A professora Edna Maria Ramos de Castro é a mais nova Professora Emérita da Universidade Federal do Pará (UFPA). A sessão solene do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) que outorgou o título à pesquisadora ocorreu na sexta-feira, 19 de novembro, no Centro de Eventos Benedito Nunes, em Belém, Campus Guamá. Estiveram presentes membros do Consepe, a comunidade acadêmica, amigos e familiares da homenageada.
A mesa de cerimônia foi composta pelo reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho, pelo vice-reitor, Gilmar Pereira da Silva, pela professora Edna Maria Ramos de Castro, homenageada, e pela professora Edila Arnoud Ferreira Moura, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), que saudou a nova Professora Emérita. A professora Edna Castro adentrou no auditório com um cortejo de docentes e familiares, incluindo seus filhos, e também professores universitários, Jorane e Carlos Castro, e seus irmãos Denise Meirelle e Thierry Palhares. O Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA), o Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) e o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), em que a professora Edna Castro teve atuação, também estavam representados pelos seus respectivos diretores, os professores Armando Lírio, Armin Mathis e Fernando Neves. Coordenadores e membros dos grupos de pesquisa criados pela professora, da mesma forma, marcaram presença.
A professora Edila Moura prestou homenagem à professora Edna Castro, de quem foi aluna no curso de Doutorado do NAEA, descrevendo a trajetória de Edna Castro como docente e pesquisadora, com produção científica nas áreas de desenvolvimento, políticas públicas, estudos urbanos, trabalho, populações tradicionais e meio ambiente.
Enquanto descreveu dados da trajetória da professora Edna Castro – como os 74 artigos, 28 livros e 105 capítulos publicados, e as orientações de 47 dissertações de mestrado, das quais 6 premiadas, e 25 teses de doutorado -, falou também da admiração por sua ousadia política e científica, sempre mostrando a importância de estudar a Amazônia contemporânea, nas suas complexidades e múltiplas dimensões humanas e não humanas.
Atualmente, a professora Edna Castro segue na investigação de caminhos decoloniais para a América Latina, por meio do que pretende propor um novo olhar para a região. A professora Edila Moura lembrou ainda das bandeiras de grandes causas que a professora Edna Castro sempre levantou, entre as quais, o feminismo, a preservação ambiental, a democracia e os direitos humanos. "Edna é sol, mas não brilha sozinha (…) Sempre leva consigo toda uma coletividade", concluiu a professora Edila Moura.
Homenagem – Após a saudação, o reitor Emmanuel Tourinho fez a entrega do título de Professora Emérita à professora Edna Castro e passou a palavra à homenageada para o seu pronunciamento.
A professora Edna Castro agradeceu a todos que contribuíram para que a concessão do título se tornasse uma realidade. Ela lembrou que sua porta de entrada na Universidade foi o IFCH, e, depois de ter transitado também entre o ICSA e o NAEA, tendo ainda colaborado para a fundação deste último, atuou e criou inúmeros cursos de pós-graduação lato e stricto sensu. Para a pesquisadora, o título é uma linha de chegada de sua trajetória, resultante do trabalho contínuo de pensar politicamente a sociedade, de fazer ciência contextualizada e engajada, aproveitando a ocasião para defender a ciência, o conhecimento e a liberdade de pensar.
Segundo a professora Edna Castro, a liberdade de cátedra é condição essencial para a produção do conhecimento livre e criativo. "A Universidade sempre foi, para mim, uma casa do pensar e para ultrapassar os limites do pensar", afirmou. E convocou a audiência para agir conjuntamente em prol de estratégias de resistência e defesa da Ciência. Ela também chamou a atenção para o fato de que a sociedade atual é contemporânea e testemunha do fim da floresta, diante de índices recordes de desmatamento que se veem diariamente nos jornais e nas pesquisas, o que atesta a permanência de uma cultura de exploração no Brasil em que a premissa é exaurir as riquezas naturais. Ainda segundo a docente, o pensamento decolonial surge como um desafio para a revisão de epistemologias e formulações científicas que tenham a transformação social como movimento e não como fim. "Para que o conhecimento, se não pudermos mudar a realidade?", questionou.
Simbologia – O vice-reitor Gilmar Silva apontou que a professora Edna Castro é a síntese do pensamento científico sobre a Amazônia, uma referência para muitos pesquisadores, capaz de articular a produção acadêmica com o cotidiano e com a política, fazendo das Ciências Sociais ainda mais transdisciplinares. "Esse é um momento importante, que nos permite olhar o que fomos capazes de construir ao longo desses anos em termos de pesquisa, sendo a UFPA uma instituição tão jovem e já tem uma referência como a professora Edna".
O reitor Emmanuel Tourinho lembrou que a aprovação da concessão do título à pesquisadora ocorreu por unanimidade dos membros do Consepe e acontece em um momento de afirmação do valor da Ciência e do seu papel para o desenvolvimento da Amazônia. “É com esse sentimento que o nosso encontro de hoje é para celebrar o conhecimento, para falar do valor da Ciência na Amazônia, para homenagear uma acadêmica, a professora Edna Castro, que nos honra com seu trabalho intelectual, com seu compromisso institucional e com sua liderança na sociedade”. Ainda segundo o reitor, “É uma vocação e uma obrigação da Universidade Federal do Pará estudar os povos da Amazônia, as suas culturas diversas, as violências a que têm sido expostos, as tentativas de calar as suas vozes. Cumprir essa missão, porém, requer a disposição para desafiar referências teóricas e epistemológicas, romper com modelos concebidos sob visões de mundo que nos são estranhas e impróprias”, concluiu o reitor, ressaltando a importância da produção intelectual da professora Edna Castro para a UFPA.
Texto: Jéssica Souza – Assessoria de Comunicação Institucional
Fotos: Laís Teixeira a serviço da Ascom UFPA