A flexibilização curricular foi discutida na mesa-redonda realizada na tarde da última terça-feira, 29, no Fórum de Graduação da Universidade Federal do Pará. O Reitor Emmanuel Zagury Tourinho e os professores Genylton Odilon Rêgo da Rocha, do Instituto de Ciências da Educação (ICED/UFPA), Claudia Maffini Griboski, da Universidade de Brasília (UnB), apresentaram percepções e propostas sobre o tema. O pró-reitor de Ensino de Graduação, professor Edmar Tavares da Costa, coordenou as atividades, no auditório José Vicente Miranda, do Instituto de Ciências Jurídias (ICJ/UFPA). Antes de inicar a sessão de trabalhos, o público, formado por professores e dirigentes das unidades acadêmicas, prestigiou apresentação cultural de estudantes da Escola de Teatro e Dança (ETDUFPA).

Diretrizes curriculares – O professor Genylton da Rocha contextualizou o debate a partir de três aspectos: seleção do conhecimento, organização e gestão do currículo. “Falar sobre flexibilização curricular requer discutirmos sobre os critérios que orientam a ordenação do conhecimento que as áreas construíram ao longo de sua formação”, disse. Para o docente, na contemporaneidade, o formato de oferta de disciplinas como única maneira de profissionalização discente precisa ser repensado. “Temos a tradição conteudista, de encher ao máximo o tempo dos alunos com informações passadas exclusivamente na sala de aula. Mesmo a oferta de disciplinas não garante a interdisciplinariedade, tampouco a flexibilização, pois mantém o conhecimento de forma isolada e fragmentada.”

O professor Genylton continuou sua análise sobre a flexibilização, em termos de que “é necessário tomar uma decisão técnico-política e, também, epistemológica sobre a flexibilização curricular, pois há diferentes formas de pensar o conhecimento”. E concluiu “É preciso, ainda, pensar em políticas de formação continuada, articulando a graduação, que é uma formação inicial, com a pós-graduação e com os cursos de aperfeiçoamento.”

Experiências – A professora Claudia Maffini Griboski compartilhou histórias que presenciou enquanto esteve no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e teve contato com diferentes projetos pedagógicos de cursos de graduação das universidades brasileiras. “A organização do projeto pedagógico dos cursos de graduação deve privilegiar o discente e possbilitar que cada um deles faça escolhas de acordo com a trajetória que deseja construir”, comentou. “Os professores não podem perder a autonomia de construir os projetos pedagógicos dos cursos apenas para atender às legilações vigentes.”

Uma das formas sugeridas pela professora Claudia Griboski para a flexibilização curricular consiste na valorização de experiências acadêmicas fora da sala de aula. “Os professores precisam se envolver no percurso formativo do aluno e isso não é uma opção, é a realidade atual que demanda essa mudança.” 

Propostas – O reitor Emmanuel Tourinho ressaltou a importância de alargar o universo de interlocutores dos alunos de graduação, possibilitando a interação com acadêmicos que desenvolvem atividades em diferentes áreas de conhecimento. "Com esse intuito, a UFPA pretende estimular as suas unidades para a adoção de currículos flexibilizados, permitindo que cada aluno escolha uma parte do seu percurso acadêmico, explorando todas as oportunidades oferecidas pela Universidade. A flexibilização, também, trará para as classes dos cursos flexibilizados discentes de outros cursos, enriquecendo o diálogo no ambiente de formação", afirmou o reitor.

Resolução – De acordo com o professor Edmar Costa, da Proeg, a flexibilização curricular na Universidade já é prevista nos documentos oficiais, no entanto, ainda de forma tímida. “A ideia é propor uma minuta de resolução que será apresentada às faculdades. Acreditamos que essa mudança nas práticas acadêmicas terá efeitos positivos na formação dos profissionais ao final da graduação”, afirmou.

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Texto: Thaís Braga – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Alexandre Iuri