBB, foram lançados quatro editais que selecionam propostas de projetos em dois eixos temáticos: Bioeconomia e Soluções Urbanas, ambos com modalidades de Pré-Incubação, em que se enquadram ideias em estágio inicial, com apoio de até R$ 50 mil por proposta; e Aceleração, voltada a negócios em operação, para as quais são destinados fomentos de até R$ 150 mil por proposta.
Serão selecionadas até dez propostas, cinco para cada tema (Bioeconomia e Soluções Urbanas). A execução dos editais tem duração de três meses e inclui atividades híbridas (presenciais e on-line), oficinas, mentorias, consultorias técnicas e eventos de conexão com o ecossistema de inovação. Podem se inscrever pessoas físicas, empreendedores, profissionais ou empresas que atuem ou pretendam desenvolver seus negócios na Região Metropolitana de Belém, que envolve os municípios de Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides, Santa Bárbara do Pará, Santa Izabel do Pará, Castanhal e Barcarena.
São elegíveis a concorrer nos editais do DIBB pessoas físicas com ideias em fase inicial (devem formalizar empresa em caso de aprovação), micro e pequenas empresas (com faturamento anual de até R$ 1,2 milhão), microempreendedores individuais (MEIs) e servidores públicos, desde que autorizados pela instituição de origem.
Podem disputar no eixo Bioeconomia, voltado à valorização da sociobiodiversidade amazônica, propostas sobre bioativos, cosméticos e biotecnologia; fármacos e fitofármacos; soluções em logística, rastreabilidade e certificação; alimentos e bebidas amazônicas; embalagens ecológicas e produtos compatíveis com a floresta entre outros; moda sustentável, arte, artesanato; turismo de base comunitária; gestão de resíduos, reciclagem e química verde. Já no eixo Soluções Urbanas, voltado à transformação de cidades da Amazônia, enquadram-se projetos que tratam da infraestrutura urbana com base em natureza; tecnologias descentralizadas para água e esgoto; drenagem alternativa e arborização urbana; geotecnologias para gestão do território e mobilidade urbana; soluções para agricultura urbana e regularização fundiária; logística para coleta e tratamento de resíduos sólidos.