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TAMANHO DA FONTE

Espaço Paneiro leva a culinária diaspórica para a 76ª Reunião Anual da SBPC

Dentro da programação do Paneiro – Espaço de Cultura Alimentar, a baiana de acarajé, Mãe Juci D’Oyá, apresentou uma aula show sobre “Culinária diaspórica: o resgate de sabores e histórias através do alimento”. Diretamente de Cotijuba, Mãe Juci D’Oyá trouxe a tradição do acarajé para a 76ª Reunião Anual da SBPC na UFPA, mostrando como a culinária diaspórica continua a alimentar corpos e histórias.

Tradicional e cheio de sabor, o acarajé, preparado pelas baianas, é um dos símbolos mais representativos da ancestralidade africana na culinária brasileira e foi destacado como um símbolo de resistência cultural. Durante a demonstração culinária, Mãe Juci D’Oyá, baiana de acarajé da ABAM e embaixadora do Fundo Agbara pela Alimentação Ancestral, explicou que o acarajé representa muito mais que um simples alimento, é uma receita que não pode ser mudada, foi preservada pelos descendentes dos povos africanos escravizados que trouxeram esses saberes para o Brasil. 

“É uma receita imutável. É feijão fradinho, cebola e sal. Ele é o acarajé. Não existe acarajé de milho”, enfatizou Mãe Juci, e completou, “essa cozinha mantém vivas as culturas e resgata memórias ancestrais”.

Raízes culturais – A aula show foi muito além da receita, foi uma aula sobre a história do alimento e suas raízes culturais. Na língua Iorubá, a palavra ‘akará’ significa bola de fogo, enquanto ‘je’ significa comer. Assim, acarajé pode ser traduzido como “comer bola de fogo”. Alimento substancial que carrega consigo o significado da história de Xangô e sua esposa Iansã.

Luiz Menezes, aluno do Campus Guamá, estava visitando o Paneiro quando começou a demonstração culinária e se interessou pela forma como Mãe Juci explicava o tema. “Eu já conhecia, mas não desse jeito tão profundo que ela falou, de um jeito cultural, de uma pessoa que tem raízes, sabe? As raízes históricas. Esses elementos são muito importantes para a valorização da cultura, para a valorização das pessoas e para as histórias”, contou.

A troca de saberes e, principalmente, de experiências gerou uma reflexão sobre a importância de resgatar a ancestralidade, valorizar e reconhecer aqueles que vieram antes de nós. “Depois desta aula, eu espero que as pessoas levem esse resgate ancestral mesmo. Eu faço tudo na perspectiva de que as pessoas se encontrem e façam esse resgate e essa busca ancestral, que, às vezes, a gente se encontra perdida, as pessoas não sabem por que elas sentem nem o que elas sentem na verdade. Então eu aproveito para falar sobre o resgate ancestral que a gente pode fazer por meio do alimento acarajé. Eu espero que as pessoas tenham esse encontro”, finalizou Mãe Juci.

TEXTO: Evelyn Ludovina - Comissão Local de Comunicação da 76ª da Reunião Anual da SBPC

FOTOS: Oswaldo Forte

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