O novo espaço da editora da Universidade Federal do Pará (UFPA), a ed.ufpa, abriu suas portas no antigo Convento dos Mercedários e da antiga Alfândega, na última terça-feira, 11, para o lançamento da obra Interconexões Museológicas: o Patrimônio, a Cidade e os Museus. Organizada pelos professores Carmen Silva, Hugo Menezes Neto e Sue Costa, a obra reúne contribuições de pesquisadores, professores e discentes que discutem os desafios da preservação do patrimônio material, da conservação de acervos museológicos e do uso de novas tecnologias em uma cidade em constante transformação.
“Este livro é resultado de pesquisas realizadas no âmbito do Projeto ‘Museus e Patrimônio: musealização do centro histórico de Belém’, projeto esse que foi contemplado com edital da Propesp/UFPA e que envolve pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, justamente para fazer esse exercício da interdisciplinaridade que atravessa o campo da Museologia e o campo do Patrimônio”, declarou Carmen Silva, uma das organizadoras da obra e professora de Museologia, a respeito da composição do livro, que destaca o centro histórico de Belém e apresenta uma abordagem interdisciplinar e transdisciplinar dos estudos museológicos produzidos na região amazônica.

Durante o evento, a organizadora também falou sobre a divisão e estruturação do livro. “Ele é dividido em três partes, a primeira é voltada para pensar as tecnologias emergentes, as tecnologias digitais e parte da ‘virtualização’ dos patrimônios. Também dentro dela, há os ‘estudos de recepção’, que é esse diálogo com o público e como ele vê os museus do centro histórico”, explica a docente. “Na segunda parte, ele envolve uma relação entre patrimônio e sociedade em que você vai pensar a cidade com base numa perspectiva de ouvir as pessoas que vivenciam esse ambiente; e a terceira parte pensa técnicas e tecnologias voltadas à conservação e à documentação do patrimônio com base nas experiências dos museus dessa região, mas sempre refletindo sobre as particularidades da Amazônia”, explica.
Para a professora Carmen Silva, o objetivo é que as reflexões abordadas na obra abram caminhos para novas pesquisas em uma perspectiva de reforçar a produção acadêmica dos pesquisadores da Região Norte, por meio desse registro inédito para o campo da Museologia, com uma articulação interdisciplinar: “A gente quer também refletir sobre isto: a questão de inspirar novas políticas públicas para a área. O principal desafio é, primeiro, pensar o patrimônio da região por pessoas da região e que venham de diferentes áreas de conhecimento e também sensibilizar para mais investimentos para o campo, no que diz respeito tanto ao desenvolvimento das atividades em si, quanto à pesquisa”.
“Sinto orgulho de ver os meus professores lançando um trabalho que é tão importante, porque a gente não tem, ainda, uma produção tão larga museológica na Amazônia, e este livro se insere, de forma muito significativa, nessa lacuna”, comentou a museóloga Rayana Silva, que adquiriu um dos exemplares e pretende continuar seu doutorado utilizando o livro como base para seus estudos.

Nova casa da ed.ufpa – Ainda durante a cerimônia de lançamento, o reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, aproveitou para destacar a importância de entregar esse novo espaço para as ações da editora da UFPA, no coração de Belém, em um lugar revitalizado e aberto ao público. “Nós somos uma universidade completa e o que nos completa é a arte. Eu quero muito que nós – professores, técnicos e membros da Universidade – tenhamos o compromisso de defender a arte como elemento catalisador da nossa perspectiva de transformação. A nossa grande tarefa, como educadores, é traduzir a ciência e a arte para que o povo tenha acesso”, comentou Gilmar Pereira.
Também presente no evento, a vice reitora Loiane Prado Verbicaro lembrou o valor da leitura. “Locais de leitura e de venda de livros são, antes de tudo, lugares de encontro entre o conhecimento científico e a sensibilidade humana, essenciais para o fortalecimento da vida acadêmica e cultural”, destacou.

Para a diretora da ed.ufpa, Silvia Helena Benchimol Barros, o fato de abrir as portas do espaço em momento histórico e emblemático, com várias atividades relacionadas à realização da Conferência das Partes (COP 30) em Belém, tornou-se ainda mais especial. “A conexão desse livro, que fala do patrimônio da cidade e dos museus, está muito entrelaçada com o contexto COP, então esse era um dos motivos para estarmos abertos à comunidade neste momento em que pessoas do mundo todo estão circulando por Belém”, complementou a diretora.
A diretora informou, ainda, que o local conta com as produções da ed.ufpa e também possui muitas obras da Amazônia de outras editoras, incluindo uma área dedicada à literatura amazônida.
