Será lançado, nesta sexta, 29 de março, às 19h30, o documentário ‘Geração Peixe Frito’, uma coprodução entre Universidade da Amazônia (Unama/PPGCLC) e Universidade Federal do Pará (UFPA/FaCom/PPGCom). O vídeo mostra a importância de um grupo de escritores da Belém da primeira metade do século XX, que se reunia no Ver-o-Peso e ficou conhecido como Academia do Peixe Frito.
O audiovisual foi produzido com base em estudos acadêmicos sobre a história da Literatura e do Jornalismo paraenses, durante as décadas de 30, 40 e 50 do século passado. O documentário surge como resultado de pesquisa, sob a direção dos professores doutores Paulo Nunes, da Universidade da Amazônia (Unama), e Vânia Torres Costa, da UFPA.
A ideia de registrar em um documentário as descobertas do Projeto de pesquisa “Academia do Peixe Frito” surgiu em 2016, ano do início do projeto. Foi no decorrer das investigações que o grupo de pesquisa formado por alunos e professores percebeu a riqueza do material encontrado e a necessidade de registrar a importância dos escritores para estudantes e pesquisadores. “Nós queríamos levantar essa memória, até porque, muitos dos filhos e parentes desses escritores já são idosos. O que a gente tentou fazer aqui foi este registro da memória documental e, principalmente, para que, no futuro, este material seja utilizado como material didático nas escolas públicas”, enfatiza a diretora Vânia Torres.
A Academia do Peixe Frito foi uma associação formada por cerca de 13 intelectuais, em sua maioria negros e autodidatas, que interfere no pensamento político, cultural e social da Belém da primeira metade do século XX, mais precisamente nos anos 30. O grupo, liderado pelo poeta e jornalista Bruno de Menezes Costa, auxilia, para instaurar a modernidade literária e a defesa da negritude no Norte do Brasil. Os “acadêmicos” faziam uma espécie de oposição a intelectuais pequeno-burgueses que se reuniam, à moda parisiense, nos cafés nobres da cidade. Os integrantes da ‘Academia’ escolheram como espaço de encontro as barracas da feira do Ver-o-Peso, discussão “regada” pela cachaça e pelo peixe-frito. O grupo deixou uma vasta obra literária, composta por poemas, romances, contos, crônicas, textos jornalísticos, que contribui para sedimentar um olhar sobre a cultura amazônica e sua relação com o nacional e o universal, a partir da rebeldia de intelectuais da periferia de Belém.
O documentário traz depoimentos dos familiares desses escritores, como Bruno de Menezes, Dalcídio Jurandir, De Campos Ribeiro, além de entrevistas com historiadores, músicos, jornalistas e feirantes do Ver-o-Peso que atestam a importância da Academia do Peixe Frito.
O documentário apela à memória dos familiares desses escritores para revelar aspectos biográficos e suas experiências de resistência e inovação, tanto no fazer literário como em suas participações políticas. Os depoimentos de professores pesquisadores reforçam o novo olhar que esses literários trouxeram dos bairros periféricos de Belém, da experiência dos pretos, do samba, da música, da literatura, da vida dessa gente do Ver-o-Peso.
“Quem assistir ao documentário perceberá que esses moços acadêmicos procuraram ser este movimento de resistência. Eram homens autodidatas, com pouco estudo, então o que veremos é exatamente a resistência da cultura popular na história dos acadêmicos da Academia Peixe Frito”, ressalta a professsora Vânia Torres.
A produção foi realizada pela Unama e pela UFPA, que somaram esforços para a realização das filmagens e da edição do material. O documentário tem 30 minutos e será exibido nesta sexta-feira, dia 29, na Casa da Linguagem, às 19h30. Para o lançamento, foram convidados todos os entrevistados e os familiares dos escritores envolvidos na produção.
Serviço:
Documentário “Geração Peixe Frito”
Lançamento: 29 de março
Hora: 19h30
Local: Casa da Linguagem – Avenida Nazaré. 31 (esquina com Assis de Vasconcelos).
Texto e foto: Divulgação