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TAMANHO DA FONTE

Elas fazem Ciência na Amazônia: professora usa inteligência artificial para estimar alcance do desmatamento associado à malha rodoviária no Pará

Dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) apontam que, no mundo, somente 35% dos estudantes das áreas de Tecnologia, Engenharia e Matemática são mulheres. Entre os graduados em Engenharia somente, o número cai ainda mais, apenas 28% pertencem ao gênero feminino. Em áreas mais qualificadas, como inteligência artificial, as estatísticas são ainda mais desanimadoras. Elas representam apenas 22% dos profissionais envolvidos. A professora Patrícia Bittencourt Tavares das Neves integra essa minoria. Em suas pesquisas recentes na UFPA, ela tem usado a tecnologia como aliada nos estudos sobre desmatamento na Amazônia. 

“Com relação à produção científica sobre desmatamento na Amazônia, a maioria dos artigos que tratam do tema é qualitativa, os que abordam de forma quantitativa, o fazem de forma estatística. O uso de inteligência artificial para o tratamento dos dados foi algo inédito”, orgulha-se a pesquisadora que abordou o tema em sua tese Modelo de Inteligência Artificial para Estimativa do Desmatamento Considerando a Rede de Transporte Rodoviário do Estado do Pará.

No estudo, Patrícia analisou o intervalo entre os anos de 1988 e 2018. Com base em variáveis de natureza ambiental, socioeconômica e de infraestrutura, conseguiu projetar possíveis alcances futuros de desmatamento no estado do Pará associados à malha rodoviária. Na região da Calha Norte, em decorrência da implantação das rodovias BR-163 e BR-210, atualmente em fase de planejamento, a projeção chega a 4.703,43 km² de área devastada, no cenário mais otimista, e a 6.567,48 km² na pior hipótese.  

patricia“Transporte e meio ambiente são indissociáveis. A literatura científica aponta a proliferação de estradas como uma das maiores responsáveis pela devastação das florestas tropicais no mundo. A matriz de transporte da região é um elemento fundamental na busca do equilíbrio entre desenvolvimento sustentável e preservação da floresta”, analisa Patrícia. “O planejamento de transportes da região amazônica precisa priorizar a sustentabilidade de forma a impedir efeitos irreversíveis e fortes danos socioambientais, privilegiando a implantação de outros modais como o hidroviário, pela própria vocação natural da região, provocando, assim, menos impactos ambientais e culturais. Outra alternativa seria recorrer aos sistemas ferroviários”, reflete a pesquisadora. 

Contemplada pelo Edital do Programa de Apoio ao Doutor Pesquisador (Prodoutor) e desenvolvendo o Projeto Impactos ambientais e socioeconômicos decorrentes da expansão dos sistema rodoviário no estado do Pará, Patrícia tem focado suas pesquisas mais recentes sobre os municípios mais desmatados e aqueles com maior risco de desmatamento no Pará, estado brasileiro com maior risco de desmatamento em 2023, seguido dos estados do Amazonas e do Mato Grosso, respectivamente. Os municípios paraenses com maior risco de desmatamento em 2023 são Altamira, São Félix do Xingu e Itaituba.

“Inteligência artificial é a ciência de produzir sistemas inteligentes, que simula a inteligência humana, sistemas que se alimentam basicamente de dados, aprendem com eles e vão se ajustando a cada entrada de novos dados. É uma ferramenta utilizada em diversos setores e pode contribuir muito para o combate ao desmatamento e para a preservação do meio ambiente. Ainda fazemos pouco uso, mas há uma forte tendência de crescimento”, avalia a pesquisadora. 

Texto: Edmê Gomes – Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Foto: Arquivo pessoal

Relação com os ODS da ONU:

ODS 4 - Educação de QualidadeODS 14 - Vida na ÁguaODS 15 - Vida Terrestre

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