Trabalhar a prevenção e a detecção de problemas na laringe foi o objetivo da triagem realizada no último dia 17 pelo Hospital Bettina Ferro de Souza (HUBFS). A ação fez parte da 21ª Campanha da Voz, promovida pela Academia Brasileira de Laringologia e Voz (ABLV) e pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF). Cerca de 90 pessoas procuraram o serviço. Setenta e uma tinham rouquidão persistente, dor prolongada na garganta, pigarros, dificuldade para engolir e outros sintomas relacionados com a saúde vocal e foram atendidos pelos profissionais e otorrinolaringologistas do Complexo. Destas, 11 foram encaminhadas ao ambulatório de laringe do HUBFS porque apresentaram indicativo de tumor ou de lesões benignas da laringe, necessitando de diagnóstico da causa e do tratamento especializado para a solução dessas patologias.
"Em um dia, registrar sete pacientes com suspeita de tumoração maligna nos assustou muito, porque são 10% dos 70 que de fato se encaixaram na campanha. Entendemos que a falta de informação, de acesso e o medo de ser diagnosticado com um problema mais sério na garganta elevaram esse número de pacientes, se compararmos ao que foi registrado na ação do ano passado", lamentou a coordenadora da campanha pelo Bettina Ferro, Gisele Koury. Ela conta que o fundamental é a prevenção das doenças que acometem a voz, porque, mesmo que seja algo sério, é possível chegar à cura.
Entre as pessoas atendidas estava a estudante Thayse Cristina, de 27 anos, que soube da ação e veio procurar atendimento. Há alguns meses, ela nota que a voz desaparece, e isso tem prejudicado a rotina dela nos estudos do curso de Licenciatura em Dança, em que é preciso usar a voz em algumas atividades musicais. "Às vezes, a voz some por quatro ou cinco dias, e isso me atrapalha muito. Também sinto uma dor forte na garganta, que vai até os ouvidos e até a cabeça, e acabo indo parar na emergência repetidas vezes. Por falta de recursos, nunca fiz o tratamento adequado, e como hoje houve esta campanha, vim em busca de um diagnóstico e do tratamento", diz a estudante.
O diagnóstico de Thayse pôde ser feito por meio do exame de videolaringoscopia, que é capaz de identificar lesões na laringe, sejam elas relacionadas com o uso da voz ou com alterações estruturais, tais como tumores. Assim como outros pacientes que apresentaram necessidade, após a triagem, a estudante foi encaminhada para avaliação com profissionais da Fonoaudiologia e, em seguida, realizou o exame. "O fonoaudiólogo é um profissional imprescindível na equipe que atende ao paciente com alterações na voz. O trabalho interdisciplinar com esses pacientes garante resultados de excelência na reabilitação e na qualidade de vida pessoal e profissional deles", afirma Gisele Koury. O Bettina Ferro é o único hospital público do Pará a realizar a videolaringoscopia pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Para a gerente de Atenção à Saúde do Bettina Ferro, Ana de Fátima Brito, a ação da Campanha da Voz é uma forma de facilitar o acesso da população ao hospital. "Somos referência no atendimento em Otorrinolaringologia, mas muitos precisam chegar até nós e não têm conseguido, por diversos motivos. Então a campanha permite que esse cidadão que não tem esse acesso possa estar conosco", afirma a gestora, que parabenizou o empenho da equipe da Unidade de Otorrinolaringologia pelo trabalho: "Temos uma equipe qualificada, que realiza um trabalho integrado e interprofissional, além da dedicação dos residentes, sempre muito preocupados com a população, a qual temos como responsabilidade assistir."
Campanha da Voz – Com o slogan "Afine a sua saúde, cuide da sua voz", a 21ª edição da Campanha da Voz é realizada em âmbito nacional, em alusão ao Dia Nacional da Voz. Desde 2005, o Bettina Ferro participa da mobilização realizando a triagem de pacientes, exames de laringoscopia e encaminhamento para o tratamento adequado na rede do SUS. Referência estadual em Otorrinolaringologia, a instituição oferece atendimento gratuito para pacientes da atenção básica que possuem encaminhamento do Departamento de Regulação (DERE) da Secretaria Municipal de Saúde.
Sobre a Rede Hospitalar Ebserh – O Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Pará, composto pelos Hospitais Universitários Bettina Ferro de Souza e João de Barros Barreto, faz parte da Rede Hospitalar Ebserh, desde novembro de 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Em virtude dessa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Hospitalar Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do País.
Texto e foto: Divulgação / Ebserh