Com o objetivo de reafirmar a arte como forma de resistência dos povos indígenas, o professor Carlos Dergan, da Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (Etdufpa), apresenta a cena Angá Yby no evento Entre arte e acesso, promovido pelo Itaú Cultural, em São Paulo. Realizada desde 2015, a programação ocorre este ano, entre os dias 10 e 13 de abril, destacando produções artísticas criadas por pessoas com deficiência, da Região Norte do país.
Carlos Dergan divide o palco com o ator Rudá Tupi, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Artes da UFPA (PPGARTES). Segundo o professor da Etdufpa, Rudá Tupi foi escolhido por sua presença marcante em cena e por sua trajetória fortemente marcada pelo ativismo. Juntos, os artistas apresentam uma obra que propõe uma reflexão profunda sobre o ambiente e a sobrevivência humana diante da crise climática – ecoando, ao mesmo tempo, a resistência dos povos indígenas frente às ameaças que seus territórios enfrentam.
“A resistência indígena se reafirma como um gesto de esperança. É na força da tradição, na sabedoria ancestral e na relação simbiótica com a natureza que se encontra um modelo alternativo de existência – mais equilibrado, mais consciente, mais humano”, explica Dergan.
O espetáculo destaca elementos das tradições do povo tupinambá, evocando a “alma da terra” e a conexão espiritual entre seres humanos e natureza. No palco, Rudá Tupi apresenta uma fala poética, em língua indígena Nheengatu, sobre a Mãe Terra como um útero gerador que abriga todas as formas de vida. O artista transforma a cena em território de memória, denúncia e reivindicação.
“Sua presença carrega um ‘lugar de fala’ legítimo e intransferível como indígena. Por isso escolhi o artista: ele dá voz às comunidades que enfrentam diariamente as consequências da destruição ambiental, do desrespeito aos territórios e da violência promovida por políticas de extermínio lento – a chamada necropolítica”, destaca Dergan.
A cena surge em um momento estratégico de debate sobre as mudanças climáticas e a preservação da natureza, especialmente com a realização da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30) em Belém. O espetáculo Angá Yby lança um chamado urgente à ação em prol da vida e da consciência ambiental.
Ficha técnica – A performance conta com orientação da antropóloga Ivone Xavier, figurino de Jucilene Rocha, audiovisual assinado pelo multiartista Junior Clever e assistência de produção de Stela Mendes.
O espetáculo marca a abertura do último dia do Entre arte e acesso, em 13 de abril. Segundo o professor Carlos Dergan, há a intenção de apresentá-lo também no 4º Seminário de Memórias da Dança, promovido pela Etdufpa. Angá Yby promete ser uma experiência visual e sensorial única para o público.
Serviço
Entre arte e acesso
10 a 13 de abril de 2025, no Itaú Cultural – São Paulo/SP
Ingressos disponíveis no site