Como o inconsciente de uma pessoa negra é afetado pela estrutura racista e discriminatória construída durante séculos no Brasil? Essa é a temática que será abordada na Aula Aberta a ser realizada no dia 29 de junho, às 15h, no auditório do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Pará (IFCH/UFPA), Campus Básico. O evento terá como base a obra A Cor do Inconsciente: significações do corpo negro, da psicanalista e escritora Isildinha Baptista Nogueira, a qual trata das marcas psicológicas de um corpo negro exposto a uma sociedade racista e une a psicanálise com as dimensões sociais e culturais do corpo negro brasileiro.
O conceito de inconsciente é abordado por Sigmund Freud desde o final do século XIX e trata de uma parte da mente criada das nossas experiências prévias de interação com o mundo e com o outro, que não é racional, mas atua de maneira estruturante em nossos desejos, memórias, impulsos, pensamentos e emoções. Em sua obra, Isildinha traz análises históricas, políticas, sociais e a psicanálise para apontar que a individualidade de indíviduos negros é afetada pelo sistema racista. Em razão disso, seria possível afirmar que o inconsciente tem cor, ainda que simbolicamente, sendo necessário desenvolver o debate sobre o tema para tratar do adoecimento psicológico de pessoas negras em razão do racismo.
“É necessário tratar das produções de adoecimento psíquico relativas ao racismo, caso contrário, estamos colonizando essas experiências de padecimento e redobrando a violência racista com um suposto gesto de cuidado. Neste sentido, a Universidade tem o papel fundamental e transformador, tanto das práticas profissionais quanto do próprio modelo de sociedade em todas as suas dimensões de atuação. É preciso que as ações afirmativas sejam desenvolvidas em ato também na pesquisa, no ensino e na extensão para que se siga debatendo e construindo ações antirracistas”, informa Marcio Belloc, professor do IFCH que está na organização do evento.
A Aula Aberta também contará com a presença da professora emérita da UFPA Zélia Amador de Deus, para compor o debate em torno da obra de Isildinha. Zélia é referência na construção de um debate antirracista nacional e internacional, com contribuições dentro da Universidade, em projetos de ensino, pesquisa e extensão, bem como na proposição de políticas públicas de cunho antirracista no Pará. O evento é aberto para toda a comunidade, não necessitando de inscrição prévia.
“O conhecimento e o saber devem ser construídos a partir das necessidades e potencialidades dos nossos territórios, tanto geográficos quanto existenciais. Não basta tratarmos teoricamente sobre o racismo, é preciso que construamos cotidiana e continuadamente uma Universidade antirracista”, lembra Marcio Belloc.
Serviço:
Aula Aberta A Cor do Inconsciente: significações do corpo negro
Data: 29 de junho
Hora: 15h
Local: Auditório do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Campus Básico
Texto: Jambu Freitas – Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Arte: Reprodução da obra