Estudantes da UFPA desenvolvem negócios de impacto voltados à bioeconomia da Amazônia

O Ateliê de Negócios Transformadores da Amazônia (Atenta) realizou, no último mês, o encerramento da disciplina Administração de Pequenas Empresas, ministrada pelo professor José Augusto Lacerda Fernandes, do curso de Administração da Universidade Federal do Pará (UFPA). A disciplina, que contou com cerca de 80 estudantes, proporcionou a apresentação de empreendimentos e consultorias desenvolvidos ao longo do semestre, todos relacionados ao ecossistema de impacto socioambiental e às cadeias da bioeconomia da Amazônia.

A disciplina Administração de Pequenas Empresas objetivou, ao longo dos últimos meses, ofertar uma jornada de aprendizagem sobre pequenos empreendimentos, reforçando conhecimentos adquiridos pelos alunos em disciplinas anteriores, mas também abordando temas específicos do universo dos pequenos negócios. De acordo com o professor da disciplina, José Augusto Lacerda Fernandes, em um contexto marcado pela intensificação das mudanças climáticas e das desigualdades sociais, o desenvolvimento de metodologias inovadoras são fundamentais para aproximar a universidade das discussões sobre o papel do setor privado no enfrentamento de problemas socioambientais. 

Por isso, neste semestre, os estudantes estiveram mais próximos do ecossistema de negócios de impacto, bem como de empreendimentos que contribuem para o desenvolvimento das cadeias produtivas da bioeconomia da Amazônia, engajados em práticas de criação de negócios de impacto.

“Como referência em pesquisas e em projetos de extensão com foco socioambiental, a universidade pode contribuir fortemente para o fortalecimento desse ecossistema, seja aportando conhecimento especializado, formando quadros, seja até mesmo incubando empreendimentos engajados com soluções de impacto socioambiental e com a bioeconomia”, defende. A nova metodologia também contribui para o alcance das metas constantes no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da UFPA, principalmente daquelas relacionadas ao seu papel no alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), definidos pela ONU, em 2015.

Fotografia posada de um grupo de pessoas. Todos sorriem

Atividade com mentoria – As(Os) estudantes foram subdivididas(os) em oito equipes, sendo quatro na categoria “Empreendedores” e quatro na categoria “Consultores”. As equipes de empreendedores criaram negócios de impacto que obtivessem não somente resultados financeiros, mas também impactos socioambientais positivos. Já as equipes de consultores criaram soluções para problemas de empreendimentos já existentes e estiveram atentas às necessidade de conciliar ganhos econômicos, sociais e ambientais positivos.

Ao longo do processo, as equipes dispuseram do suporte de profissionais com ampla trajetória de atuação em suas respectivas categorias, como empreendedores e consultores engajados com a geração de impacto socioambiental positivo. As equipes puderam realizar mentorias com os parceiros e trocar conhecimentos quanto ao desenvolvimento de soluções para os dilemas que podem ser vivenciados em campo.

Fotografia registra alguns recipientes de vidro com tags impressas com o seguinte nome: TONS DA AMAZÔNIA

Equipes de destaque – Na categoria ”Empreendedores”, um projeto aproveitou as propriedades, que vão da hidratação ao fortalecimento dos cabelos do óleo do jenipapo — nativo das regiões tropicais das Américas do Sul e Central, cujo nome, em tupi, significa ​​”fruta que mancha” — para desenvolver a ‘Fios da Amazônia’. Por meio da comercialização de tinturas capilares naturais, à base de tucumã, urucum e pariri, os estudantes da disciplina buscam manter essa cultura viva, promovendo a beleza natural da Amazônia. O negócio de impacto nasceu da valorização dos conhecimentos ancestrais dos amazônidas, que utilizavam o jenipapo para pintar seus corpos e cabelos como parte de sua expressão cultural. Outra equipe vencedora da categoria desenvolveu uma lixeira com compactadora de resíduos. 

Já na categoria ”Consultores”, um dos projetos vencedores prestou consultoria empresarial para a ‘Amazonia Space’, pequena indústria de Igarapé-Miri, no Pará, que agrega valor a insumos provenientes da agricultura familiar, fortalecendo a economia do Baixo Tocantins. Outro projeto atuou na Geosaf, empresa que oferece assessoria em temas de regularização fundiária e ambiental. Vital para a bioeconomia, este serviço facilita o acesso de empreendedores locais a recursos ofertados por fundos de investimento, uma vez que imóveis regularizados podem ser utilizados como garantia em operações de crédito.

Para favorecer a continuidade dos projetos vencedores de cada categoria, como premiação, foi realizado um aporte financeiro no valor de mil reais, direcionado a empresas em estágio inicial. O valor foi viabilizado por meio de parceria firmada entre o Atenta e o Instituto Sabin, organização de referência no apoio do empreendedorismo e da inovação social do país. ”Acreditamos que ações como esta — que unem estudantes, professores e empreendedores sociais atuantes no mercado — promovem uma interação intersetorial relevante para gerar maior inovação social, ou seja, melhores formas de enfrentar problemas sociais”, afirma Gabriel Cardoso, gerente executivo da organização.

TEXTO: Orlando Haber - Divulgação FAAD/ICSA/UFPA

FOTOS: Orlando Haber - Divulgação FAAD/ICSA/UFPA

Relação com os ODS da ONU:

ODS 4 - Educação de QualidadeODS 9 - Indústria, Inovação e Infraestrutura

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