Na tarde da última segunda-feira, 17, o estudante do curso de Licenciatura em História da Universidade Federal do Pará Calebe Serra participou de um painel organizado pela Pour le Brésil (PLB), iniciativa de estudantes brasileiros da Sciences Po Paris, universidade francesa. Sob o tema “Juventudes Amazônidas e Cooperação Internacional: Lideranças para Educação e Soluções Climáticas”, os painelistas debateram suas experiências no Programa “Diálogos Transatlânticos”, da PLB. Além de Calebe, participaram do painel os ex-laureados Ana Luiza Luz e Deiweson Monteiro.
Com o intuito de debater como as oportunidades de educação internacional são cruciais para amplificar as vozes de jovens amazônidas no cenário climático internacional, o painel ocupou o Ateliê 3 do Pavilhão do Pará, na Green Zone da COP 30, no Parque da Cidade.

Para conseguir a bolsa de estudos, Calebe precisou passar por um processo de seleção. A primeira fase consistiu no envio de documentos requeridos pelo programa, como currículo, documentos pessoais, carta de intenção, entre outros, além de uma prova para proficiência em inglês. Em seguida, o estudante participou de uma entrevista de seleção em Inglês, momento em que ficou mais apreensivo com o processo.Passando o mês de junho na Summer School, iniciativa da PLB, em Paris, Calebe conta que ficou surpreendido com o resultado da bolsa.
“Eu fiquei sem reação. Eu fiquei sem acreditar. Não acreditava que eu ia conseguir passar, a gente sempre duvida muito. Principalmente a gente que tá aqui, na Amazônia. Eu curso História, é uma licenciatura, a gente não tem histórico de pessoas que fazem intercâmbio a cada semestre, muito pelo contrário, a gente sabe de um caso antes de mim, na Faculdade de História. Então é uma coisa muito distante. E conseguir isso de fato é extraordinário, não tem uma palavra que eu possa descrever. E a ficha, ela cai mesmo quando a gente chega lá, quando a gente volta e participa de momentos como este, um painel falando sobre o programa e a organização”, conta Calebe Serra.

Em seu segundo intercâmbio, o discente conta que a experiência tem “uma importância imensurável, é um diferencial. Não é todo mundo que, infelizmente, consegue uma oportunidade como essa, principalmente a depender do curso. Então, faz uma diferença gritante em processos seletivos futuros, seja para algum concurso público, seja para outra possibilidade de intercâmbio”.
“A gente está falando sobre mudança climática, sobre desigualdade social, e a gente vive isso na pele. Eu acho que isso é até um diferencial entre nós, bolsistas do programa, e as pessoas que estão lá, no curso, pagando com o próprio dinheiro. Eles estão discutindo uma desigualdade que eles não vivem. E a gente é atravessado por incontáveis demarcadores sociais da diferença. A gente tinha o Clécio na última edição, que era indígena, a Ana Luz, que era quilombola, e eu, um homem periférico de Belém. Então, eu acho que é muito nesse sentido de confirmar que a gente constrói trajetórias coletivamente”, conclui.


