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TAMANHO DA FONTE

Estudantes dos Campi de Soure e de Altamira participam do maior encontro de sociobiodiversidade do planeta

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Estudantes do Campus de Soure e do Campus de Altamira participaram do Belém+30 trinta, evento que reuniu o XVI Congresso da Sociedade Internacional de Etnobiologia, o XII Simpósio Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia, a IX Feira Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação e, também, a I Feira Mundial da Sociobiodiversidade. Cerca de 2 mil pessoas estiveram presentes ao  Hangar – Convenções e Feiras da Amazônia

O presidente da comissão organizadora, Flávio Barros, considerou o momento emblemático para as sociedades científicas envolvidas refletirem sobre os passos, as conquistas e os desafios do trabalho com pesquisa e defesa dos direitos de grupos tradicionais.

“A ideia foi propor o que fazer daqui para frente nessa idade de 30 anos, mas, sobretudo, refletir o papel que as comunidades tradicionais têm na proteção dos rios, das florestas, dos ambientes e como esses territórios são fundamentais para a vida, para a soberania de todos os povos do mundo que nesta reunião se encontram”, declarou.

Pesquisas  – Responsável em apresentar o pôster “Critérios, regras e saberes utilizados na produtividade da comunidade Bom Jardim – Alto Atuá, Muaná”, o estudante do curso de Etnodesenvolvimento Jovanildo Teles apresentou sua pesquisa sobre um conhecimento popular, que ainda não havia sido registrado fisicamente.

“A partir de dados obtidos nessa comunidade, resolvi criar quatro calendários que são divididos em calendário agroextrativista, calendário da pesca, calendário lunar e calendário da caça. Esses calendários dizem qual o melhor período para produzir, pescar, plantar, colher e caçar. Eles não eram escritos. As pessoas da comunidade já sabiam o período certo para exercer determinada prática, mas o estudo que desenvolvi me permitiu escrever esses calendários e exibi-los aqui, por meio do pôster”, explicou o estudante. 

 Estudante do mesmo curso, Maria Rosa Pantoja apresentou a pesquisa “Vivência com medicina tradicional, práticas vivenciadas diretamente nas comunidades tradicionais”. De acordo com ela, o trabalho “é uma forma de resistência para que se mantenha essa tradição das plantas utilizadas nas comunidades. Esses métodos são eficazes e estamos na luta para conseguirmos esse reconhecimento”, afirmou a estudante.

Durante o evento, os estudantes também contaram com um estande no Hangar para comercializar sementes de açaí, do buiuçu, do inajá, dos sabonetes de andiroba, do maracujá e de outros produtos feitos por eles com matéria-prima das comunidades em que vivem.

Oportunidade de articular – Responsável por articular a vinda de turmas da UFPA dos municípios de Anapu, Altamira e Uruará, o professor da Faculdade de Etnodiversidade do Campus de Altamira, Gustavo Moura, destacou a relevância do evento para os acadêmicos: “É importante que esses alunos façam contato com outros movimentos sociais, façam articulações, contato com possíveis parceiros para fazer pesquisas. Alguns deles apresentaram trabalhos, e isso é muito bom, pois eles estão sendo inseridos nesses diálogos  Intercientíficos do conhecimento tradicional que eles têm,  que são produzidos no cotidiano, e esse conhecimento científico, que é produzido na academia.”

O professor também aproveitou a oportunidade para lançar o livro intitulado Guerras nos Mares do Sul, o papel da Oceanografia na destruição de territórios tradicionais de pesca.

Para o oceanógrafo mexicano Nemer Narchi, o congresso é um momento de “trocar ideias que, às vezes, não são possíveis em outros eventos acadêmicos e compartilhar o conhecimento com vários estudantes, além de debater sobre autonomia, autogovernança e autodeterminação dos povos.”

Futuro – Em carta aberta publicada no dia 9 de agosto, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) anunciou que deverá diminuir, significativamente, seus investimentos em pesquisa durante o ano de 2019.  Mesmo com essa redução, muitos estudantes continuam trabalhando com pesquisa.

Para o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFPA, Hilton Silva, os pesquisadores não devem desanimar. A juventude e os novos pesquisadores que estão saindo ou entrando na universidade devem ter em mente que as lutas do passado não são menos duras do que as lutas do presente. Quando eu entrei na UFPA, não existia campi no interior, e eu fui uma das pessoas que trabalharam no Diretório Acadêmico  do Campus de Soure. Nós não tínhamos restaurante universitário, não tínhamos meia passagem, o momento era muito difícil e se pensava que essas conquistas não chegariam, porém foi graças à mobilização dos estudantes e da juventude que nós conseguimos muitas coisas.”

Sobre as conquistas, o professor ainda completou. “Hoje temos uma universidade muito mais ampla, os campi cada vez maiores, criando sua própria autonomia. Fazemos congressos como este, que envolveu cerca de  2 mil pessoas e mais de quarenta países sendo recebidos pela nossa instituição”, declarou o professor.

Texto: Giovane Silva – Assessoria de Comunicação do Campus Universitário da UFPA Marajó – Soure
Foto: Organização do Evento

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