Exposição “Hierofania Amazônica” leva ancestralidade e o sagrado da Amazônia para as escolas paraenses

Apesar de ser um dos países de maior diversidade cultural no mundo, o Brasil ainda é marcado pela intolerância, sobretudo a religiosa, contra tradições de matriz africana e dos povos originários, não apenas na esfera individual, mas também na política de Estado. Com base nessa contradição, a Exposição “Hierofania Amazônica”, realizada pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade Federal do Pará (PPGArtes/UFPA), surgiu. 

“A ‘Hierofania Amazônica’ é uma exposição itinerante que investiga como o sagrado se manifesta, ou se revela, no cotidiano amazônico. A palavra ‘hierofania’, compreendida por Mircea Eliade como a aparição do sagrado no mundo, adquire aqui uma densidade particular. Ela transcende a dimensão religiosa institucionalizada e se inscreve nos gestos, rituais, saberes, objetos e visualidades produzidos por artistas amazônidas e pelas comunidades ribeirinhas e quilombolas com as quais estabelecemos diálogo.”, explica Ivone Xavier, professora da UFPA e uma das curadoras da exposição. 

Sobre a exposição – Instalada na Escola Nestor Nonato de Lima, em Belém, até o dia 11 de dezembro, a exposição convida o público a refletir sobre as muitas faces do sagrado no país, por meio de um conjunto heterogêneo de obras. Mosaicos, fotografias, pinturas, colagens, objetos de miriti e registros performativos articulam espiritualidade, ancestralidade e resistência, com o objetivo de valorizar o multiculturalismo brasileiro e denunciar a violência simbólica que insiste em silenciar crenças não hegemônicas.

“São imagens que evocam rezas, encantarias, rituais afro-indígenas, festas populares e experiências de cura”, acrescenta Ivone Xavier, que também é coordenadora do Projeto “Festas, Brincadeiras, Cortejos, Procissões e Atos Devocionais: Estudos sobre as Manifestações Populares na Amazônia”. Segundo a professora, levar exposições como esta para o ambiente escolar é, sobretudo, um gesto de formação sensível e cidadã, uma vez que as escolas são territórios fundamentais para o combate à intolerância religiosa. “A arte provoca perguntas, amplia horizontes e desperta pertencimento. Quando uma escola recebe uma exposição, ela também se transforma em espaço de museu, de cultura e de escuta, ampliando o repertório simbólico e crítico dos estudantes”, explica.

A exposição também reúne obras de artistas e colaboradoras com trajetórias significativas na cena paraense e nos diálogos entre espiritualidade e ancestralidade. Nomes como Raphael Andrade e Cris Rocha também assinam a curadoria da mostra. Luiz Langer, Eunice Franco, Madrilene Pantoja, João Cirilo, Denise Sá, Deia Lima, José Barros, Fernanda Maia, Anna Pantoja e Mestra Bel são os autores das obras expostas. 

Como exposição itinerante,  “Hierofania Amazônica” irá circular por escolas ribeirinhas, quilombolas e urbanas, além de instituições culturais e comunitárias. “Já estamos em diálogo com outras escolas e espaços para 2026. Trata-se, sobretudo, de um esforço para alcançar territórios que, muitas vezes, permanecem à margem do fomento público e das políticas culturais mais amplas”, conclui Ivone Xavier.

Iniciativa contemplada pela Lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal, por meio do Edital Aldir Blanc, a Exposição “Hierofania Amazônica” segue aberta para visitação na Escola Nestor Nonato de Lima, em Belém, até 11 de dezembro. A entrada é gratuita. 

Serviço:

Exposição “Hierofania Amazônica”

Local: EMEIF Nestor Nonato de Lima (Conj. Radional II, bairro Condor – Distrito Dagua)

Período para visitação:  27 de novembro de 2025 a 11 de dezembro de 2025

Aberto ao público, entrada gratuita

TEXTO: Gabriela Cardoso - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

FOTOS: Arquivo pessoal

Relação com os ODS da ONU:

ODS 4 - Educação de Qualidade

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