No mês passado, nove pessoas foram diagnosticadas com doença de chagas em Belém, com contaminação proveniente da ingestão de açaí. O hospital universitário Barros Barreto (HUJBB), referência estadual no tratamento da doença, recebe cerca de 40 novos pacientes por mês. Por isso médicos da instituição hospitalar fazem alerta à população para a importância da prevenção dessa doença silenciosa que pode levar à morte.
O que é – A doença de chagas é uma doença infecciosa causada pelo protozoário Trypanossoma cruzi, presente nas fezes do barbeiro, e por outros pequenos mamíferos que também são vetores de transmissão da doença. "O principal sintoma é a febre prolongada por mais de sete dias, mal-estar, inchaço no rosto, dores de cabeça e pode evoluir para uma insuficiência cardíaca ainda na fase aguda", afirma a cardiologista Dilma Souza, coordenadora do Programa de Doença de Chagas do Barros Barreto e docente da Faculdade de Medicina da UFPA.
Segundo a médica, o diagnóstico precoce é um fator decisivo no tratamento da doença, pois as chances de cura do paciente são de 50 a 80 por cento. Portanto é importante atentar para o principal sintoma, que é a febre prolongada. "A doença de chagas muitas vezes se confunde com outras doenças, como a malária e a febre tifoide, logo é importante não descartar a possibilidade quando a febre se prolonga por mais de sete dias", afirma a médica. O tratamento é feito com o medicamento Benznidazol, distribuído pelo Ministério da Saúde para instituições que fazem parte do Sistema Único de Saúde (SUS).
Um dos principais meios de transmissão da doença é a incorreta higienização dos alimentos, então a médica alerta a importância de as pessoas higienizarem corretamente e saberem a procedência dos alimentos que estão consumindo, a fim de prevenir novos casos. Quanto ao açaí, alimento amplamente consumido na região, é essencial realizar o processo de branqueamento, que consiste em deixar os caroços do açaí de molho por trinta minutos em hipoclorito e, em seguida, jogar água quente (80°C) e depois água fria, para ocorrer o choque térmico.
Prevenção – Para reforçar a importância da prevenção nas escolas e nas instituições de Saúde, o Programa de Doença de Chagas desenvolveu o gibi "Turma Papa XIbé – Combatendo a Doença de Chagas", que explica de forma lúdica as principais características, o tratamento e a prevenção da doença. Para acessar a publicação, clique aqui.
Referência – Desde o início de suas atividades, em 2011, o Programa da Doença de Chagas do hospital universitário Barros Barreto alia ensino, pesquisa e extensão e já cadastrou cerca de 700 pacientes que realizam tratamento no hospital. Por mês, uma média de 80 pessoas são atendidas na instituição hospitalar. O programa também contribui para a formação de alunos do Programa de Residência em Cardiologia da UFPA, bem como de estudantes de graduação, os quais, junto com a prestação de serviço à população, também realizam estudos científicos sobre o tema. Atualmente, 15 pessoas fazem parte da equipe, sendo dez alunos da residência e da graduação e cinco docentes. Segundo a coordenadora Dilma Souza, o programa tem sido uma referência não apenas no atendimento, mas também na metodologia de ensino, atuando como modelo para outras instituições de Educação.
Sobre a Ebserh – Vinculada ao Ministério da Educação, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) atua na gestão de hospitais universitários federais. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.
A empresa, criada em dezembro de 2011, administra atualmente 40 hospitais e é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações em todas as unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh. O Complexo Hospitalar da UFPA integra a Rede Ebserh desde outubro de 2015.
Texto e foto: Paola Caracciolo – Ascom do Complexo Hospitalar da UFPA/Ebserh